Vai sonhando !!!
Já
não é de hoje que os pais acreditam que os pequenos são inocentes e ingênuos e
negligenciam até mesmo a presença deles, independente do que estiverem fazendo,
como discussões em família ou “brincadeiras” na cama, entre outros. De uns tempos pra cá, a patente da
ingenuidade foi trocando de mãos, sem que ninguém percebesse, graças à
descoberta inusitada de um novo elemento.
O inconsciente. Elemento esse
descoberto por Sigmund Freud.
Estes
inconscientes são responsáveis por administrar toda sorte de informação que fetos
e bebês (nascidos) recebem do ambiente (assim como nós). Enquanto ainda feto ou
de primeiro ou segundo ano de vida, apenas um (1) inconsciente (O Id), age
sobre o pequeno corpo que o abriga, enquanto o Ego espera pacientemente o
momento de entrar em cena, tão logo a criança começa a receber sua
formação. Supostamente, ambos
inconscientes têm acervos distintos, onde guardam seus respectivos conteúdos
adquiridos.
Por ser ainda tão frágeis, o feto não consegue evitar perceber sensações e (após
nascido), o bebê não consegue evitar receber o acúmulo de informações, advindas
do ambiente do lar (incluindo T V) ou da rua, quando em passeio. É de se
esperar que o inconsciente Id absorva toda essa informação em seu acervo e à
seu favor, para utilizá-lo quando preciso, para responder aos diversos
estímulos recebidos nos três primeiros anos de idade (inicialmente) e,
posteriormente no decorrer da vida.
Este
inconsciente Id, não conta com uma maturidade muito superior ao do corpo que o
abriga, nesses primeiros anos de vida, o que exigirá dos pais, atenção
redobrada sobre o feto, na gestação e, não menos relevante, sua fragilidade depois
de nascido. Ambos os períodos são
vulneráveis à riscos que podem macular sua integridade emotiva se passar por experiências
que ultrapassam sua tolerância sensitiva, associadas aos sentidos de percepção. Até aqui, muita informação já foi absorvida,
através desses sentidos, fazendo agora, parte do acervo.
É
facultado do Id, o dever de proteger o pequeno corpo, buscando promover (o máximo
que puder), o equilíbrio psíquico do mesmo, para controlá-lo, muito embora em
idade e tamanho tão pequeno, tal tarefa torna-se um tanto difícil. Mesmo assim ainda persiste, porque sabe que
quando o corpo crescer, sua dificuldade será ainda maior, pois que encontrará
resistência em peso, tão logo o Ego começar a “trabalhar”. Até lá, o céu será o limite na utilização do
seu acervo sobre o pequeno ser. Isso nos
levará às perguntas (muitas delas ainda sem resposta), sobre como o bebê é
capaz de fazer coisas (proezas) que até Deus duvida, como escalar berço ou
fugir dele, entre outras.
Isso
geralmente acontece porque o Id, por não ter muita maturidade, não pressente
perigo nem mede consequências, quando para usar o corpo à seu favor. É como uma criança influenciando outra à
fazer arte, sem remorso. Isso explica a
necessidade de maior atenção, assistência e proteção, por parte dos pais e
cuidadores, sobre os pequenos. Explica
também o fato deles não serem tão ingênuos quanto os pais acreditavam
inicialmente, pois que o Id está sempre alerta ao que acontece ao seu redor (da
criança), agindo de acordo com os estímulos, criando desde cedo, uma
resistência na educação que se pretende dar.
Será preciso lembrar disso, na hora de educar os filhos. Saber que briga, gritos e punição acabam
sendo faca de dois gumes, que farão parte do acervo do Id, para serem
oportunamente usados, pela criança.
A
melhor forma de educar os filhos, é enriquecer o acervo do Ego (que é maduro e
racional), uma vez que, este é quem terá prioridade em fornecer as respostas ao
filho, com o conteúdo que tiver em seu acervo. Isso pode ser feito com mais empatia, diálogo,
barganha, sugerir raciocinar sobre atitudes que tem e falar de “Papai do céu”
sempre que possível. Atitudes afetivas,
experiências positivas que geram boas lembranças, são superpositivos, pois
ajudarão à amenizar tristezas, quando surgirem.
Fazer parte da vida deles, não deixar que se sintam abandonados quando
mais necessitam dos pais. O Ego
consultará seu acervo (superego) sempre que se fizer necessário, antes que seja
dado ao Id a tarefa de “ajudar” o próprio corpo.
Lembrem-se
que, birras, crises de choro, de raiva, são recursos do Id, indicando que o
acervo do Ego anda “vazio”, precisando ser preenchido e que as atitudes das
crianças sempre irão servir de termômetro, para sabermos o quanto anda de
formação, instrução, valores e princípios. Não esquecer que brigar e punir com
castigo, contribui para problemas tanto emocionais quanto psicológicos quando
crescidos, como depressão, ansiedade, pânico, alcoolismo e drogas. Problemas de natureza psiquiátrica, também
são consequências de uma convivência austera.
“Não deverão gerar filhos quem não quer
dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los.” (Platão)
Professor
Amadeu Epifânio – Psicanalista Cognitivo – PROJETO VIVA+
https://lnkd.in/dMh57Qs