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terça-feira, 4 de setembro de 2012

BULIMIA – Um transtorno alimentar que esconde uma causa psicológica.
A Bulimia (ao contrário da anorexia), não apresenta uma causa visível que possa justificar tal comportamento.  Na anorexia, entre outras causas (vide o artigo referente aqui mesmo no blog), existe a questão da exigência do corpo perfeito para o mundo das modelos de griffes famosas, que mais parece exigir um modelo esquelético do que um corpo esbelto, bonito e perfeito.
A Bulimia é um transtorno alimentar caracterizado pelo o que chamamos de “orgia alimentar”, no que um paciente, num curto espaço de tempo, ingere uma grande quantidade de alimento e depois tenta desfazer-se do que comeu, através de recursos nada saudáveis, como indução ao vômito ou tentativas de evacuar através de remédios.  Seja qual for a forma, os prejuízos no organismo são enormes, quando não irreversíveis.
A Bulimia se caracteriza por duas ações consecutivas.  Na primeira, a ingestão de grande quantidade de alimento num período de 2 a 3 dias e, no segundo momento, o expurgo de todo excedente que comeu.  É preciso primeiramente separar essas duas ações, pois livrar-se do que comeu em excesso, apenas caracteriza uma ação recorrente do corpo humano em desfazer-se de um elemento, à princípio “intruso”.  O fato de ser através de laxantes ou por indução ao vômito, é para acelerar este processo de expulsão, para que a pessoa volte novamente à comer.  Em razão disso, a bulimia concentra-se mais na compulsividade por comer do que vomitar, pois o que vem em seguida é apenas um processo recorrente, ainda que de forma forçada, pois que de qualquer forma aconteceria do mesmo jeito, só que talvez não tão rápido quanto o paciente deseja.
Atrás da bulimia se esconde a causa que levou o paciente à este distúrbio, pois que ninguém desenvolve este comportamento de forma tão espontânea e, gratuitamente.   É preciso relevar o fato que a maioria das causas de várias formas de distúrbio (não apenas a bulimia), ocorre na fase infantil ou mesmo antes, nas primeiras semanas ou meses de nascimento, como abusos, quedas, agressões, entre outros.  Nestes casos, a mente costuma proteger o corpo, colocando o evento em stand-by, até que a criança cresça e desenvolva o raciocínio e o discernimento para receber, entender e sanar o evento ocorrido lá atrás.
Quando isso não é possível, um distúrbio (criado na mente desde a ocorrência do evento) é manifestado, não apenas como um problema psicológico, mas como um alerta que algo, tempos atrás, ocorreu com a criança (passando ou não despercebido pelos pais), ocasionando tal distúrbio.  Tal fato ocorre também com pessoas portadoras de transtornos de bipolaridade Borderline e outros.
A compulsividade na alimentação pode ter algumas causas psicológicas correspondentes e às vezes estranha aos olhos de quem está de fora.  Por exemplo, brigas constantes entre os pais de uma criança muito pequena, onde ela às vezes é causa da discussão, a mente da criança ouve, causando sentimento de culpa e a conseqüente instabilidade emocional que, por processo de associação, a mente transfere este sentimento à um evento presente e momentâneo.  Por exemplo, se a mãe (ou avó) tem aquela cultura de que a criança precisa comer (em demasia) para ficar forte e protegida de doenças, a criança pode até não engordar, mas a mente poderá fazer uso desta “cultura” para conter aquela ansiedade da criança, como forma até de distração. 
Essa idéia vai ficar armazenada na mente da criança em stand-by, até a fase juvenil ou adolescente.  Ao crescer e dependendo do seu ambiente de convivência, aquele sentimento de culpa pode vir a aflorar involuntariamente e ela começar a comer (em demasia) para conter esta sensação.  É uma loteria, mas que não é impossível acontecer.  Se esta criança (agora adolescente), repetir por algumas vezes esse hábito de comer para conter ansiedade, logo esse hábito fará parte do seu senso de recompensa, o que, doravante, ela repetirá o hábito, não mais por iniciativa própria e consciente, mas por indução psicológica do senso de recompensa, que à fará sentir-se bem, sempre que estiver comendo demais.
Como não pode pôr tudo no estômago de uma vez só, ela acelera o processo de descarte, fazendo uso de laxantes ou induzindo o vômito (não pelo desejo de vomitar, mas pela pressa de sentir-se liberada novamente), para voltar a comer, quando necessário, isto é, quando uma nova ansiedade tomar conta de novo, por algum novo problema, reacendendo o velho sentimento de culpa.
Não se pode criticar ou brigar com pessoas que sofre com bulimia, pois isso só faz aumentar o sentimento de culpa que ela já tem (também por não conseguir se controlar).  O que o bulímico precisa é ser tratado psicologicamente, não apenas com antidepressivos, mas com terapia, para administrar a ansiedade, para que não tenha que recorrer ao garfo, para conter-se ou sentir-se bem.  É preciso fazer a mente (no senso de recompensa), mudar esse comando de fazer o corpo se sentir bem, comendo compulsivamente.  É preciso mostrar que existem outras formas menos nocivas e mais saudáveis de fazer isso, o que irá requerer novos hábitos, pois o senso de recompensa se constitui através de hábitos, saudáveis ou nocivos. 
Reacenda o velho costume de se conversar na mesa de jantar e aprender à expor o que pensa de forma pacífica, racional e harmoniosa, para não se criar conflitos ou traumas mais tardes.  Nossos modelos estão sendo sempre sendo comparados pelos filhos e, se não houver diálogo, eles tomarão o erro como certo, porque ninguém apareceu para dizer à eles (em tempo hábil) que estavam errados.
Somos pelo o que somos, que poderá se perpetuar por um bom tempo, lembre-se disso.

Amadeu Epifânio

Projeto Conscientizar – Viver bem é Possível !

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