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quarta-feira, 24 de abril de 2019

PORQUE SENTIMOS MEDO ?



Como ele se manifesta ?


O medo nada mais é do que um alerta, assim como nossas dores de cabeças nos alerta quanto à algum problema no organismo.  O medo é, via de regra, resultado de eventos que se transcorreram à algum tempo e sobre os quais não estávamos preparados para lidar (assim como acontece em nosso cotidiano).  Sentimos medo sempre que um fator inédito nos pega de surpresa, contudo, não implica dizer que o nosso medo decorra deste fato e sim, por uma insegurança pregressa já instalada.

Para efeito psicológico, o medo é um instrumento de dominação em três níveis, à saber:  1) Pode ser auto dominador, sem necessidade de interferência de qualquer outra pessoa para nos impor o medo.  O medo é produto de uma experiência vivida à tempos atrás e, por não termos tido a compreensão, tal sensação ficou presa em nosso reprimido (na mente), influenciando conforme conteúdo e intensidade do mesmo.  Pode ser disparado através de um gatilho específico ou mais abrangente, que o faça acessar a memória e manifestar a sensação (de medo), que pode ser específico ou genérico.  Muitas pessoas, por medo de não saberem que estão sentindo um medo interior (embora sintam a sensação), fazem de tudo para escondê-los, mesmo que para isso tenham que adotar posturas e comportamentos, fora dos padrões habituais.

2)  O medo pode transformar-se em instrumento de dominação.  Sempre disse, em alguns artigos que, vivemos para alimentar e proteger nossos medos (ou vice-versa). Quando tentamos proteger um medo, nós o alimentamos como um câncer e a tendência é que ele se torne cada vez maior, ficando cada vez mais difícil controlá-lo.  Como mecanismo de defesa, algumas pessoas escolhem outras (mais indefesas), para perseguir, achando que está desviando o foco do próprio medo, quando na verdade o alimenta.  O grande problema é esta pessoa conscientizar-se deste fato, para buscar ajuda, tratar-se e deixar em paz aquele que persegue.

3) Outro instrumento de dominação, é quando o medo é usado contra nós, como chantagem, de fazer ou não fazer ou dizer (ou não), coisas específicas, mantendo-as no seu “cabresto”, enquanto o objeto da chantagem (que é o medo da vítima), continuar à existir e, sendo, neste caso, involuntariamente alimentado.  Algumas pessoas que carregam consigo uma forma de medo, acreditam que seja proveniente de algo que acreditam (o que faz reforçar ainda mais, o laço de chantagem que o mantém preso).  O que na verdade, pode ocorrer, é um fator psicológico que o faz sentir medo, sendo este, nada mais do que uma sensação consequente, da verdadeira razão.  Por exemplo, ficar preso num ambinete fechado, por punição (como o próprio quarto) quando criança, pode fazer um adulto ter pavor de lugares fechados, como elevadores por exemplo. Ou seja, não é o espaço em si que conta, mas o pavor de ficar enclausurado e sozinho.  Jamais pense ser do nada o que sente e sempre há uma razão e deve ser investigada.

Apesa de tudo isso, o medo não tem caráter punitivo e sim, preventivo, advertindo que, certas circunstâncias, lugares e convívios, já foram, um dia, objetos de experiências traumáticas e cujo os quais, devem ser investigados e tratados terapeuticamente, para que não venham sofrer alguma forma de dominação, seja por si só, como de terceiros ou, não ter que escravizar alguém, para alimentar seus medos interiores, por medo de expô-los ou ter de enfrentá-los. 

Enfrentar um adversário “invisível” é sempre apavorante, por não saber que tipo de abordagem utilizar e quando saber se, de fato nos livramos dele.   O medo sempre irá existir, como um inquilino em nossa vida, devendo nós (em vez de enfrentá-lo, que só desgasta), buscar forma de conhecê-los, fazendo uma auto análise de si próprio, de forma retroativa, à fim de encontrar suas raízes (ação esta que pode ser feito sozinho ou com ajuda de pessoas especializadas).

É preciso conquistar o equilíbrio de forças, como Emocional x Psicológico x Espiritual, para podermos controlar o corpo, suas vontades e até a influência dos medos.  Por conveniência, temos nos dedicado apenas ao trabalho e à prazeres, nos esquecendo de buscar conhecimento específico, para sabermos lidar com nossos infortúnios, adversiades e desafios diversos.  A vida não consiste apenas no querer, mas poder fazer, levando em conta o que é benéfico, saudável, útil e produtivo, mesmo que tenhamos de usar o medo, à vezes, em nosso favor, como um freio.


Professor Amadeu Epifânio

Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.

               



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