MENOS CASTIGOS E MAIS ESTRATÉGIA.
Se tem uma coisa que
atrapalha qualquer educação, é a falta de observação à dois detalhes
fundamentais, presentes em qualquer parte do mundo, que são: DIFERENÇA ENTRE GERAÇÕES E ENTRE PADRÕES FAMILIARES. Essas
duas características, juntas ou separadas, pode causar um verdadeiro motim
entre crianças e educadores. No que me
refiro aos padrões familiares, está incluso o ambiente em que vivem, a condição
social e a convivência à que estão sujeitos (onde muitas vezes indefere do
padrão).
Mas vamos por
parte. Primeiramente, vamos analisar a
questão das gerações entre pais e filhos.
É notório uma coisa tão simples, passar despercebido por pais e
educadores. Ou seja, a diferença entre
as idades denunciam épocas diferentes, em que cada um veio ao mundo, isto é,
realidades diferentes. É óbvio que a
realidade presente fica muito mais hostil à cada ano que passa, dada à falta da
presença de uma segurança pública limpa, não corrompida e que não tira proveito
da farda (e do ofício) para rixas pessoais contra alvos e algozes que tiraram a
vida de colegas de farda ou parentes. Idem
para o outro lado.
Diante de uma realidade
tão diferente, de quando nós e nossos pais nasceram, criar e educar os filhos
neste ambiente, passa à necessitar de uma estratégia, mais até do que uma
simples conversa, do tipo “toma cuidado, não volta tarde”. Não é difícil imaginar o quanto a sociedade
mudou seus hábitos e percepções, diante deste ambiente inseguro. A estratégia à que me referi consiste numa
referência mais visual do que por palavras, isto é, o que somos, como agimos
nessa vida, é que pode fazer a diferença para eles, entre tentar manter sua
integridade, tanto física quanto emocional ou, não se atentar para tais
cuidados e deixar-se levar por pessoas e colegas que pregam pensamentos opostos
e perigosos.
A forma com que fomos
criados, o ambiente, austeridade (ou passividade), é que determinará e norteará
o caminho dos nossos filhos, seja dentro ou fora de casa, dentro ou fora da
escola, porque enquanto criança, somos a única fonte confiável que eles tem,
antes que suas crenças comecem à se misturar com a de dezenas de outras fontes,
no ambiente escolar. Nem certo nem
errado, mas uma diferença que por si só, já é diferente para causar um motim,
se pais e professores não tiverem jogo de cintura pra lidar. Professores tem um verdadeiro universo de
culturas distintas em seu ambiente de trabalho (sala de aula) e lidar com todos,
de forma simultânea, exige outros tipos de estratégia, uma vez que, afrontá-los
é sempre a pior das decisões e que traz menos (ou nenhum) resultado prático.
Já trabalhei como
inspetor de alunos de ensino fundamental II e Médio e acredite, demorei para
traçar a melhor estratégia. Mas aos
poucos fui ganhando a confiança deles, mais a turma do ensino médio do que o fundamental,
embora aqui, tive vitórias relevantes. Não foram poucas as provas subtraídas
por estarem colando, porque estavam mal acostumados. Então me veio à mente que, o tipo de “paizão”
que eles estavam precisando, não era o que permitia colar e sim, o que tinha
firmeza em não permitir que o fizessem.
Já com os alunos do fundamental
II, a estratégia adotada foi um pouco diferente. Neste grupo a bagunça e a
conversa entre eles era inevitável. Então eu tirava a prova por 15 minutos,
dizendo aos donos da mesma que, com menos tempo para fazer a prova, a atenção
se volte mais para ela e não para os colegas.
A estratégia deu certo e completavam a prova. A grande questão da
educação é fazer com que os próprios filhos (ou alunos) decidam sobre o que é
melhor para eles, em vez de ouvir os tradicionais sermões que eles odeiam. Como fazemos isso ? Virando o jogo, colocando-os na “cena do
crime”, fazendo-os imaginar se o mesmo fato ocorresse com eles (estejam ou não
brigando entre irmãos ou colegas).
Com o pessoal do ensino
médio, dizia-lhes que não me orgulhava de tirar provas, mas que o fazia para
treiná-los à perder o hábito de colar, para que não fossem humilhados e
envergonhados, ao serem expulsos de concursos públicos, AOB, etc, por fazerem o
mesmo. Haja o que houver, tente inverter a situação, de forma não austera, que
os faça entender a situação. Não tome
partido de um dos filhos, quando estiverem brigando, isso só faz elevar o ciúme
ou inveja de um pelo outro. Faça-os se
entenderem sozinhos, por conta deles, para obter as vontades, tanto na hora
quanto mais tarde. Trabalhe com
barganha, para que possam entender o valor da conquista. Lembre-se que qualquer manifestação de
rebeldia é involuntária, um recado inconsciente que estão tentando passar e que
portanto, não carece de arbitrariedade para contê-los, mas de uma boa conversa
e estratégia.
Ninguém os ensina à
prática de Bulliyng, mas se o fazem, é por razões extremas, depois de esgotados
todos os recursos para chamar a atenção dos pais. Também é involuntário e
inconsciente, acredite. O que fazem
contra uma criança ou jovem que não sabe se defender, na verdade é contra os
pais que queriam fazer, pelo excesso arbitrário. Eles buscam alguém que os defenda e que os
ame (mas não só de palavra), mas principalmente com mais atitudes, menos bronca e
castigos. Então, não é difícil quando se
sabe o que fazer.
Não falte, para que seus filhos não percebam que você não faz falta.
Professor Amadeu
Epifânio – Psicanalista