VOCÊ QUE CONTROLA A SITUAÇÃO OU ELA TE
CONTROLA ?
Não é difícil perceber que as pessoas
estão perdendo e saindo do seu controle, primeiro emocional e depois,
físico. Se discute o porte de armas,
enquanto centenas de pessoas estão morrendo por elas, por razões que não
justificaria matar, nem mesmo uma barata.
Por outro lado e, como sempre digo aqui, nada acontece de graça. Não bastasse o descontrole emocional (involuntário
e inconsciente), ainda há aqueles que gostam de cutucar a “sorte” com vara curta. Quando se perde o controle, perde-se com ele,
a autoridade. Não a autoridade que lhe
dá o suposto direito de matar, ofender ou machucar, mas a autoridade que lhe
garanta o controle de si próprio e da situação.
Existe uma série de fatos que nos leva
à perder o controle, diante do inesperado.
O conceito que tínhamos sobre o que é certo, está sendo sufocado por uma
enxurrada de conveniências práticas, não tão certas (se não erradas), que nos
provoca o pensamento, se não estamos nos sentindo únicos à pensar “diferente”
da grande maioria. Por ser mais fácil,
prático e não exigir esforço mental demasiado, mergulhamos nessa mesma
corredeira, sem se quer refletir, sobre onde ela vai dar mas, devemos admitir
que consequências poderão advir e teremos de lidar, boas ou ruins.
O mundo mudou, a tecnologia chegou,
com ela os eletrônicos e, lamentavelmente com ela, os celulares, sob os quais nutrimos
incondicional dependência, mais psicológica que física, fazendo-nos prisioneiros robotizados e
privando-nos mentalmente de administrar os “percalços” do nosso cotidiano. No momento que a necessidade por um celular,
se transforma num hábito rotineiro e daí para uma dependência psicológica,
estamos usando o celular, tanto quanto usamos o álcool, o cigarro ou de uma
agressividade, para desviar-nos do foco dos infortúnios emocionais (os quais
muitas vezes nem sabemos que existem), mas estão presentes.
Autoridade pode ser a altura de um
“pedestal”, criado à partir de falsos alicerces, sustentado por convicções “fictícias”,
que vão desde argumento social, militar, financeiro, profissional, entre
outros. Tais convicções não ostentariam
(por si só) o perfil correspondente, por (talvez) não ser capaz de evitar
conflitos de natureza diversa (quando não os provoca), ganhando para si (não
uma ostentação de inteligência) mas uma fama que não reflete a imagem que uma
sociedade precisa, para exercer o convívio comum. Para tal ostentação, é primordial possuir um
equilíbrio psíquico que, combinado com a posição social que ocupa, concederá ao
seu respectivo portador, uma autoridade sólida e construtiva, que objetiva o
bem comum (em vez da ignorância geral).
As novas gerações estão crescendo,
sem ter muito no que se esmerar de bom; estão sendo só criadas em vez de educadas
e, o que absorvem é o que veem (contando com a sorte de verem o melhor de cada
um). Mas todos sabemos que isso está
cada dia, mais distante. Por não
pensarem no amanhã dos filhos, estão crescendo sem as ambições de ter uma família
bem constituída e um patrimônio que lhe garanta sustento e conforto. Por não
pensar nem com a idade dos filhos, à fim de aplicar-lhe ensinamento, conforme o
seu entendimento ou por tornar-se indiferentes aos mesmos, a estatística de
crianças portadoras de transtornos e traumas, só aumenta, tornando-se adultos
com dificuldades laborais. Como se não bastasse,
além de contribuir diretamente para dar “transtorno” ao filho, ainda os
censura, por não conseguirem lidar com as consequências correspondentes. E ainda
ostentam uma autoridade “vazia”, cheia de arrogância.
O tempo urge e as oportunidades
passam (e tão cedo nos darão nova chance).
Chance de amar os filhos, chance para nos reconciliar com eles, chance
para deixar de ser orgulhoso com quem ama, que por não terem se conhecido mais,
pensam que não conseguirão do companheiro ou companheira, o apoio que ambos
precisam. Sempre digo que amor não é
sentimento, mas se podemos promover ao outro, afeto, segurança, confiança e
fidelidade, sim, então estarão amando.
É preciso ter muita confiança, para ostentar uma autoridade, porque ela
poderá deixar “rastros”, positivos ou negativos. A primeira leva tempo, já a segunda é difícil
mudar.
Construir um legado, pode levar uma
vida inteira, porque não se trata apenas de construir alicerces, mas mantê-los
em ambientes adversos. Desta forma pode-se usar as adversidades como testes, à
fim de sabermos se estamos no caminho certo ou, se é preciso corrigir posturas,
conceitos e pensamentos. A sociedade
está mudando, não reflete mais, só decide o que for mais conveniente (porque acha
que pensar faz perder tempo e oportunidades).
Mas, perder oportunidades, que nos levaria ao erro, é o mesmo que “trancarmos
as portas” e jogarmos a chave fora, dificultando (e muito), qualquer tentativa
de recomeço.
Para um bom vendedor, imagem é tudo mas,
para nós, o que vendemos, é uma imagem refletida,
na quantidade aritmética do conhecimento que adquirimos, acrescido da
capacidade de análise e reflexão, sobre a maior parte das decisões que tomamos. Parece complicado ? Pois isso se reflete no critério de escolha, de
ambientes e pessoas, com as quais desejamos estar e conviver. Muitos jovens não tiveram essas
características e caíram nas drogas e alcoolismo, porque não tiveram condições
de lidar com suas limitações. Saber
preparar os filhos, significa torná-los aptos à esses desafios (que não são
poucos). Ou seja, precisam estar no
controle, objetivando metas. Estou
exagerando ? Existe em todo planeta,
hoje, 250 milhões de usuários de drogas.
Acho que já é hora de deixarmos de
lado, a arrogância da autoridade que nutrimos, por fazer nos achar que somos
tão bons, à ponto de não enxergar o outro como deveríamos, negligenciando não
apenas a visível necessidade de ajuda, como a chance de mostrar ao mundo, que
não somos seres robotizados e que, ainda somos capazes de ser atenciosos e solidários, pois
no “final”, é isso que
mais contará.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-Didata.
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