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domingo, 27 de setembro de 2020

MOTIVAÇÕES PARA CRIMES...

 

 ...CONTRA TERCEIROS E A SI PRÓPRIOS.

(Por Professor Amadeu Epifânio – Pesquisador/Psicanalista Autodidata)

 

À cada dia que passa, o homem se torna ainda mais distante da realidade, não se permitindo se auto conhecer como deveria, para entender a vida, pessoas, animais, a natureza e principalmente à si próprio.  Suas reações, são promovidas por suas limitações culturais, em lidar com seus próprios desafios. 

Entender o psicológico, para aceitar o emocional (o sofrimento), para crescer espiritualmente, é um exercício que o poria entre os pilares da razão e do bom senso porém, mais parece que o homem não está preocupado com sua fama, exceto senão o de se exibir para o mundo que, manter-se inerte, inútil e improdutivo, foi a melhor (ou única) lição que aprendeu em toda sua vida e matar (não importando razões nem consequência), vem de um prazer que não sabe explicar, embora não hesite em praticá-lo.  A prática de crimes está associada “quase sempre” à sua condição cultural e seu ambiente de convivência.

Existem fatores que deveriam se opor à esta postura nociva, contudo, diante de um estilo de vida, o qual foi submetido em razão do tipo de convivência negativa que teve para com sua família, não lhe restou muito de valores e princípios, que o fizesse conter-se diante da tentação de tirar a vida de outrem.  Razões que lhe sobram (como motivações inconscientes), de natureza inconsequente, que lhe oferece o crime por prazer, para conter os desprazeres que a vida possa lhe impor.   A palavra remorso não existe, nem tão pouco o arrependimento.

No primeiro filme da quadrilogia “A Múmia”, um dos personagens, questiona à um possível rival, à cerca do seu novo “amigo” (a múmia), em que o mesmo responde enfaticamente: “- Melhor estar na mão do demônio, do que no caminho dele...”.   O objetivo do inconsciente é manter o corpo sob seu controle, para que possa valer-se dele como seu instrumento de transporte e uso.  Estamos nos referindo à um inconsciente que se porta de maneira inconsequente, infantil e irracional, o qual a psicanálise o chama de Id e, representa os nossos impulsos (aqueles que nos faz jurar de pé junto que não tivemos intenção de fazer ou nos questionarmos porque fizemos).

Existe um segundo inconsciente, sendo este racional, chamado Ego, o qual se vale da formação que recebemos dos nossos pais (quando recebemos) e de todo conhecimento útil que possa ser usado em nosso favor, em circunstância oportuna.  Uma regra inviolável entre ambos é a da prevalência, ou seja, cabe ao Ego, sempre, a prioridade de nos dar as respostas que precisamos, em cada novo estímulo recebido, bem como na intensidade com que ele nos chega.  Se não pode nos ajudar, só então a atribuição é passada ao Id.

Ambos os inconscientes controlam e administram nosso psicoemocional.  A quantidade de informações que recebemos do ambiente, chegam aos milhares para nós em forma de estímulos psicológicos, sobre os quais o corpo espera ou necessita de uma resposta, de curto, médio ou longo prazo, sempre condizente com a intensidade que a mesma nos chega.  À esta formação de conhecimento, valores e princípios, a psicanálise chama de Super-Ego.   Emoções negativas também são tidos como estímulos, que podem levar ao crime ou suicídio, se cujo conflito interno não for resolvido ou compreendido.

É importante ressaltar que, ambos os inconscientes têm acervos distintos, haja vista que, se o Ego não encontrou resposta apropriada em seu acervo (nossa formação), o Id não perderá seu tempo, procurando informações ou resposta no mesmo lugar.  Por esta razão, cada um deles tem seu próprio acervo e cujo os mesmos precisam estar latentes, à medida que percebam que o corpo necessitará de respostas, à medida que as adversidades os desafia.  O id acompanha a tendência de como as pessoas estão lidando com suas adversidades.  Não é estranho hoje, ver tantas mortes, de forma frequente e banal.

Ninguém está livre de sofrer algum tipo de surto psicótico, motivado por um gatilho psicológico.  Nesta hora, alterar 360° o seu temperamento ou personalidade, indo de um estado aparentemente calmo para uma condição extremamente alterada e, planejar ou praticar um crime. Cada dia que passa, cresce a carência de valores, princípios morais e conhecimentos (o que poderia evitar os suicídios e crimes, especialmente em famílias).

É grande a quantidade e velocidade, com que o corpo recebe estímulos provenientes do ambiente e processá-los e recicla-los não é tarefa fácil. Cada inconsciente, Ego e Id, tenta absorver o que pode ser útil em situações futuras adversas, de intensidades variadas. Tornar latentes tais informações, é crucial para que possam ser utilizados em momento oportuno.  Enquanto o Ego procura conter o desprazer, o Id procura oferecer algo que se equivale à intensidade exigida, sem medir consequências ou pressentir perigo, como mortes por imprudência, abstinência química, revolta, rixa esportiva, etc.

A morte por solução para muitos problemas, está sendo explorada e disseminada de várias formas, de modo que o Id tome para si este padrão de comportamento, cada vez mais usual e amplamente utilizada, por várias pessoas.  Cada vez mais, a letalidade converge para soluções diversas, amparado por diversos fatores, como austeridade policial, corrupção, Código Penal ultrapassado, ausência de valores morais, justiça com as próprias mãos, etc.  Reação à assaltos são inconscientes e involuntários.  Priorizar vida e família são formas de conter o impulso da reação. Se o que o bandido quer, estiver no bolso traseiro, avise-o, para que não pense ser uma reação ou policial disfarçado.            

Matar uma pessoa, significa que, alguém já “matou” em si, algo que lhe era muito valioso.  Então, a fantasia infantil é criada, se forma e se fortalece à medida que a criança cresce e seus valores e conceitos, à respeito do que acontece ao seu redor, só faz aumentar cada vez mais, sua raiva interior.  Não temos vontade autônoma, mas regido pela imposição dos inconscientes, especialmente do Id, cujo qual devemos temer mais do que o corpo ao qual pertence, uma vez que este não passa de marionete e instrumento de morte, quando a oportunidade se une ao desejo de machucar (até parar de se mexer). Criança não sabe o que é matar ou morrer, mesmo em corpo adulto, mas acaba aprendendo muito rápido.

Existem inúmeras motivações “internas”, que levam centenas de pessoas à tirar a vida de outrem, acreditando estarem praticando por suas próprias motivações, sem saber que estão sendo manipulados e induzidos, não apenas à cometer uma prática hedionda, como da forma que é feita.  O medo impera entre bandidos, policiais e civis e o pavio da intolerância está cada vez mais curto, pois está se matando por nada.   A vida, muitas vezes, não vale mais que um celular ou papelote de cocaína; a adrenalina para sobreviver à cada dia, chega à níveis alarmantes, porque todo dia pode ser o último, se “pisarmos na bola”.  É como um vício, o inconsciente é obrigado à oferecer alternativas, na intensidade (de adrenalina) de certas pessoas e acaba virando uma areia movediça, porque quem vive pela vingança, ganância, corrupção, avareza (entre outros afins) sempre se “mata” de alguma forma (em ambos sentidos).

À cada dia e cada vez menos, pessoas não levam desaforo pra casa, elas preferem “resolver a questão” aonde e com quem estiverem e se, na mesma discussão houver danos materiais (ou até morais) à exigir, sanar ou restituir, a conversa fica ainda mais “quente”.  Como já era de se esperar, o homem não se arma mais, de cultura, mas de toda sorte de armas (inclusive de si próprio).  A falta de cultura leva-o à precipitações que na maioria das vezes, acaba mal para ele, de alguma forma.  É possível perceber isso nos noticiários.  Como sempre o medo está sempre latente, provocando intolerância e auto-defesa.

Muitas vezes a morte envolve famílias e suas relações conflituosas e complicadas.  A falta de segurança nas relações, compromete e muito, o futuro da família como um todo. Quanto maior a condição sócio/financeira de uma família, mais conflitos existirão, porque o dinheiro levanta uma grande muralha entre seus membros (psicologicamente falando), dificultando contatos, diálogos e ligações afetivas.  O processo aritmético de valores, princípios e dinheiro, será sempre maior onde for mais predominante, influenciando sobre qual inconsciente prevalecerá, tendo à sua frente, a montanha de dinheiro e privilégios, que ajuntou durante toda a vida, minando as relações, principalmente com os filhos.   A questão não se firma no dinheiro, mas nos conceitos que passa à adquirir em função do mesmo.

 Conflitos em família fazem os filhos pularem do barco e envolverem-se em situações que, muitas vezes não conseguem voltar por conta própria (quando querem).  Claro que o inconsciente imaturo está no controle e sempre irá corroborar com o estilo de vida em que o corpo conviva ou se habitua.  Enquanto não permitirmos que o inconsciente racional assuma nossas rédeas, a morte será sempre uma decisão, cada vez mais frequente e cada vez, mais abrangente, por homicídio ou suicídio e suas formas.

Não ter valores implica contínua submissão às armadilhas da vida, às quais cedo ou tarde acabamos caindo e cuja emoções consequentes pode levá-los à morte e, apesar de prever sua trágica consequência, não demonstram ressentimentos nem remorsos (não por achar que mereçam) mas, apenas por estarem sendo “manipulados” e induzidos. Tipos de crime, tem motivações diferentes e específica (como recado ou assinatura). Matar é sempre um aviso, um legado ou uma fama. A forma com que se mata denota o sentimento que o autor tem com à vítima, bem como o instrumento utilizado para atingi-lo ou a quantidade de golpes que são proferidos, valendo-se (ou não) de qualquer tipo de arma ou objeto corto-contundente ou corto-perfurante ou a própria força que, quanto mais golpes, maior será a demonstração de revolta e ódio contra a vítima.

Sempre se acredita que matam por razões que julgam ser as suas porém, nunca se questiona porque o faz ou porque nunca se arrepende.  Nunca lhe passa pela cabeça que pode estar sendo manipulado internamente, por seus traumas de infância, os quais ganham força e poder, à medida que crescem e quando enfim se dão conta, começam revidar em todos, aqueles que o constrangeram e o machucaram ou às pessoas que amava quando criança.  E é tanto o sentimento guardado que não faz a menor diferença, sobre quem fará o papel dos seus algozes, mas cumprirá fielmente a forma que se valeram para maltratar e matar.

Em adversidades de intensidades consideravelmente elevadas, está cada vez mais difícil, o Ego valer-se de sua prioridade para nos atender, cabendo ao Id, nos atender quase sempre com respostas reações, de inapropriadas à letais.  Quando conflitos em família se elevam, é comum a morte por solução. Para isso não faltam exemplos, como os Nardonis, Suzane Richtofen, Gil Rugai, entre tantos outros.  Sempre se torna fácil matar, quando nos faltam princípios e valores.  É quase como entregar a arma (em mãos) à pessoa que irá nos matar.  Os princípios começam à nos faltar, quando seus significados começam à se deturpar e criar concepções convenientes próprias, para justificar nossos erros e crimes.  Mesmo o Ego tendo direito à sua primogenitura de resposta, pouco pode fazer para atenuar os sentimentos que transformam pessoas em criminosos e psicopatas e onde o Id impera sozinho para liderar essas pessoas.

O princípio básico das prisões, é o da privação de liberdade, ou seja, privá-los de todo contato externo que tenham, por um tempo mínimo de pelo menos 6 (seis) meses, sem visita de quem quer que seja. Supõe-se que quem se transforma em bandido, tem seus laços familiares cortados e que, portanto, não há outra razão para receber visitas, se não à de levar e trazer informações e recados do mundo lá fora. Também (supostamente) não teria condições de contratar advogado. Visitas tem apenas o propósito de alimentar os laços que mantinha antes de ser preso, principalmente do comando sobre comparsas, obter informações da ex-companheira que rompeu seu relacionamento com ele. Somente quando estiverem com laços cortados, com o mundo externo, é que começarão à pensar diferente.

Como a escuridão é ausência de luz e a maldade, a ausência do bem, a morte é ausência de valores positivos, de princípios e da falta de um projeto de vida, de médio/longo prazo, o suficiente para manter-nos ocupados o bastante, para não nos deixar nos levar pela influência do Id e suas compensações. Que as adversidades tem um propósito único de nos apontar onde precisamos melhorar e compreender a vida como ela se porta, diante das situações mais adversas e o quanto as pessoas não se preocupam da mesma forma, ficando à mercê da corrente comum, que levam muitos para um mesmo destino. A perdição.

 

“Qualquer um pode julgar um crime tão bem quanto eu, mas o que eu quero é   corrigir os motivos que levaram esse crime a ser cometido.”    (CONFÚCIO)


 

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