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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Porque um Serial Keller Mata Continuamente ?


NÃO DEVEMOS NOS ATER SÓ ÀS APARÊNCIAS. 

Ficamos perplexos ao descobrir, como uma pessoa pode ser capaz de fazer coisas, totalmente oposta ao perfil que sempre manifestou. Terá ele ou ela nos enganado tanto ?   Perfis como:  Comportamento padrão, hábitos, costumes, temperamento, humor habitual, medos, habilidades, capacidade, caráter, carisma, enfim, tudo isso pode perder relevância no momento em que um crime ou suicídio estiver em andamento.

 A primeira reação de conhecidos e parentes, é o de negação (não apenas pelo ato em si), mas a forma de como ocorreu e pela pessoa, cujo caráter ou perfil, não condiz com o que está sendo considerado pela polícia.  Qualquer pessoa, que sempre tenha manifestado um perfil diferente ou até oposto ao que está sendo levantado, torna-se difícil admitir e aceitar tal versão.  Que o mais provável (ainda que não desejável), é que seu ente, (parente ou conhecido), tenha sido assassinado ou que tenha havido uma forte razão, para cometer um ato hediondo.

Não devemos nos esquecer de que há diversos fatores a considerar, que justifique o ato de alguém, cujo perfil seja contrário ao que sempre apresentou.  Em primeiro lugar, nada acontece por acaso, sem que haja uma motivação, em forma de estímulo ou gatilho psicológico.  Segundo, que tal motivação tenha sido, ou de caráter repentino e forte ou, de duração relativamente prolongada, cujo o mesmo tenha minado (de forma progressiva), sua tolerância psicoemocional.  Existem “passados” que sempre poderão alterar e modificar o presente.

Em terceiro lugar, o corpo sempre obedecerá ao comando do seu inconsciente inconsequente, mas nunca antes de ter “autorização” de outro inconsciente, o racional, para levar adiante, seu impulso.  Para que tal impulso seja contido, é preciso que haja uma formação determinante e consistente, do lado racional, que seja capaz de conter o impulso daquele inconsciente (ao menos provisoriamente), pois que é grande a possibilidade de que num futuro próximo, possa vir a tentar cometer novamente o mesmo ato se, sua aparente motivação não for tratada terapeuticamente.

Não havendo no Ego, formação condizente com o desprazer do corpo, o inconsciente inconsequente é “autorizado” à ordenar o corpo à executar o que deseja, como prazer em mesma intensidade. Tal inconsciente é muito determinado, por ter de encontrar um prazer para o desprazer, na mesma intensidade sentida pelo corpo, num dado momento.  Isso porque ambos os inconscientes nos governa, de forma alternada, sempre sob prioridade do racional (que usa nossa formação).

Quase sempre o inconsciente racional (Ego), não possui formação compatível para tal nível de estresse e é, na grande maioria das vezes, em ocasiões semelhantes, obrigado à ceder ao inconsciente ID, a permissão para este encontrar resposta compatível, de maneira eficaz e de efeito rápido, para a respectiva condição de impasse emocional.  Drogas também se encaixam nesse critério de efeito rápido e eficaz.

No momento em que o inconsequente é autorizado, a força de duas “crianças”, se encontram, isto é, à do passado (num corpo já crescido) e à do Id, cuja idade mental equivale à de uma criança (determinada) de 3 anos de idade.  Uma força que em conjunto, é difícil controlar e praticamente impossível de conter.  Não importa o que está sendo ordenado ao corpo, cumprir.  Salvo em raras exceções, o corpo obedecerá, ainda que seja o de cometer um crime ou suicídio e a forma.

Outro fator relevante é a repetição do mesmo ato criminoso, como num Serial Keller.  Isso se explica porque, enquanto o trauma interno não for tratado, a criança (traumatizada) dentro do adulto, repetirá o mesmo ato, na ânsia de machucar (repetidamente), com pessoas diferentes, quem lhe machucou ou viu machucar uma pessoa que muito amava, enquanto ainda pequeno.  Esta é a forma de uma criança retratar um fato ocorrido consigo ou que tenha presenciado a forma de fazer.  Criança não sabe o que é matar ou morrer, não sabe descrever um fato, ela só para, quando a pessoa pára de se mexer, tal como viu ocorrer no passado.

Serial Keller continua matando porque dentro de si existe um “disco arranhado” repetindo a mesma coisa, porque os gatilhos psicológicos estão sempre presentes, em qualquer direção e caminho e só cessará quando for preso ou morto.

O que vem à seguir (nos casos de homicídios), vai depender da formação recebida, entre valores e princípios, para que o corpo em questão, demonstre algum remorso ou arrependimento, pelo delito praticado, sendo ou não, de caráter letal ou de lesão (por agressão) corporal grave.  Na maioria das vezes, tais valores não lhe são inseridos, justificando não apenas a falta de remorso ou arrependimento, como a continuidade do ato, em sequência.

Como sempre digo que devemos aprender à nos ajoelhar, para entender filhos pequenos, devemos da mesma forma, buscar em outras fontes, conhecimento para compreensão sobre o ocorrido.  Quanto mais misterioso, mais intrigante, mais desafiador.  Devemos entender a mente humana para explicar seus atos ou começar pelos atos para entender a mente ?  Seja como for, não se deve descartar as motivações obscuras.

"Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa."     (Lima Barreto)

 

Professor Amadeu Epifânio 

Pesquisador/Psicanalista Autodidata.






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