Ficamos perplexos ao
descobrir, como uma pessoa pode ser capaz de fazer coisas, totalmente oposta ao
perfil que sempre manifestou. Terá ele ou ela nos enganado tanto ? Perfis como:
Comportamento padrão, hábitos, costumes, temperamento, humor habitual,
medos, habilidades, capacidade, caráter, carisma, enfim, tudo isso pode perder
relevância no momento em que um crime ou suicídio estiver em andamento.
A primeira reação de conhecidos e parentes, é
o de negação (não apenas pelo ato em si), mas a forma de como ocorreu e pela
pessoa, cujo caráter ou perfil, não condiz com o que está sendo considerado
pela polícia. Qualquer pessoa, que
sempre tenha manifestado um perfil diferente ou até oposto ao que está sendo
levantado, torna-se difícil admitir e aceitar tal versão. Que o mais provável (ainda que não desejável),
é que seu ente, (parente ou conhecido), tenha sido assassinado ou que tenha
havido uma forte razão, para cometer um ato hediondo.
Não devemos nos esquecer
de que há diversos fatores a considerar, que justifique o ato de alguém, cujo
perfil seja contrário ao que sempre apresentou.
Em primeiro lugar, nada acontece por acaso, sem que haja uma motivação,
em forma de estímulo ou gatilho psicológico.
Segundo, que tal motivação tenha sido, ou de caráter repentino e forte
ou, de duração relativamente prolongada, cujo o mesmo tenha minado (de forma
progressiva), sua tolerância psicoemocional.
Existem “passados” que sempre poderão alterar e modificar o presente.
Em terceiro lugar, o
corpo sempre obedecerá ao comando do seu inconsciente inconsequente, mas nunca
antes de ter “autorização” de outro inconsciente, o racional, para levar
adiante, seu impulso. Para que tal
impulso seja contido, é preciso que haja uma formação determinante e
consistente, do lado racional, que seja capaz de conter o impulso daquele
inconsciente (ao menos provisoriamente), pois que é grande a possibilidade de que
num futuro próximo, possa vir a tentar cometer novamente o mesmo ato se, sua
aparente motivação não for tratada terapeuticamente.
Não havendo no Ego,
formação condizente com o desprazer do corpo, o inconsciente inconsequente é “autorizado”
à ordenar o corpo à executar o que deseja, como prazer em mesma intensidade. Tal inconsciente é muito
determinado, por ter de encontrar um prazer para o desprazer, na mesma
intensidade sentida pelo corpo, num dado momento. Isso porque ambos os inconscientes nos governa, de forma alternada, sempre sob prioridade do racional (que usa nossa formação).
Quase sempre o
inconsciente racional (Ego), não possui formação compatível para tal nível de
estresse e é, na grande maioria das vezes, em ocasiões semelhantes, obrigado à
ceder ao inconsciente ID, a permissão para este encontrar resposta compatível,
de maneira eficaz e de efeito rápido, para a respectiva condição de impasse
emocional. Drogas também se encaixam
nesse critério de efeito rápido e eficaz.
No momento em que o inconsequente é
autorizado, a força de duas “crianças”, se encontram, isto é, à do passado (num
corpo já crescido) e à do Id, cuja idade mental equivale à de uma criança (determinada) de 3 anos de idade. Uma
força que em conjunto, é difícil controlar e praticamente impossível de conter. Não importa o que está sendo ordenado ao
corpo, cumprir. Salvo
em raras exceções, o corpo obedecerá, ainda que seja o de cometer um crime ou
suicídio e a forma.
Outro fator relevante é a repetição do mesmo
ato criminoso, como num Serial Keller.
Isso se explica porque, enquanto o trauma interno não for tratado, a
criança (traumatizada) dentro do adulto, repetirá o mesmo ato, na ânsia de
machucar (repetidamente), com pessoas diferentes, quem lhe machucou ou viu
machucar uma pessoa que muito amava, enquanto ainda pequeno. Esta é a forma de uma criança retratar um
fato ocorrido consigo ou que tenha presenciado a forma de fazer. Criança não sabe o que é matar ou morrer, não sabe descrever um fato, ela
só para, quando a pessoa pára de se mexer, tal como viu ocorrer no passado.
Serial Keller continua matando porque
dentro de si existe um “disco arranhado” repetindo a mesma coisa, porque os
gatilhos psicológicos estão sempre presentes, em qualquer direção e caminho e
só cessará quando for preso ou morto.
O que vem à seguir (nos casos de
homicídios), vai depender da formação recebida, entre valores e princípios,
para que o corpo em questão, demonstre algum remorso ou arrependimento, pelo
delito praticado, sendo ou não, de caráter letal ou de lesão (por agressão)
corporal grave. Na maioria das vezes, tais valores não lhe são inseridos, justificando
não apenas a falta de remorso ou arrependimento, como a continuidade do ato, em
sequência.
Como sempre digo que devemos aprender à
nos ajoelhar, para entender filhos pequenos, devemos da mesma forma, buscar em outras fontes, conhecimento para compreensão sobre o
ocorrido. Quanto mais misterioso, mais intrigante, mais desafiador. Devemos entender a mente humana para explicar seus atos ou começar pelos atos para entender a mente ? Seja como for, não se deve descartar as motivações obscuras.
"Não é só a morte que iguala a gente. O
crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente
inventa." (Lima
Barreto)
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Autodidata.
Visite-nos no Facebook: Facebook.com/Prof.EpifanioAmadeu
Nenhum comentário:
Postar um comentário