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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

PESSOAS QUE MATAM OUTRAS - Parte II

REVELANDO SEGREDOS




Como costumo sempre dizer, nada acontece por acaso e, quer queira ou não, existe uma razão chave, para sermos ofensivos ou agressivos, para com outras pessoas, mesmo aquelas que nos são próximas. Que dirá com estranhos.

O grau ofensivo (bastante variado por sinal), com que lidamos com as pessoas, está relacionado (acredite), com o medo que sentimos por eles. Isso mesmo, medo. Medo do que irá dizer; medo do que irão pensar; medo do como irão reagir; Medo como ela irá se portar, se eu me abrir e disser que eu à amo. Medo da rejeição. Medo de perder a pessoa que ama. Ou seja, medos que se transformam em pavor (para uns) e terror, para outros. Mas o problema não acaba aqui.

Existem dois tipos de reações naturais, diante do medo. O primeiro deles é fugir, enquanto o segundo é o enfrentamento (mas que não se traduz em coragem de agir) e sim, avaliar a situação, desde que com “pé atrás”, temeroso, inseguro ou agressivo, carregando nas mãos trêmulas a sensação de como se estivesse portando algum tipo de objeto para se defender. Uma sensação que faz elevar a adrenalina. A pessoa teme a outra, até que descubra o que pensa, o que sente ou que irá dizer ou fazer. Até lá, vai preferir continuar (psicologicamente) “armado”, sem dar chances ao coração, de manifestar seus sentimentos. É a mente protegendo o corpo da possível ameaça. Uma ameaça que pode levar horas, dias, meses ou anos, porque não se manifesta, para declarar realmente o que sente ou que acontece consigo. Se não dissermos o que precisa ser dito, damos ao outro o direito de ficar apreensivo, temeroso, inseguro, indiferente ou até mesmo, agressivo.

Os tempos mudam e a sociedade principalmente. Aprenderam à nutrir o medo (pra se sentirem seguros) e agora passam este medo adiante, para os que estão “chegando”, sendo agora mais um obstáculo nas relações humanas (já conflitantes). Um medo que já alcança níveis alarmantes, como se o ser humano tivesse ultrapassando os próprios limites. A velha regra de estar com o “dedo nervoso” ao segurar uma arma, também vale (acredite), para nossa língua, uma arma poderosa, que pode deflagrar guerras entre pessoas estranhas e entre familiares (tornando-os estranhos entre si). Guerras sangrentas, guerras de vingança, por herança, por traições e rompimentos. O tipo de guerra que não se encontra diálogo, onde o primeiro impulso é o dolo, decidindo apenas, do que fará uso, para causá-lo. A língua é o carrasco, porque já foi ordenada inconscientemente, à agir.

Uma criança que sofre uma repreenda severa, pode desencadear nela um medo que, dependendo, poderá inibi-la de partilhar dores ou tristeza, até o limite do suportável. Também já havia afirmado que, em namoros se criam expectativas diversas à cerca do outro. Mas, do que adianta criar tanta expectativa, se não forem compartilhadas entre si ? É o mesmo que idealizar sonhos, fantasias, que muitas vezes acabam se tornando filmes de terror. Relações amorosas estão se tornando contratos de propriedade, tendo como principal punição rescisória, a morte. Isso, pela pressa em se unir ou, pela pressa em se romper ou, pelo risco de se perdoar a primeira agressão (pelo medo de ficar só e ainda ter que ouvir dos outros: “Não foi por falta de aviso”).

Pessoas escondem segredos, guardam consigo, por medo do julgamento do outro e, ambos sofrem por isso, por não se fazer revelar, o que para ambos, seria positivo. Pessoas também seguram ressentimentos eternos, ferem e machucam à outros, porque não conseguem revelar sua dor, por medo do julgamento daqueles, à quem faz sofrer, fazendo sofrer à ambos. É o medo reinando, imperando e causando dor (quando não mata e não destrói, pessoas e famílias inteiras). O medo é uma arma inconsciente, um meio de proteger o próprio corpo. Mas isso só acontece, porque não conseguimos nutrir aprendizados, para nós e, depois compartilhar.

A Bíblia diz, que o pecado é uma porta larga e sempre aberta. Tal qual é o medo, sempre disponível e acessível. Se não conseguirmos nutrir aprendizados, se não conseguirmos deixar de nutrir o medo, resta então o “plano B”, que é estabelecer o que realmente queremos pra nós. Que tipo de pessoas queremos ser e que tipo de imagem queremos passar aos filhos (ou perante à sociedade), porque irão esmerar-se mais, no que veem, do que dos conselhos que ouvem (por mais que pregamos). Se não for assim, seus inconscientes adotarão o medo por proteção e a repulsa, ofensa e indiferença como armas, para se protegerem das pessoas e, à julgar pela loucura que está o mundo, dá pra notar que não andamos nos esmerando muito, para passar bons exemplos.

Ou fazemos hoje, o que é certo, ou seremos doravante, escravos de nós mesmos. Se soubermos o que queremos para nós, se soubermos o porquê de estarmos fazendo nosso trabalho (não apenas para o pão de cada dia), mas para provermos e mantermos, para nós e os que amamos, segurança, estabilidade e bem estar, nenhum trabalho será entendiado, nenhum curso universitário terá a sensação que não seja “sua praia” e o fará com muito mais emprenho, dedicação e orgulho, sabendo para quê o está fazendo (não apenas por fazer). Estudar o mercado e a profissão antes mesmo de concluí-la, para levantar “filões” e brechas, de como e onde irá explorar seus conhecimentos, é melhor do que ficar esperando eternamente pelo emprego ideal tão sonhado e que, quando ainda surgir, nunca será o que sempre quis, além de passar a vida inteira procurando.

O medo não só aprisiona, ele nos limita. Precisamos exercitar e incentivar o raciocínio, o discernimento, a reflexão, valer-nos de forma mais produtiva, dos conhecimentos que adquirimos diariamente e, se ainda sofremos, é porque não estamos aprendendo nada ou, os ambientes que frequentamos, não estão oferecendo nada de útil, que possa nos promover estabilidade e bem estar. Nossa estabilidade psicoemocional é conseguida somente, de forma indireta, isto é, precisamos nutrir informações de qualidade e deixar que nossa mente se encarregue de processar e nos devolver de forma útil, produtiva e emocionalmente estável.

Está na hora de sermos mais seletos no aprender pois, se almejamos ser pessoas sócio emocionalmente estáveis e produtivas, precisamos selecionar melhor, a fonte dos nossos conhecimentos, porque certamente isso irá reduzir (e muito), nossos níveis de estresse e de medo, com relação à tudo e à todos, reduzindo junto, a insegurança e a adrenalina, permitindo-nos lidar melhor com as adversidades, sem precisar ofender, agredir ou matar, como resposta.

Nosso inconsciente se vale do mercado livre de opções de respostas, presentes ao redor, embora não muito ético e moralmente falando. Neste mesmo mercado, está faltando mais produtos, os bons exemplos, que não é tão bem divulgado, quanto os erros. Policiais, de tanto medo (imposto por eles mesmos, aos bandidos), já chegam ao local da ocorrência, com arma em punho e “dedo nervoso”. Assaltantes (por medo que a vítima seja policial), matam ao menor esboço de reação. Políticos se valem da revolta da população, por seus entes vitimados, para aprovar o porte de arma. Quem nos governa de fato ?

O medo é uma correnteza forte, tal qual deve ser nosso empenho na manutenção do pensamento certo, sem influências, ainda que seja o único à pensar diferente, pois que nada adiantará juntar-se à uma legião de apavorados, para agir conforme a conveniência comum, imediatista e descontrolada, quando não agressiva (como em torcidas organizadas) ou violenta (como em casos também, de linchamento público). Quando se extravasa raiva, perde-se o medo de ser nós mesmos, para sermos a pessoa mais assustada do mundo, que usa da violência para bater em “tudo que já lhe causou medo e pavor, quando criança”. É o único momento que não temos medo de nada.





Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.

               

NOTA:  Prezados Leitores, estarei me ausentando por algumas           
             semanas, para realização de uma cirurgia e respectivo
             tempo de recuperação. Trata-se de um tumor benigno, que  
             surgiu na base do crânio e cuja cirurgia é a única opção. 
             Conto com o apoio de todos para manutenção do nosso 
             blog, bem como a continuidade de sua divulgação.
              Conto também com as orações e vibrações de todos.  
             Manterei à todos, informados, na medida do possível.  
          Estarei de volta, em breve, dando continuidade em    
          nosso trabalho.  Deus abençoe à todos.  Até breve.

           (Professor Amadeu Epifânio - Psicanalista) 




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