QUE LEGADO ESTA AÇÃO NOS DEIXOU ?
Sempre ficou marcado
nos fiéis, a ideia que Jesus morreu por todos nós. De fato isso pode ter sido verdade. Outra ideia é a de que ele morreu, para
apagar (ou pagar) nossos pecados. O que
não deixa de ter uma ponta de verdade mas, em ambas as circunstâncias, pesa um
legado muito mais significativo para todos nós.
Acreditar que Jesus
tenha morrido por nós, deixa aberto a concepção de criar uma “zona de conforto”,
do tipo que não seremos mais condenados, porque alguém já cumpriu a nossa pena. E é tão forte essa concepção
que, quando vamos nos confessar, nos sentimos vazios de pecados ao voltar,
podendo repetir os mesmos erros, mais de uma vez.
O que na verdade, Jesus
fez por todos nós, foi sacrificar-se, em vez de morrer por nós. Se pararmos para analisar essa palavra (sacrifício),
significa dar algo por alguma coisa ou à alguém. Ou seja, literalmente “perder” algo, em
detrimento de um propósito maior que a nossa própria vida. No caso de Jesus, ele perdeu (cedeu) sua
carne, para continuar vivo em espírito, conforme ele mesmo disse à Deus,
segundos antes de morrer.
“Pai, em tuas mãos eu
ponho o meu espírito”.
Jesus tinha 33 anos
quando morreu. Portanto, ele tinha uma
vida longa pela frente, para propagar os ensinamentos de Deus ao povo. Contudo, esse trabalho não foi interrompido
pela crucificação, ele foi interrompido pela incredulidade do povo, à quem ele
pregava incansavelmente. Mesmo os apóstolos não acreditaram na sua ressurreição,
quando retornou dos mortos. Pedrou
virou-lhe as costas quando morreu,
precisando um galo cantar pra que lembrasse do seu abandono. Tomé só acreditou quanto pôde tocar o corpo e
as feridas dos pregos.
No momento que pilatos
mandou o povo escolher, quem deveria libertar, sem pestanejar, foi escolhido
Barrabás, como a pessoa que, inconscientemente representava a revolta do povo
contra os romanos e sua tirania, em vez de escolher à Jesus, como aquele que
poderia representar a paz de espírito, que todos nós buscamos incansavelmente.
Enfim, estamos buscando,
como consolo psicológico e espiritual, qualquer ideia na qual se identifique
com seu estado emocional inconstante, instável e arredio, motivado pela estagnação
cultural, da qual pensa ser suficiente para compreender as injustiças da vida,
cuja as quais não aceita e repudia, em vez de buscar compreender. Quando olhamos a imagem de Jesus crucificado,
deveis lembrar do sacrifício que ainda não fez por ninguém, à começar pelos
filhos, maridos, esposas, pais, entre outros.
Todos os dias, sem
saber, colocamos todos eles na balança para testar seu valor, em relação ao que
conquistamos e sobre os mesmos nos recusamos abrir mão, porque foi conquistado
com muito suor.
Mas então fica a
pergunta: O que estamos de fato, pondo
na balança ? Valor material, sentimental,
paternal, maternal ou filial ? O que podemos
abrir mão para salvar um familiar ?
Quem sabe Deus não nos coloca na mesma condição que Abraão, quando se viu
na obrigação de matar o próprio filho, para mostrar seu amor incondicional à
Deus e, quando provado, a criança também foi poupada.
Religiosidade, não pode
ser levado ao pé da letra, porque foi escrito à mais de 2000 anos atrás, razão
pela qual requer interpretação, isto é, que a ideia seja trazida para os nossos
dias e conciliada com nosso cotidiano.
Não demorará muito e
deveremos fazer a escolha mais importante de nossa vida, que será descobrir e
diferenciar o falso, do verdadeiro Cristo.
Que critério devemos adotar, para
saber escolher e não sermos enganados e ludibriados ? Está na hora de começarmos à colocar os bens
materiais na balança, porque seu peso poderá nos enganar na hora de escolher,
porque as medidas serão igualadas (se prevalecido os bens materiais). Isso dificulta e confunde os critérios, na
hora de fazer a escolha certa. O
essencial é a referência, enquanto o excedente (o supérfluo), nos exclui da legião
que serão salvos. Dai à César o que é de
Cesar e à Deus o que é de Deus, lembram disso ?
Estejais preparados (com o pensamento e a fé voltados
somente para Deus) porque não sabeis a hora em que virá o ladrão (de vidas). Deixai de lado as imagens dos santos, porque
apenas Deus é Santo. Os ditos santos,
são apenas pessoas comuns, que colocaram sua vida ao serviço de Deus e deles,
havemos de guardar somente as “palavras”.
Não deixe que o peso da imagem seja maior que o dos seus ensinamentos. Deus não tem imagem, porque Ele é espírito
(como afirmou Moisés, quando desceu do monte sinai pela primeira vez), quando
Deus o ordenou livrar seu povo do cativeiro.
Não se tira alguém do
seu “cativeiro”, orando para que outro o faça.
Se Deus o escolheu, por sua habilidade e capacidade, que seja você à salvá-lo
do jugo.
“O homem é a medida de
todas as coisas.” (Protágoras)
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto didata.