MAS CENSURA DE FAMILIARES É UM RETROCESSO.
Infelizmente a
compulsão alcoólica é algo ainda não compreendido (não apenas por familiares)
mas, por toda sociedade, em qualquer parte do mundo e, ainda sim, na ânsia de
querer “ajudar”, usa de censuras para repreender o alcoólico, achando que está
contribuindo e que, com essa medida extremista, irá fazer com que a pessoa pare
instantaneamente de beber, como num passe de mágica.
Às vezes é preciso que familiares e pessoas
próximas, também façam terapia (ou até antes do alcoólico), para que saibam
efetivamente, como ajudar. Pelo menos
tomar conhecimento de coisas que não podem ser ditas, pois que, em alguns
casos, palavras erradas ou ditas de maneira errada, pode levar até mesmo, um
alcoólico ao suicídio.
A compulsão alcoólica é
involuntária, uma forma de conter uma dor emocional que carrega consigo desde a
infância e que, chega uma hora que não dá mais pra segurar (NINGUÉM ESCOLHE SER ALCOÓLICO OU DEPENDENTE QUÍMICO). Quando o corpo chega nesse ponto, o
inconsciente vê-se na obrigação de promover o equilíbrio psíquico da mente, escolhendo
entre diversos fatores, aquele que melhor atende, ainda que de forma
paliativa (e repetitiva, diga-se de
passagem). Pelo certo, nossa formação
familiar e cultural, deveria ser suficiente, para conter e administrar este
impasse psicológico mas, não é o que acontece. Por consequência, a carência de tal formação, tem nos causado diversos
momentos de instabilidade emocional e, para os quais, usamos de diversos recursos,
entre eles o álcool, as drogas, a agressão e até morte (de si próprio e de outrem).
Sempre que nos
deparamos com algo que não sabemos lidar e, dependendo do que seja, da sua
dimensão e dos danos que esteja causando, nos deixa ainda mais perplexo e nos
obriga à fazer algo à respeito. A
primeira coisa à ser feita, é oferecer apoio, para que que o alcoólico não se
sinta sozinho em seu calvário. Embora
possa demonstrar um aparente estado de conformismo, ao lidar com sua compulsão,
saibam que existe por trás, um estado de dor e sofrimento, por não saber e não
ter condições, de enfrentar sozinho, o desafio de parar de beber. Sempre que entra em estado de abstinência,
vem junto a consciência do quão fundo está, em um poço que não pediu para
entrar.
Para os que se acham “imunes” à
adquirir a mesma compulsão, saibam que o mesmo impulso é dado à pessoas que tem
outras compulsões, como julgar, ofender, machucar, ferir, agredir, suicidar-se
ou tirar a vida de outrem. Ou seja, como
ninguém “manda no coração”, o inconsciente reina sozinho e sem interferência
nossa, sempre que a nossa capacidade de resolver um conflito psicoemocional ou
estar sob forte pressão emocional, simplesmente some.
Outra forma de ajudar
um alcoólico é convencê-lo à ir ao Alcoólicos Anônimos, oferecer apoio para
acompanhá-lo nas reuniões (ao menos nas primeiras seções). Mas é bom que seja uma pessoa que lhe seja
mais próxima que a ligação parental ou o título de amigo (pois nessas horas se
ouve até o canto dos grilos). Não creio
que será preciso acompanhá-lo(a) em todas as seções (12 passos). Creio que nas primeiras reuniões, o alcoólico
já deva sentir-se “acompanhado”, por outras pessoas, as quais já passaram pelo
mesmo início. Estas reuniões permite ao
alcoólico, sua desintoxicação, entendimento e enfrentamento do problema porém,
há uma coisa que considero necessária, no que concerne à resolução definitiva
do alcoolismo, no que diz respeito à longa abstinência.
Entendam que, um fator
psicoemocional foi responsável por levá-lo(a) à compulsão alcoólica. Um
sentimento forte de frustração, ainda na primeira infância, gerada com alguém
(ou por causa deste), que lhe faltou quando mais precisava, fosse por falecimento
ou omitindo-se à prestar assistência psico-afetiva (não sabendo o quão
representava de alicerce para a criança).
Pois bem, o que precisa ser feito, tão logo se complete os 12 passos dos
A.A. é que, o ex-alcoólico submeta-se à terapia, à fim de extinguir
definitivamente a causa psicológica.
É
sabido que, em pessoas que conseguiram abster-se do consumo alcoólico, após
tratamento e, mesmo tendo passado anos de abstinência, ao tomar um único gole
de álcool, voltou-se à compulsão novamente.
Isto porque a causa de fato, que gerou a compulsão, não havia ainda,
sido extinta de fato.
O tratamento da
compulsão alcoólica (e até mesmo da dependência química), segue o mesmo passo,
isto é, primeiramente a desintoxicação de um ou de ambos e, necessariamente
após, o tratamento psicológico da causa que gerou o problema. Não esquecendo que, aos familiares e amigos,
comprometidos na assistência, que participem de ambos os processos, para estar
verdadeiramente “junto”, pois que somente assim, os resultados sejam contínuos,
progressivos e conclusivos e definitivamente extinto, da mente e da vida de
quem passou por tal pesadê-lo.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.