O QUE ELES TÊM EM COMUM ?
Já Ouvimos por diversas vezes a
expressão, que toda felicidade tem um preço. Significa que quando buscamos
alcançar, às pressas, algo que achamos que irá nos trazer uma falsa sensação de
prazer, muito provável que nos traga também, como “pagamento”, uma sensação
amarga de arrependimento e lamentação, quando não apenas isso, ainda vir
acompanhado de uma dependência química ou alcoólica.
Postei esta semana no meu Twitter, que o
álcool é para preencher um espaço que ficou vazio dentro de nós, provavelmente
em decorrência do afastamento físico ou afetivo de alguém que tínhamos certa
predileção ou mesmo, amor e que drogas eram para substituir o vazio que
“outros” insistem em deixar, mesmo quando presentes.
Ambos, drogas e álcool, têm algo em
comum, quanto à inibir gradualmente nossa capacidade de tomar decisão ou mesmo,
iniciativa, o que resulta na constância praticamente desenfreada do vício ou
dependência em ambos os males. Nas
drogas existe um lapso de consciência durante a abstinência ou intervalo entre
a última e a próxima droga, mas que infelizmente é usada justamente para
procurar ou pensar no próximo consumo.
Já no álcool este lapso de consciência, praticamente
não existe, pois que o consumo da bebida é praticamente um impulso
inconsciente, razão por isso o alcoólico sempre acreditar que está no controle,
ainda que visivelmente, mostre o contrário.
Em ambos os vícios, os fatores que
alimentam a dependência, provavelmente vem de um fator único e específico, que
como uma granada, espalha estilhaço por todo lado, ou seja, interfere na autoestima,
comprometendo relações diversas, como sociais, profissionais, conjugais e
familiares, porém todos por causa de um único motivo e é justamente este único
motivo, o gatilho para continuar consumindo seus vícios, além, claro, do fator
químico. O motivo é a justificativa para
o vício, que é o que dá prazer.
Ao contrário do que muitos pensam, o
vício encontra respaldo para sua constância, enquanto o usuário tiver
argumentos próprios, amparados em experiências vividas, até o momento da
experiência ou do disparo da pré-disposição genética para o alcoolismo. A justificativa, quando não negativa (para
esquecer) é o próprio remorso ou sentimento de culpa, além do fato de achar que
nunca mais será aceito de novo. Essa
corrente de pensamento, geralmente se quebra quando é internado
involuntariamente.
Depois do tratamento (ou
desintoxicação), existe no ex-dependente o medo de voltar a consumir, porque
reconhece a enorme pressão que as drogas ainda fazem dentro de si. Este medo, muito provavelmente se dá em
decorrência de insegurança no ambiente familiar, quando severamente alterado em
razão da nova realidade, já que os familiares agora o veem como um problema e
não mais como à um filho, que carrega consigo um problema.
É essa mudança no paradigma da família
que gera toda insegurança, o que o torna extremamente fragilizado e quase
impotente, diante da pressão interna que sofre do resquício (ou fragmentos do
vício) da droga quando em cada nova pressão; sem que ele saiba, é pesado na balança as duas
pressões, ou seja, a droga de um lado e a insegurança do seu ambiente, do
outro. Poucas são as vezes em que o
ambiente familiar é que ganha essa batalha, razão de sempre haver as tão
frustradas e indesejadas recaídas.
Não importa o que se diga, família será
sempre algoz, direta ou indiretamente. A grande maioria dos jovens, hoje
usuário de drogas, carrega consigo um concepção à respeito da família ou de
algum de seus membros (em geral, negativa).
Quando tratamos um ex-dependente com arrogância, confirmamos nele ou
nela, tal concepção, desestabilizando seu emocional e sua motivação para o
tratamento.
Quanto menos orgulho, arrogância e pretensão de inocência, maiores as chances de
recuperação serem mais rápidas, eficazes e sem recaídas. Depois que acontece, ficar procurando
culpados, para esquivar-se da responsabilidade, é tempo perdido, porém é útil,
quando utilizado em pró do ex-dependente, como ? Se eu fosse um dependente em recuperação, não
iria aceitar, nesta fase, a presença de pessoas que por ventura não me desse
bem, antes do vício, o que também atrapalha o empenho na recuperação.
Ex-dependente não é mais usuário e sim
alguém que passou por uma experiência traumática (como alguém que bate com o
carro e sobrevive) e está se recuperando e nessa hora, o empenho dos familiares,
do jeito certo, é crucial. Boa sorte.
Amadeu Epifânio
Projeto Conscientizar – Viver bem é
Possível !
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