INDIFERENÇA
COM O PRESENTE, NEGLIGÊNCIA COM O FUTURO.
Toda fase adolescente
costuma ser confirmação de conceitos adquiridos na juventude, que por sua vez,
trás consigo, as marcas, traumas (ou estabilidade), adquiridas e vivenciadas na
infância, juntamente com problemas médicos ou experiências sensitivas, vividas
no útero, antes e depois de formado.
Vivemos de estímulos,
adquiridos ao longo da vida, alguns marcam (outros nem tanto). Estes estímulos
se fundem com todos os outros, sempre presentes em cada ambiente em que
estamos, dando-nos a falsa pretensão de estarmos sempre no controle da nossa
vida e principalmente, de ter controle sobre outras pessoas ou de situações. O medo é o principal estímulo que nos move,
pois vivemos para proteger e alimentar os medos que temos (todos de natureza
inconsciente, fora os que acreditamos ser).
Como são raros os momentos
em que “de fato”, podemos nos orgulhar de controlar alguma coisa, melhor aproveitar
para aprimorarmos a percepção, para calibrar os conceitos que criamos,
especialmente em torno de outros, para não cometer erros grotescos de julgamentos
infundados, de natureza genérica.
Passe este princípio à
crianças, para que, quando jovens e adolescentes, não herdem e proliferem os
defeitos dos pais. Este texto faz
referência ao erro comum, que não se deve julgar nada ou ninguém, apenas pelo o
que se vê, mas que se deve apurar com profundidade os fatos, não apenas para
descobrirmos razões ou causas, mas permitir a contínua e ininterrupta arte de
raciocinar e aprender.
Do “Pó” viemos e ao mesmo,
voltaremos, isto porque, passaremos nossa vida inteira, sem entendermos à nós
mesmos. Que dirá os outros! Que dirá os filhos! Olhem à sua volta e vejam o caos que se
instalou, vejam quantas pessoas estão tirando a vida de outras, por motivações
cada vez mais banais. Quando antes
bastava apenas um diálogo que, fosse para reconciliar ou mesmo aceitar uma
separação, hoje está se resolvendo da pior forma possível. São pessoas encarando o valor do “bem” que
possui, no poder que se tem sobre o outro e, no medo de perder (pra variar).
Se devemos de ser bons, para
sermos modelo perante os filhos, devemos também lhes ensinar a arte do
exercício do raciocínio, sempre que lhe for necessário julgar, para termos esperança
em um futuro mais promissor, sem tanta ignorância e morte. O tempo é curto e as oportunidades são raras,
de forma que não devemos perder mais tempo, só para educar, mas passar aos
filhos, princípios que lhe servirão em qualquer situação que esteja e que lhes
permita tomar sempre, a decisão que for a mais racional e apropriada ao momento
que atravessa. Por exemplo, serem
verdadeiramente justos (indiferente ao conceito que os demais possam fazer à
respeito).
Pareço dramático ? Olhem à sua volta, veja as manchetes. Não obrigue os filhos à serem somente,
pessoas de bem, mas faça com que eles vejam neste princípio, a condição
intrínsica para uma vida (e quem sabe, sobrevivência) mais segura. Devemos nos
perguntar: O que está se criando em casa hoje ? Feminicistas? terroristas
? fanáticos ? gananciosos ? Quando criaremos jovens capazes de lidar com
seus próprios conflitos ? Devemos criar
filhos sãos, para que possam proteger a continuidade da vida (em vez de se
revoltar, destruir ou matar, por não aceitar um “não” como resposta).
Vivemos numa zona de
conforto, em que não precisamos “nos mexer muito” para ensinar os filhos, por
acreditar que podem se virar sozinhos porém, ninguém se pergunta o quanto de
“lixo cultural” adquirem quando estão sós.
Quanto de influência adquirem, de formas mais variadas, como deixar uma
TV ligada o dia inteiro ? quantos não sofrem indiferença, omissão, negligência,
passividade, violência, abuso, Bulliyng, separações, óbitos, entre vários
outros ? Tudo isso, desde a infância,
contamina as perspectivas, criando doenças psicológicas ou psiquiátricas,
quando não, suicídio.
Com a falência de todas as
instituições, como política, justiça, “poder executivo”, família, igrejas,
religiões, corrupção em vários órgãos governamentais, descaso com a população, (in)segurança
pública agindo como nos tempos do faroeste, matando em vez de só intimidar. O problema é que os bandidos aprenderam o
mesmo princípio, e com mais eficiência. É sob esse prisma de instabilidade, que
estamos tentando preparar os filhos pra vida, ou seja, falando de futuro,
enquanto o presente ainda, é algo incerto.
Se desejamos um futuro
promissor e produtivo para os filhos, o trabalho começa bem antes, basicamente
desde a gestação, pois que, qualquer problema nesta fase, pode levar
insegurança para a vida toda. Na
primeira infância, que vai até os 3(três) anos de idade (cinco, dependendo), é
uma fase de muita vulnerabilidade para a criança. Como não tem ainda, a percepção necessária
para entender tudo que se passa consigo e ao seu redor, o grau de perplexidade
aumenta e muitas sensações são gravadas pelo inconsciente e mais tarde
repetidas insistentemente, para que possam ser entendidas e extintas. Como não
conseguem entender, mais um problema nas costas dos jovens e adolescentes,
comprometendo e muito, sua capacidade laborativa.
Olhe ao seu redor e pense
muito, antes de pôr mais um filho no mundo. Vocês não viverão no meio do
deserto (pra que eles não sofram influência externa à de vocês). Pelo contrário, eles receberão mais
influências do mundo lá fora, do que de vocês e, como vocês estarão muito
ocupados e atarefados, não acompanharão o desenvolvimento deles. Não se trata apenas do que ele terão de
enfrentar “lá fora” um dia, mas que vocês (pais), não terão capacidade e
tempo, para criá-lo, educá-lo, ensiná-lo, prepará-lo e o mais importante, fazer
com que eles passem a primeira fase da vida deles (da gestação aos 3 anos) sem
vir à constituir nenhum tipo de transtorno psiquiátrico. Isso porque, além de serem constituídos “dentro
de casa”, vocês ainda irão julgar seus comportamentos, crises, sintomas e
pensamentos suicidas. Tem muita gente
ainda por aí, lavando as mãos (sem alvejante) e se julgando o máximo.
De nada resolve, querer
tirar as pedras, do caminho dos filhos.
Melhor que o ensinemos à
escolher quais tirar e quais passar por cima.
Bom pra ele. Bom para todos nós.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.
PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência Pregressa em Respostas Emocionais