Projeto VIVA +

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

BIRRAS E REBELDIA NÃO SÃO GRATUITAS !



SÃO CONSTITUÍDAS PELO ORGULHO.



Não importa a idade que os filhos tenham.  Sempre serão nossas crianças. E justamente por essa razão, o zelo pelo psicoemocional deles, faz-se necessário, desde a notícia da gravidez, pois que o estado psíquico, físico e emocional da gestante, é muito importante e também relevante, para o bom desenvolvimento do feto, em qualquer momento da gravidez.  Também na fase uterina (pós-formado), é grande a possibilidade do feto vir à constituir transtornos, como ansiedade, esquizofrenia, autismo (entre outros), caso não seja relevado a condição e fragilidade do feto, na sua primeira fase de vida.

Para que se tenha um crescimento salutar (também no discernimento), é mister contribuir para que a criança já vá treinando exercer o raciocínio, à cerca do que acontece à sua volta pois que, criança está sempre irritada, não por estar sendo provocada de alguma forma mas, por apenas absorver e não compreender a razão e o que se passa.   Crianças idealizam (para elas) um mundo perfeito e qualquer situação que saia do “contexto”, gera uma enorme frustração, cuja a sensação resultante ficará gravado em seu inconsciente, podendo (ou não) vir à influenciar suas ações, à depender do seu ambiente e vivência, principalmente nos primeiros 3 anos de vida.

Toda nossa história de vida (desde a gestação), está inserido dentro de nós, como num HD, com uma enorme quantidade de memórias e informações.  Quando uma criança volta à brincar, depois de ter brigado, recebido uma bronca ou ser posta de castigo, não significa dizer que ela esqueceu o ocorrido, nem tão pouco a causa. Tais memórias estão “armazenadas” e local específico da mente (nossas caixas pretas, lembram-se ?), podendo se tornar latentes ou “enterradas” para o resto da vida.  Se as mesmas vierem à interferir, muito provavelmente será em momentos de elevado consumo de álcool ou por adicção de drogas, como cocaína por exemplo.  Nesses casos, a memória traumática influencia e a pessoa procura o álcool ou a droga para esquecê-la. É este o processo que move a dependência de ambos.

Mas drogas e álcool, não são os únicos fatores à causar problemas, na relação entre pais e filhos.   A falta de entrosamento e de afetividade são, também, fatores que afastam à ambos e que, a falta de jogo de cintura ou de humildade (em admitir os erros), cujo os quais poderiam colocar a relação nos eixos de novo, simplesmente não existe, seja por orgulho, seja pela cultura de sua árvore genealógica, cujos princípios se baseiam em austeridade como forma de manter a disciplina (mas não a relação afetiva).  Nos anos 60 ou 50, isso ainda era admissível, porque era comum à muitas famílias. 

Nas gerações presentes, onde o tipo de relação que se tem com os pais, é inconscientemente e involuntariamente comparado com os de outras famílias, essa forma arcaica de disciplina é posta em cheque (e mate, diga-se de passagem).  Obrigatoriamente, o diálogo é o recurso que devia substituir tal postura.  O problema é que também não foi muito trabalhado nas últimas gerações, para que agora pudesse ser uma alternativa comum, para tratos e reconciliações.  Diálogo não significa apenas sentar e fumar um cachimbo da paz e ficar tudo bem.  Dialogar significa perceber no outro, as razões que colocaram em cheque, a relação entre pais e os filhos, pois somente desta forma, é que ambos poderão descobrir, o que o orgulho consumiu de ambos, à ponto de mal se falarem ou nem se virem, se caso se cruzarem, ainda que dentro da própria casa.  E pensar que ainda tem os que se conformam.

E Pensar também que o orgulho pode ainda, estar mantendo muitos filhos em cracolândias, tendo de recorrer à “veneno” para tentar esquecer (por poucos minutos), da falta que lhe faz os pais e que, por estupidez, o mantém em um Umbral (visão espírita) só que terreno e visível. E olha que não é da noite pro dia, pra que isso ocorra.  É preciso uma insistência de posturas erradas, inadequadas e inapropriadas, para que aconteça e, depois de feito (de se estar vivendo de drogas), mais parece que não há mais o que fazer.

O grande problema da dependência (tanto química quanto alcoólica), é que se pensa apenas na desintoxicação, para acreditar que está curado.  Se desintoxicar é apenas a primeira fase desse processo pois, que é preciso ainda, expurgar a causa que o tornou dependente, que só se resolverá com terapia.  Se isso não for feito, mesmo após anos sem consumir à ambos, um simples contato pode fazer ressurgir o pesadelo, tudo outra vez.  Fazendo terapia, esse risco se extingue se, a terapia for bem sucedida.

Não são só as drogas que estragam uma relação familiar. Individualidade, omissão, negligência, indiferença, podem causar estragos que, se não forem sanados em tempo hábil, mais difícil ainda será, repor o casamento e os filhos, nos trilhos outra vez.  Não existe vida perfeita, sabemos disso.  O que existe é a perfeição que cada família cria para si e mesmo assim, dificultam em mantê-la.  É nesta instabilidade que habita a insegurança emocional dos filhos, que já questionam seu “amanhã”.  

À depender da idade e do seu entendimento, cada idade reagirá à esta instabilidade, de uma forma específica e, dependerá mais ainda dos pais, ter o jogo de cintura necessário, para entender que a birra infantil e rebeldia juvenil, tem a mesma causa e se, não for tratado com o diálogo que merece, as consequências também não ficarão muito distante, daqueles que já passaram por isso e ainda aguardam por uma definição, perambulando pelas madrugadas ou numa cracolândia ou em delinquências.

Claro que para isso ocorrer, deve haver um caráter progressivo. Tudo começa com uma bola pequena, que vai aumentando à medida que o orgulho, o machismo ou autoridade materna se mantém (ou piora), na medida que os filhos pioram.  Uma queda de braço em que todos perdem, não há vencedores nem vitórias, apenas membros (da família) abatidos, ainda que não admitam e lavam as mãos sem remorso.  

Aqui, se o “leite se derrama”, não se vive com o leite derramado, se tenta recolhê-lo e acolhê-lo.  A Partilha familiar é uma coisa sagrada. Antes de serem pais, são tutores (espirituais), protegendo e tutelando os que ainda estão iniciando em sua jornada, devendo ensiná-los à entender a razão da vida e suas adversidades.

Quando se perde como pai (ou mãe), se perde ainda mais como tutor, sendo uma lição que deverá se repetir (reencarnar), até que adquira a arte de ensinar e a missão de preparar os que se iniciam.

Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista

              



terça-feira, 12 de novembro de 2019

DEPRESSÃO (E OUTROS TRANSTORNOS).



PORQUE SENTIMOS SENSAÇÕES FORTES E ESTRANHAS ?



A Psicanálise lida sempre com o passado, desde a formação fetal até os 3 ou 5 anos de idade (à depender do grau de entendimento da criança), para extrair traumas presos no reprimido (nossa caixa preta das experiências emocionais). Essas experiências, dependendo do tipo, intensidade e quantidade aritmética, influenciam em nossa vida e é dever do nosso inconsciente, nos ajudar à lidar com essas experiências, cujas quais não compreendemos e sofremos, não por termos o transtorno, mas por não o entendermos.

A depressão pode ser resultado de uma decepção com uma pessoa querida ou pela perda de um ente, cujo significado era imensurável.  Quando se trata de transtorno (qualquer um deles) estamos nos referindo à sofrimento infantil, que não precisa ser grande para ser grave.  Uma sombra na parede já pode assustar uma criança no meio da noite e sua sensação de medo (por não compreender), é  gravada e guardada pelo inconsciente, para mais tarde ser-nos relembrado, como quem diz: "Foi isso que te aconteceu lá atrás".  Mas como se trata apenas da sensação que a criança experimentou, fica difícil depois, como adultos, compreendermos.

A primeira coisa à fazer (para quem tem algum tipo de transtorno), como depressão por exemplo, é pensar que a sensação forte e estranha que sente, é procedente da sua infância, que teve uma experiência que gerou a sensação, que você sente agora. O corpo adulto amplifica essa sensação que, por não compreender, se transforma em dor.   Faça um retrospecto, sozinho ou pergunte à familiares, se houve algum fato na sua infância (de até 5 anos de idade), que tenha lhe causado dor, aborrecimento, irritação, frustração, decepção, medo, pavor, etc.  Não se preocupe se caso ninguém lembrar de nada.

Lembre-se que uma criança de até 3 anos, não sabe interpretar essas sensações. Este é o trabalho do Psicanalista, entender (não a nossa narrativa adulta), mas a da nossa criança, em forma de fantasia (que é o entendimento dela se expressar).  Ao Psicanalista cabe interpretar essas fantasias, até que chegue ao ponto do fato que realmente aconteceu. Por hora, pense que está revivendo a sensação de sua criança e que o que sente é de uma incapacidade, mais dela que sua, de entender e que, você está apenas reproduzindo essa sensação. Mais nada.

É bom que saiba que, assim como uma criança que faz uma arte, se esconde, é natural que tente abandonar o tratamento.  Mas isso será um desejo inconsciente do seu lado criança e não você.  O que significa que pode se estar chegando perto da causa da sua depressão.  O Psicanalista não pode obrigá-lo à manter-se no tratamento.  Você é quem deve decidir manter-se.

Para qualquer transtorno, o raciocínio é o mesmo, diferenciando-se da idade em que se deu o evento, o tipo, a intensidade e o ambiente de vivência (que pode “alimentar” ou aliviar os sintomas).  Quando sente os sintomas e crises, na verdade está revivendo o momento.   Veja, este evento ocorreu em um certo lugar, que vamos chamar de cenário.  Neste cenário, que pode ser sua casa, quarto, área de serviço, ou um parque e nele existem pessoas, seus vestuários, modo de falar, de se expressar, os objetos deste ambiente, se na rua os carros, pessoas, ônibus, charretes, etc.  O que quer que tenha ocorrido, foi no passado, portanto, existe um bom lapso de tempo, entre aquela idade e à de hoje.  A condição mínima para que se tenha um transtorno, é não ter a menor ideia do que houve, nem as circunstâncias (ou não seria transtorno).

Quando hoje, nos tempos presentes, seu inconsciente identifica algo que se assemelha à qualquer item do cenário passado, os sintomas emergem, que se transforma em crises.  Quanto mais distanciado são as crises, mais restrito é o lugar em que ocorreu o evento, como um cômodo dentro da casa.  Quanto mais curto são as crises, mais “aberto” é o cenário, como rua, uma festa infantil, o pátio da escola, etc.   É importante que se registre essas crises, que se anote num caderno ou diário, tudo que houver em volta, durante a crise de sintomas.  O local onde está, as pessoas com quem está, as roupas que você e elas estavam usando, o bairro, o tempo lá fora, enfim, o máximo de informações que puder coletar, será de grande valia.  Porque ?  Chegará uma hora que algumas dessas informações, começarão à se repetir, o que poderá indicar que o psicanalista está chegando perto do momento que gerou o transtorno.

Não esqueça que, no passado, estando com uma idade entre 3 a 5 anos (ou ainda no útero materno e formado), os fatores que podem perturbar uma criança, não precisam ser de natureza tão grave ou tão assustadora (exceto se não, para o pequeno entendimento de um bebê).  Isso significa que, as sensações que o perturbam hoje, provém da mente ingênua de uma criança, que fantasia tudo que vê.  Em tese, estamos sofrendo por causa da fantasia de uma criança.

São essas fantasias que o Psicanalista deverá interpretar, para descobrir o que de fato ocorreu.   Claro, não será da noite pro dia.  O Psicanalista não irá se basear no seu relato adulto, mas na versão de sua criança e na forma dela se expressar.  Como ele fará isso, depende da abordagem de cada profissional.  O importante é deixar a mente livre, sem escolher o que acha que deve dizer.  A gente não chega no médico dizendo o problema que tem.  A gente diz o que sente e o médico é quem diz o que temos rsrs.

Lembre-se que não sofremos pelos problemas que temos, mas por não entendê-los (ainda).  Quando começar a entender, a intensidade do que sente diminuirá progressivamente, até a sua extinção definitiva.  Até lá, compete ao psiquiatra, a prescrição da medicação, que deverá conter os sintomas e as crises.   Você tem uma ocupação, um trabalho, uma atividade, que lhe prende algumas horas do dia.  Diga para o psiquiatra programar a dosagem, para fazer efeito neste período de tempo.  Explique para ele, o que mais o(a) atrapalha em desenvolver as tarefas, se concentração, distração, medo, insegurança, foco, enfim, que o remédio deverá ajudar à neutralizar esses efeitos.  Tenha seu bem estar por meta, não se torne uma cobaia de laboratório, exija do psiquiatra uma medicação que funcione para o seu caso e o tempo necessário.

Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.

               
   P.S.:  Não deixem de comentar, o debate enriquece o nosso trabalho.



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

PSICOPATIA NÃO É GRIFF !



MAS É MUITO FÁCIL “VESTIR” !


Existe uma forte associação do termo psicopata com personagens cruéis de filmes ou com pessoas ruins que, vira e mexe cruzamos (ou convivemos) com elas.  Mas deixa eu lembrar-lhes de um fato curioso: Psicopata não é uma pessoa e sim, o estado em que ela se encontra e se manifesta (independente da idade que tenha).  Nem toda pessoa ruim é psicopata, tal como existem pessoas boas, que vez em quando, tem um acesso de raiva e fere alguém, tanto verbalmente, quanto fisicamente.

A Psicopatia é feito uma veste, que serve “sob medida” para alguns.  São pessoas que gostam de “perseguir” os outros, com sadismo, maldade ou crueldade. Toda postura doentia de um psicopata, não passa de uma “distração” para desviar o foco dos outros, para não perceberem o seu medo.  Sim, cada um de nós alimenta e protege os medos que carrega, sendo que alguns chegam ao extremo, para proteger seu medo e ainda usar sua maldade como prazer inconsciente, para conter o desprazer que carrega dentro de si.

Um Psicopata carrega seu medo, protegendo-o das mais variadas “formas”, enquanto que a sociedade à alimenta, apenas por existir.  Eu explico.  Quando uma pessoa sofre um trauma, isso acontece sob um cenário, que pode ser o quarto, área, um parque ou qualquer parte que reúna todo um cenário, como pessoas, objetos, vestes, monumentos, o jeito de uma pessoa se expressar, enfim, uma infinidade de opções, que irá gerar também, um leque inimaginável de “gatilhos psicológicos”, que sempre que uma parte deste cenário, surgir num momento presente, a sensação do trauma se desencadeará e com ele as lembranças, que apenas seu inconsciente conhece e que o corpo nem desconfia do que está ocorrendo ou, que não poderá controlar seus atos, enquanto a crise existir.

Uma atitude psicopata pode ser cometida por qualquer pessoa, desde que preencha todos os requisitos que o enquadre em tal condição (o que, cá pra nós, é bastante difícil).  Isso porque deve existir uma continuidade persistente, porque o problema do psicopata não são as pessoas (que por ventura tenha lhe causado algum mal), mas sim o que elas fizeram, o mal que fazem à outras pessoas, aos animais, à natureza, enfim, onde houver uma pessoa ruim e, se caso tenha por perto um psicopata, pode apostar que estará na mira deste.

Psicopatia é condição psicopatológica de um ser humano (e não ele em si).

Sanidade mental é algo que pode sofrer perturbações, alterando sua forma de ver o mundo ao seu redor, como uma forma inconsciente de se auto-proteger-se, até que este mesmo mundo, torne-se um lugar seguro e estável, que convença seu inconsciente à liberar o corpo à retomar a consciência racional, tendo como base, o restabelecimento do “seu mundo”.  Qualquer pessoa pode ter sua sanidade alterada se, for submetido à grandes pressões psicoemocionais, breve ou contínua, obrigando o inconsciente à protegê-lo.

Com relação à Psicopatia, esse processo não existe, exceto senão, o inverso, ou seja, a forma errada de ser é o prazer que contém o desprazer do trauma sofrido.  Caso se tornasse uma pessoa de bem, seus traumas o perturbariam de forma dolorosa, como uma forma de abstinência do perfil ruim.  O jeito ruim de uma pessoa (ou de um psicopata) consiste em dois propósitos, os quais nem os conhece.  O primeiro é o de prevenir que a vida não é um mar de rosas e que existem adversidades à superar.  O segundo propósito é que, qualquer filho pode tornar-se um ser ruim, se os pais continuarem sendo omisso e negligente com eles.

Os males do mundo não existem por si só, eles fazem parte do nosso processo de amadurecimento, crescimento e de evolução espiritual.  Pedras não são colocadas à nossa frente, para que tropecemos mas, para que saibamos contorná-las.  Se não soubermos o que fazer com a veste (nosso corpo) que recebemos para viver, crescer e evoluir, será como ter um carro sofisticado, o qual não conseguirás nem dirigi-lo, por não saber como ligá-lo.   E não espere que sempre haverá alguém para ensiná-lo porém, deve sempre aproveitar as chances para aprender, quando alguém surgir para ajudá-lo.

A Psicopatia é uma “veste”, como já disse.  Se tentar vesti-lo e “não conseguir”, ficarás irritado e descontarás nos outros (imagine então, se ela lhe cair bem).  Quem faz nossas escolhas é o inconsciente, mas podemos sugerir o “estilo”, da forma de vida, ambiente e conhecimento, cujas “medidas” servirão para traçar o que iremos vestir para exibir, servindo aos demais, para “gerar moda” e fazer da passarela da vida, um lugar mais humano e pacífico, sem lugar para vestes desiguais (gente ruim) que tentam mostrar o inverso do que realmente queremos “vestir”.

Existem graus de transtornos, mais ou menos severos.  Existem graus diferentes de maldade, mais ou menos severos.  A Psicopatia é um grau severo, em que quase nunca há remorso nem arrependimento, porque está sempre sob o comando de um inconsciente imaturo (o mesmo que nos ordena à agir de forma ofensiva em hora errada).  O que difere, no entanto, é o que tem guardado em seu reprimido que, por ser natureza forte, incisiva e tensa, quase não age de forma racional ou conscientemente equilibrado.  Pelo contrário, está sempre “maquinando” o próximo passo. 

Cuidado, como a sociedade tem o velho hábito de generalizar tudo, mesmo os gestos que não se enquadram na psicopatia, podem acabar merecendo a mesma fama.


Professor Amadeu Epifânio
Psicanalista Cognitivo.