REVELANDO
SEGREDOS
Como
costumo
sempre dizer,
nada acontece por acaso e, quer queira ou não, existe uma razão
chave, para sermos ofensivos ou agressivos, para com outras pessoas,
mesmo aquelas que nos são próximas. Que dirá com estranhos.
O
grau ofensivo (bastante variado por sinal), com que lidamos com as
pessoas, está relacionado (acredite), com o medo que sentimos por
eles. Isso mesmo, medo. Medo do que irá dizer; medo do que irão
pensar; medo do como irão reagir; Medo como ela irá se portar, se
eu me abrir e disser que eu à amo. Medo da rejeição. Medo de
perder a pessoa que ama. Ou seja, medos que se transformam em pavor
(para uns) e terror, para outros. Mas o problema não acaba aqui.
Existem
dois tipos de reações naturais, diante do medo. O primeiro deles é
fugir, enquanto o segundo é o enfrentamento (mas que não se traduz
em coragem de agir) e sim, avaliar a situação, desde que com “pé
atrás”, temeroso, inseguro ou agressivo, carregando nas mãos
trêmulas a sensação de como se estivesse portando algum tipo de
objeto para se defender. Uma sensação que faz elevar a
adrenalina. A pessoa teme a outra, até que descubra o que pensa, o
que sente ou que irá dizer ou fazer. Até lá, vai preferir
continuar (psicologicamente) “armado”, sem dar chances ao
coração, de manifestar seus sentimentos. É a mente protegendo o
corpo da possível ameaça. Uma ameaça que pode levar horas, dias,
meses ou anos, porque não se manifesta, para declarar realmente o
que sente ou que acontece consigo. Se não dissermos o que precisa
ser dito, damos ao outro o direito de ficar apreensivo, temeroso,
inseguro, indiferente ou até mesmo, agressivo.
Os
tempos mudam e a sociedade principalmente. Aprenderam à nutrir o
medo (pra se sentirem seguros) e agora passam este medo adiante, para
os que estão “chegando”, sendo agora mais um obstáculo nas
relações humanas (já conflitantes). Um medo que já alcança
níveis alarmantes, como se o ser humano tivesse ultrapassando os
próprios limites. A velha regra de estar com o “dedo nervoso”
ao segurar uma arma, também vale (acredite), para nossa língua, uma
arma poderosa, que pode deflagrar guerras entre pessoas estranhas e
entre familiares (tornando-os estranhos entre si). Guerras
sangrentas, guerras de vingança, por herança, por traições e
rompimentos. O tipo de guerra que não se encontra diálogo, onde o
primeiro impulso é o dolo, decidindo apenas, do que fará uso, para
causá-lo. A língua é o carrasco, porque já foi ordenada
inconscientemente, à agir.
Uma
criança que sofre uma repreenda severa, pode desencadear nela um
medo que, dependendo, poderá inibi-la de partilhar dores ou
tristeza, até o limite do suportável. Também já havia afirmado
que, em namoros se criam expectativas diversas à cerca do outro.
Mas, do que adianta criar tanta expectativa, se não forem
compartilhadas entre si ? É o mesmo que idealizar sonhos,
fantasias, que muitas vezes acabam se tornando filmes de terror.
Relações amorosas estão se tornando contratos de propriedade,
tendo como principal punição rescisória, a morte. Isso, pela
pressa em se unir ou, pela pressa em se romper ou, pelo risco de se
perdoar a primeira agressão (pelo medo de ficar só e ainda ter que
ouvir dos outros: “Não foi por falta de aviso”).
Pessoas
escondem segredos, guardam consigo, por medo do julgamento do outro
e, ambos sofrem por isso, por não se fazer revelar, o que para
ambos, seria positivo. Pessoas também seguram ressentimentos
eternos, ferem e machucam à outros, porque não conseguem revelar
sua dor, por medo do julgamento daqueles, à quem faz sofrer, fazendo
sofrer à ambos. É o medo reinando, imperando e causando dor
(quando não mata e não destrói, pessoas e famílias inteiras). O
medo é uma arma inconsciente, um meio de proteger o próprio corpo.
Mas isso só acontece, porque não conseguimos nutrir aprendizados,
para nós e, depois compartilhar.
A
Bíblia diz, que o pecado é uma porta larga e sempre aberta. Tal
qual é o medo, sempre disponível e acessível. Se não
conseguirmos nutrir aprendizados, se não conseguirmos deixar de
nutrir o medo, resta então o “plano B”, que é estabelecer o que
realmente queremos pra nós. Que tipo de pessoas queremos ser e que
tipo de imagem queremos passar aos filhos (ou perante à sociedade),
porque irão esmerar-se mais, no que veem, do que dos conselhos que
ouvem (por mais que pregamos). Se não for assim, seus inconscientes
adotarão o medo por proteção e a repulsa, ofensa e indiferença
como armas, para se protegerem das pessoas e, à julgar
pela loucura que está o mundo, dá pra notar que não andamos nos
esmerando muito, para passar bons exemplos.
Ou
fazemos hoje, o que é certo, ou seremos doravante, escravos de nós
mesmos. Se soubermos o que queremos para nós, se soubermos o
porquê de estarmos fazendo nosso trabalho (não apenas para o pão
de cada dia), mas para provermos e mantermos, para nós e os que
amamos, segurança, estabilidade e bem estar, nenhum trabalho será
entendiado, nenhum curso universitário terá a sensação que não
seja “sua praia” e o fará com muito mais emprenho, dedicação e
orgulho, sabendo para quê o está fazendo (não apenas por fazer).
Estudar o mercado e a profissão antes mesmo de concluí-la, para
levantar “filões” e brechas, de como e onde irá
explorar seus conhecimentos, é melhor do que ficar esperando
eternamente pelo emprego ideal tão sonhado e que, quando ainda
surgir, nunca será o que sempre quis, além de passar a vida inteira
procurando.
O
medo não só aprisiona, ele nos limita. Precisamos exercitar e
incentivar o raciocínio, o discernimento, a reflexão, valer-nos de
forma mais produtiva, dos conhecimentos que adquirimos diariamente e,
se ainda sofremos, é porque não estamos aprendendo nada ou, os
ambientes que frequentamos, não estão oferecendo nada de útil, que
possa nos promover estabilidade e bem estar. Nossa estabilidade
psicoemocional é conseguida somente, de forma indireta, isto é,
precisamos nutrir informações de qualidade e deixar que nossa mente
se encarregue de processar e nos devolver de forma útil, produtiva e
emocionalmente estável.
Está
na hora de sermos mais seletos no aprender pois, se almejamos ser
pessoas sócio emocionalmente estáveis e produtivas, precisamos
selecionar melhor, a fonte dos nossos conhecimentos, porque
certamente isso irá reduzir (e muito), nossos níveis de estresse e
de medo, com relação à tudo e à todos, reduzindo junto, a
insegurança e a adrenalina, permitindo-nos lidar melhor com as
adversidades, sem precisar ofender, agredir ou matar, como resposta.
Nosso
inconsciente se vale do mercado livre de opções de respostas,
presentes ao redor, embora não muito ético e moralmente falando.
Neste mesmo mercado, está faltando mais produtos, os bons exemplos,
que não é tão bem divulgado, quanto os erros. Policiais, de tanto
medo (imposto por eles mesmos, aos bandidos), já chegam ao local da
ocorrência, com arma em punho e “dedo nervoso”. Assaltantes
(por medo que a vítima seja policial), matam ao menor esboço de
reação. Políticos se valem da revolta da população, por seus
entes vitimados, para aprovar o porte de arma. Quem nos governa de
fato ?
O
medo é uma correnteza forte, tal qual deve ser nosso empenho na
manutenção do pensamento certo, sem influências, ainda que seja o
único à pensar diferente, pois que nada adiantará juntar-se à uma
legião de apavorados, para agir conforme a conveniência comum,
imediatista e descontrolada, quando não agressiva (como em torcidas
organizadas) ou violenta (como em casos também, de linchamento
público). Quando se extravasa raiva, perde-se o medo de ser nós
mesmos, para sermos a pessoa mais assustada do mundo, que usa da
violência para bater em “tudo que já lhe causou medo e pavor,
quando criança”. É o único momento que não temos medo de
nada.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.
NOTA: Prezados Leitores, estarei me ausentando por algumas
semanas, para realização de uma cirurgia e respectivo
tempo de recuperação. Trata-se de um tumor benigno, que
surgiu na base do crânio e cuja cirurgia é a única opção.
Conto com o apoio de todos para manutenção do nosso
blog, bem como a continuidade de sua divulgação.
Conto também com as orações e vibrações de todos.
Manterei à todos, informados, na medida do possível.
Estarei de volta, em breve, dando continuidade em
nosso trabalho. Deus abençoe à todos. Até breve.
(Professor Amadeu Epifânio - Psicanalista)