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sábado, 20 de julho de 2013

QUANDO MACHUCAMOS E NÃO PERCEBEMOS.



Nos dias de hoje, é lamentavelmente comum o fato de existirem pessoas que perseguem e oprimem outras pessoas e o que é pior, não se dão conta do quanto de mal e dor estão causando.  A parte que eu lamento é que isso têm cura, mas por causa dessas ações serem de caráter involuntário (nem mesmo o opressor admite e dá-se conta do que faz), o outro lado continuará sofrendo ininterruptamente.  Alguns meses de curso de Psicanálise me foram suficientes para descobrir causas para fatos até então, considerados inexplicáveis.

Este temperamento tem fundamento psicanalítico, ou seja: “Freud explica”.   Tudo começa ainda na infância quando, por causa das nossas travessuras e pirraças, atraímos o foco de nossos pais e com eles as repreendas, os castigos e as broncas.  É da natureza de qualquer criança, ainda pequena, o desejo de revidar aos pais os castigos e broncas (quando não pior), na ânsia de vê-los sentir a mesma “pimenta”, que para os outros é sempre refresco.

Obviamente isso não é possível, dada a diferença de tamanho entre “papai e eu”.  Em razão disso este desejo de revide não se desfaz, mas fica reprimido (guardado) à espera de quando crescer, poder enfim “dar o troco”.   Mas aí surge um dilema.  Agora que está crescido, o filho gosta do papai e mamãe de hoje, mas ainda têm internalizado dentro de si, a imagem dos pais de ontem, que machucaram e castigaram muito.  Como resolver isso ?

Quando não é possível o filho (depois de crescido) revidar os castigos nos pais atuais, ele então escolhe inconscientemente o que a psicanálise chama de “suporte”, que será uma pessoa ou um grupo de pessoas (como em cargos de chefia), para tratá-los como gostaria de tratar os pais internalizados, valendo-se da realidade presente (e não do passado) para “maltratar” os personagens de meus pais, aqui sim, do passado.
Como num Bullying, em geral escolhe-se pessoas mais indefesas ou subalternos, para que sinta maior liberdade em agir, não como chefe ou pai, mas como um filho que devolve aos pais todos os castigos que sofreu (na concepção de uma criança).  Essa atitude nunca terá um fim, enquanto não se passar por análise, com um psicanalista, para que este possa desmontar dentro de nós, as fantasias geradas no passado.  Os pais internalizados, após passar por análise, não serão apagados e sim equiparados com os pais atuais (que se espera serem melhores que os do passado).

Vejam, apesar de ser uma ocorrência comum à todos nós, isso nem sempre acontece, pois uma criança que é tratada com amor, afeto e diálogo (e não a palmatória), têm sufocados essas fantasias dentro de si e os pais internalizados não ficam com a imagem tão distante do atual, que é positiva.  Por outro lado, adultos que revidam nos outros as “chagas” do passado, é porque muito provavelmente, os pais mantiveram a mesma equiparação com a imagem dos pais internalizados, ou seja, a negativa.

Decida que imagem você quer deixar nos filhos, internalizados e ao vivo, para depois não reclamar ou lamentar.  Problemas emocionais que muitos jovens e adolescentes passam, são na verdade mecanismos defesa da mente, misturados um pouco com instinto de sobrevivência, quando a negligência vai além da conta.  Pais, estão em suas mãos o destino que os filhos irão fazer uso para seguir suas vidas, com tranquilidade ou... com traumas.

Ninguém faz nada se não em razão de algo que o motive.

Nada incomoda até... que nos incomoda.  Pensem nisso.


                                                                          Amadeu Epifânio



Projeto Conscientizar – Viver bem é Possível !

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