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domingo, 15 de maio de 2022

CARÊNCIA E MEDO - NÃO EXISTE SENSAÇÃO ESCONDIDA...

 ...QUE O CORPO NÃO REVELE !


Sempre me intriguei com posturas que se mostravam como gratuitas, sem motivação aparente, deixando à todos perplexos, merecendo toda sorte de julgamentos artificiais (dos que assistiam) sem nenhum aprofundamento, limitando-se apenas ao que estava vendo. No mesmo instante lembrei do velho questionamento “vazio”, que todo mundo faz nessas horas. Coisas do tipo: “Onde é que eu estava com a cabeça para fazer tal coisa ?” ou “como fui capaz de fazer aquilo ? Não é de hoje que a humanidade se questiona por seus atos impulsivos e sempre sem resposta.

A primeira coisa que minhas pesquisas me levaram a descobrir é que nada acontece por acaso, sem que haja uma razão que o motive (uma razão escondida em nosso inconsciente). Duas causas bem conhecidas estão provocando grande alvoroço, servindo de motivação para atitudes impulsivas e severas, induzindo pessoas (não envolvidas com o crime) à cometerem agressões e assassinatos, seja em família, no trânsito, na rua ou em qualquer lugar.. Ambas as causas, em si, não induzem violência porém, para manter e “protegê-las”, estão ultrapassando todos os limites, inclusive legais.

Medo e carência. Eis a causa do aumento da violência no mundo. Por medo, o homem faz de tudo e comete verdadeiras atrocidades. O medo faz reavivar a raiva que há dentro de si, guardada desde a primeira infância. Sensação que se potencializa à medida que a idade avança e se vê de repente, em corpo já crescido. A intensidade da raiva é quem determina o quanto e de que forma, irá manifestá-la contra algo (depredação) ou contra alguém, com ilicitude, imprudência ou negligência. Como exemplo temos torcidas organizadas, depredações de coletivos, assassinatos, entre outros.

Já a carência é o medo de ficar só mas, se elevada ao extremo, é capaz de provocar até morte (através de feminicídio). A carência é um medo extremo infantil que, assim como o medo promove toda sorte de ações impulsivas e danosas, com o objetivo que vai desde simples manifestação à busca ininterrupta de satisfação (por ser proveniente do inconsciente). Como um disco arranhado, não se saciará até que tal desejo seja atendido (o que só alcançará com ajuda terapêutica). Quanto mais fragilizado sentir-se, mais intenso será sua carência e maior as consequências resultantes de sua eterna e invisível busca.

Ambos, carência e medo, podem influenciar juntos o comportamento, elevando toda sensação frustrante consequente (potencializando-os) ou agirem separadamente, mas não menos nocivos por isso. Já comentei em artigos anteriores, que crianças de até três ou cinco anos (sem muita maturidade), precisam ser tratadas “na bolha”, isto é, evitando situações que constitua sensações fortes, como raiva. Tudo que a criança não aceita, não entende e não suporta, é guardado no inconsciente, à espera de discernimento, à fim que sejam relembrados, compreendidos e extintos (o que é raro).

Uma raiva infantil, quando jovem ou adulto (dependendo da intensidade), pode induzir seu portador a circunstâncias adversas, como depressão, austeridade, temperamento arredio juvenil, quebra do rendimento escolar, prática de Bulliyng, etc. O fato de não demonstrar, não significa dizer que não esteja sofrendo, principalmente quando se sabe que teve uma criação austera. Em casos como carência frustrada de afeto, pode levar um jovem ao consumo de drogas ou o adulto à compulsão alcoólica, por não entender o que sente. Não sofremos pela dor que carregamos, mas por não compreendê-la.

Se está tendo ações impulsivas, sem motivações aparentes, com as mesmas lhe causando danos ou transtornos, procure ajuda terapêutica, para conter os impulsos e ter uma vida plena.


Professor Amadeu Epifânio – Psicanalista Cognitivo – Projeto VIVA+





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