UM OLHAR PSICANALÍTICO ALÉM DO FORENSE.
Ultimamente assisti algumas séries policiais, sobre mistérios
que predominam, em mortes e desaparecimentos e a respectiva dificuldade em
compreender a forma que acontecem e a falta ou insuficiência de fatos, as quais
poderiam levar tanto à pistas quanto a conclusão do caso. Obviamente a vida sempre imita a arte, de
forma não ser difícil encontrar situações semelhantes, na vida real.
Vivo afirmando, em artigos e agora também em vídeos (gravados
por mim), que nada acontece por acaso, que em tudo existe uma razão específica
para ocorrer. São motivações que muitas
vezes um suspeito, ou não sabe explicar ou mente para esconder uma verdade (em
forma de medo), que mesmo ele não sabe a origem da existência, ainda que tenha
sido forte o bastante para incitá-lo em cometer um assassinato.
Quando nos referimos ao termo “misterioso”, obviamente não
estamos nos referindo à crimes comuns, onde corpos são abandonados em locais
fáceis de se achar. Não. Estamos falando de corpos (ou de pessoas)
desaparecidas (pelo menos até hoje não encontradas) ou, se encontradas, estavam provavelmente em condições que vão além da compreensão humana. Crianças, idosos, mulheres, jovens, pessoas
cuja reputação não lhe pesasse nenhuma mácula, que justificasse a forma como
corpo foi achado ou jamais encontrado.
Nesses casos, o maior de todos os mistérios, não reside sobre a
vítima em si, mas na falta de informações de pessoas que conheciam a vítima,
que conviveram ou tiveram algum tipo de contato ou cumplicidade. É como se de repente a vítima nunca tivesse existido ou que já se fizessem anos desaparecido (a)
e cujas lembranças vão se esvaindo da mente, até não restar mais nada que possa
ser dito. Em casos como esses, na grande
maioria das vezes, o caso é lamentavelmente arquivado.
O que deixamos escapar? Questionam-se
os peritos forenses, não entendendo como um possível crime não pôde ser
resolvido ou pelo menos esclarecido, independente ou não de achado o corpo ou
qualquer vestígio que pudesse colocar qualquer pessoa, como possível
suspeito. Mas e se a verdade não quisesse
ser encontrada? Com um propósito desses,
não seria tão difícil esconder a verdade, sem contar que seria bem mais
convincente negar qualquer envolvimento. Estou falando do que está “escondido sob nossa consciência” em nossos
inconscientes e cujo conteúdo pode ser capaz, tanto de mentir quanto praticar
algum tipo de crime hediondo.
Não manipulamos os inconscientes, pelo contrário, são eles à nos
governar, de forma alternada, dependendo da condição tanto psicoemocional quanto
cultural para nos fazer agir. O processo
aritmético desses dois fatores (quando provocados ou revividos), podem ser
capazes de fazer coisas incompreensíveis ao entendimento humano. Contudo, ainda que uma pessoa consiga
esconder qualquer ligação com um possível envolvimento delituoso, o corpo e
suas atitudes podem vir a denunciar tal mentira, aos olhos de um bom
psicanalista e também excelente observador.
É a falta desse profissional que pode arquivar um caso, por falta de um
suspeito ou de provas (ou os dois).
Resumindo, informações que faltam para possível elucidação de um
crime ou desaparecimento, podem não estar emergente, mas submersos e bem
protegidos por seus respectivos inconscientes (à depender de cada situação e
condição). Quando a língua se cala, o
corpo é quem fala. O problema é que este
ainda, não foi devidamente “interrogado”.
Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz
consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede pra fazer. (Fernando Pessoa)
Professor Amadeu Epifânio – Pesquisador/Psicanalista Cognitivo.
PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL Influência Pregressa em Respostas Emocionais