PREVENÇÃO COMEÇA ANTES DO QUE SE IMAGINA.
Existe ainda hoje, a crença
(ou mito) de que somente quando os filhos crescem é que se pode falar com eles
sobre drogas, tendo ainda que depender do entendimento deles em querer ou não, aceitar
o conselho, o que quase sempre é utópico, haja vista as razões constantes no
artigo anterior, sob o título: “Educar é um desafio, porque não existe
consenso”. Como visto no artigo, não
são as drogas a única preocupação dos pais em relação aos filhos, pois há ainda
uma infinidade de “armadilhas” à espreita de um deslize.
Enquanto crescem e
vivenciam suas experiências, sem que percebam, tudo está sendo gravado, cada
momento e, dependendo do seu modo de vida, estas memórias podem vir à
interferir diretamente sobre a vida dele, mais especificamente em seu
temperamento. Por esta razão, os
primeiros anos de vida... ôpa, desculpa, eu quis dizer desde a gestação de
nossos filhos, tudo que ocorrer com eles, deve ser observado, monitorado e, se
necessário, fazer as devidas correções, que não implica passar a mão sobre sua
cabeça, sempre, mas sempre faze-los entender o momento pelo qual passam.
Por exemplo, se o momento
for ainda a gestação e se durante o seu curso, houver conflitos, divergências,
brigas e discussões acaloradas, depois que tudo passar, é dever da mãe,
recolher-se em um cômodo mais tranquilo da casa, posicionar-se
confortavelmente e acariciar a barriga e
conversar com o bebê, provavelmente ainda assustado com o que passou
indiretamente e passivamente, à fim de tranquilizá-lo e confortá-lo, para que
se diminua os riscos de se contrair alguma forma de transtorno, em momento
futuro (muito provavelmente, esquizofrenia) e quem sabe, mais tarde, alguma
droga, por não conseguir lidar com uma doença severa, de fatores desconhecidos.
Ou ainda, ficar desatento
com os cuidados do filho recém-nascido, ainda que seja necessário deixa-lo sob
a guarda de outra pessoa, para que a mãe ou os pais possam trabalhar. É preciso sempre observar a criança desde o
seu nascimento, seu temperamento precoce e seu comportamento, enquanto, brinca,
toma seu banho, dorme, amamenta, enfim, todos os passos, pois que se algo
diferente lhe ocorrer, se alguma forma de abuso ele sofrer, você poderá logo
identificar e procurar atenuar os efeitos ainda que precocemente pequenos. Do contrário, essa criança, quando adulto ou
adulta, carregará consigo, os severos sintomas de um Transtorno de
Personalidade Borderline (Transtorno decorrente de abuso sofrido na infância ou
bebê). Que poderá, mais tarde, fazer uso
de drogas ou cortar os próprios pulsos pra conter sua dor.
Vejam, crianças pequenas
sempre idolatram os pais (talvez mais um que à outro) e que por isso mesmo,
qualquer castigo ou mesmo uma bronca, sofrem uma enorme frustração, pois é algo
que jamais esperariam que o seu “super-herói” fizesse algum dia. Podem acreditar que à partir deste dia, esta
criança terá criado dentro de si a concepção de que aquele à frustrou não
merece sua confiança e que portanto passará, doravante, à ficar com o “pé atrás”,
até que se convença de que foi coisa passageira ou, de que irá manter o pé,
pelas constantes broncas.
Quando chegar à juventude
terá contraído uma apatia com os pais (ou um deles) que nem mesmo ambos (pais e
filhos) saberão porque e a tendência é sempre piorar.
Uma educação satisfatória é
aquela que faz com que os filhos tentem entender o que se passa, que passem à
refletir, com a ajuda dos pais, o porquê dos “nãos” constantes. Usar de barganha com eles, usando como “moeda
de troca”, desejos x tarefas, pra que ela saiba de que nada é gratuito na vida
e tudo tem que fazer por merecer.
Fazê-los entender a realidade do seu padrão familiar, principalmente se
conta com poucos recursos e que na sua escola ele encontrará muitos outros
modelos, condição financeira e padrões de educação (não melhores ou piores),
mas diferentes entre si, conforme o modo de vida de cada um.
Isso pode fazer uma enorme
diferença no psicoemocional deles, que poderá garantir uma estabilidade segura,
na hora de lidar com seus primeiros conflitos, sabendo que eles um dia apareceriam
e que devia saber lidar, sem se desesperar ou se revoltar.
O que os transtornos
diversos e as drogas tem em comum, é que para se adquirir um deles (ou os
dois), basta apenas negligenciarmos a vida e o desenvolvimento dos nossos
filhos, em seus primeiros anos de vida (até ainda durante a gestação), pois que
a falta de uma atenção maior, poderá carretar prejuízos pro resto da vida
deles, definindo um destino muito distante ao do que eles com certeza iriam
escolher para si.
Leiam o artigo citado acima
“Educar é um desafio, porque não existe consenso”.
Quanto mais estruturarmos
uma boa infância, menos preocupações teremos com a juventude e adolescência
deles, seja com transtorno ou com drogas.
Amadeu Epifânio
PROJETO VIVA+ Corrigindo Passos para um
Caminho + Seguro.