Nos dias de hoje, é lamentavelmente
comum o fato de existirem pessoas que perseguem e oprimem outras pessoas e o
que é pior, não se dão conta do quanto de mal e dor estão causando. A parte que eu lamento é que isso têm cura,
mas por causa dessas ações serem de caráter involuntário (nem mesmo o opressor
admite e dá-se conta do que faz), o outro lado continuará sofrendo
ininterruptamente. Alguns meses de curso
de Psicanálise me foram suficientes para descobrir causas para fatos até então,
considerados inexplicáveis.
Este temperamento tem fundamento
psicanalítico, ou seja: “Freud explica”.
Tudo começa ainda na infância
quando, por causa das nossas travessuras e pirraças, atraímos o foco de nossos
pais e com eles as repreendas, os castigos e as broncas. É da natureza de qualquer criança, ainda
pequena, o desejo de revidar aos pais os castigos e broncas (quando não pior),
na ânsia de vê-los sentir a mesma “pimenta”, que para os outros é sempre
refresco.
Obviamente isso não é possível, dada a
diferença de tamanho entre “papai e eu”.
Em razão disso este desejo de revide não se desfaz, mas fica reprimido
(guardado) à espera de quando crescer, poder enfim “dar o troco”. Mas aí surge um dilema. Agora que está crescido, o filho gosta do
papai e mamãe de hoje, mas ainda têm internalizado dentro de si, a imagem dos
pais de ontem, que machucaram e castigaram muito. Como resolver isso ?
Quando não é possível o filho (depois de
crescido) revidar os castigos nos pais atuais, ele então escolhe
inconscientemente o que a psicanálise chama de “suporte”, que será uma pessoa
ou um grupo de pessoas (como em cargos de chefia), para tratá-los como gostaria
de tratar os pais internalizados, valendo-se da realidade presente (e não do
passado) para “maltratar” os personagens de meus pais, aqui sim, do passado.
Como num Bullying, em geral escolhe-se
pessoas mais indefesas ou subalternos, para que sinta maior liberdade em agir,
não como chefe ou pai, mas como um filho que devolve aos pais todos os castigos
que sofreu (na concepção de uma criança).
Essa atitude nunca terá um fim, enquanto não se passar por análise, com
um psicanalista, para que este possa desmontar dentro de nós, as fantasias
geradas no passado. Os pais
internalizados, após passar por análise, não serão apagados e sim equiparados
com os pais atuais (que se espera serem melhores que os do passado).
Vejam, apesar de ser uma ocorrência
comum à todos nós, isso nem sempre acontece, pois uma criança que é tratada com
amor, afeto e diálogo (e não a palmatória), têm sufocados essas fantasias
dentro de si e os pais internalizados não ficam com a imagem tão distante do atual,
que é positiva. Por outro lado, adultos
que revidam nos outros as “chagas” do passado, é porque muito provavelmente, os
pais mantiveram a mesma equiparação com a imagem dos pais internalizados, ou
seja, a negativa.
Decida que imagem você quer deixar nos
filhos, internalizados e ao vivo, para depois não reclamar ou lamentar. Problemas emocionais que muitos jovens e
adolescentes passam, são na verdade mecanismos defesa da mente, misturados um
pouco com instinto de sobrevivência, quando a negligência vai além da
conta. Pais, estão em suas mãos o
destino que os filhos irão fazer uso para seguir suas vidas, com tranquilidade
ou... com traumas.
Ninguém faz nada se não em razão de algo
que o motive.
Nada incomoda até... que nos
incomoda. Pensem nisso.
Amadeu Epifânio
Projeto Conscientizar – Viver bem é
Possível !
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