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terça-feira, 14 de julho de 2020

PEDOFILIA


INGENUIDADE MACULADA E COMERCIALIZADA.


Eis um grande dilema para a justiça, em como tratar um tema tão polêmico quanto bizarro, isto é, a exploração da ingenuidade sexual infantil ?  Existem algumas questões à serem analisadas aqui. A perversão de quem explora e de quem compra o material pornográfico e (não poderíamos deixar de fora), a negligência da família na percepção da mudança de hábitos da criança (considerando que o que ela passa, é um trauma silenciador).

Coloquei em vários artigos, a faixa etária infantil para o risco de constituição de transtornos.  Na pedofilia a faixa etária de estende um pouco mais, embora não seja tão fácil definir a idade limite, porque envolve questão da ingenuidade, que pode estar numa extensa faixa etária, em razão do modo de vida, convivência familiar e ambiente social.

O tipo de convivência familiar que, quanto mais conflituoso, são maiores as chances da criança sair mais cedo (do que seria o habitual), do seu quadro de ingenuidade, para um perfil mais amadurecido, embora ainda esteja repleta de medos e questionamentos não respondidos.  A relação arredia dos pais para com os filhos também afeta o perfil ingênuo da criança, podendo tender, tanto para o isolamento quanto para a agressividade e rebeldia. Pais que trabalham fora, podem perder o trato afetivo com os filhos, preocupando-se mais aos estudos, alimentação, saúde, etc, também é fator agravante que à torna vulnerável.

Tudo isso são fatores que acabam corroborando para a proximidade de pessoas que objetivam o propósito pedófilo, cuja promessa desses, vão de encontro com os anseios da criança em sair ou fugir de um lugar tão conflituoso, para outro que o inconsciente dela, acaba julgando como sendo mais “seguro”.  Ou seja, quanto maiores os problemas pelos quais passam as crianças, maiores as chances de tornarem-se vulneráveis diante dos pedófilos, que tentam se aproximar pelas formas mais diversas, como através de celulares, internet, pessoalmente (através de promessas e presentes), etc.

Já o perfil pedófilo, também está associado à problemas ligados à infância (que não justifica cometer tais crimes), mas se valem da vulnerabilidade e ingenuidade infantil, com objetivo de macular e comercializá-los.   Pedofilia não está ligado diretamente com o fato de ter sofrido abuso, para agora manifestar seus traumas.  Pode estar ligado com a fase de prazer e erotismo, que (segundo Freud) mesmo não conseguindo compreender o que significa, sentem alguma “coisa estranha”.  Em cada idade existe sua fase erógena, à começar pela boca, quando suga o leite materno.   Quando sai do banho e  o adulto o seca, ao passar pelas partes genitais, a criança também sente o erotismo, embora não o compreenda.  Em seguida vem a fase anal, em casos de prisão de ventre, quando além da dor, vem a sensação de prazer, à qual também não compreende seus sentidos. 

Tudo isso é sentido em diversos momentos da primeira infância, quando todos seus sentidos são suprimidos e negligenciados e, cujo sentimento de frustração é colocado no reprimido, pelo seu inconsciente imaturo (Id).   Depois de crescido, o corpo adulto é quase um poder adquirido, para satisfazer seus prazeres reprimidos, usando outras crianças como personagens de si próprio (quando pequeno), embora agindo sob influência do seu inconsciente inconsequente.  Muitas coisas, mesmo considerados como bizarros, insanos ou libidinosos, são promovidos involuntariamente por nosso inconsciente Id.

Esse processo de erotismo se estende na fase juvenil e adolescente, embora com variações de intensidade e prazer, elevado ou reprimido em diversos momentos, quando se sente livre para manifestá-lo (pela masturbação ou sexo) ou coibido quando descoberto, reprimindo forçosamente seu prazer, tornando-o ainda mais intenso e buscando novas oportunidades para satisfazê-lo. 

As variações de intensidade pode atingir altos níveis que, combinado com a formação de vida e valores que lhe foram passados (quando são), o jovem (agora já adolescente), estabelece certos critérios e conceitos, os quais doravante, adotará, sem levar em conta até mesmo os momentos bons em família, que por ventura possa vir à ter e gozar, já sabendo que não se repetirão tão cedo.   Quanto mais intenso são, seus desejos reprimidos, menos criterioso suas escolhas de contato e influência externa. 

Resumindo, assim como acidentes aéreos ocorrem por causa de uma sequência de erros e falhas, também a pedofilia (e sua comercialização), ocorrem também por uma sequência de situações que combinadas, podem resultar em atos libidinosos.  Inocentes por isso ?  Evidente que não.  Isso porque as mesmas informações e conhecimentos, provenientes de um mesmo ambiente de convivência, estão disponíveis tanto para pessoas boas, quanto para pessoas ruins, cuja formação foi contaminada com uma série de fatos que, aritmeticamente falando, converteram seus valores, banalizando todos os critérios éticos, afetivos e morais.


Nada acontece por acaso, pelo fato de sermos influenciados por nossos inconscientes (especialmente o inconsequente), que não pressente perigo nem mede consequências, além de concorrer para o equilíbrio psíquico do corpo, sempre dentro do seu modo de vida, corroborando no que puder para satisfazer seus desejos, para não perder o controle sobre o corpo que o abriga.  Existe o inconsciente Ego, que deveria nos prover com respostas racionais porém, o mesmo também foi comprometido pelo mesmo ambiente, contando agora com seus dois inconscientes, o ajudando em seus crimes hediondos.

O que se faz agora com as crianças, 
é o que elas farão depois com a sociedade. 

                                                     (Karl Mannheim – Sociólogo)

Professor Amadeu Epifânio 
Pesquisador/Psicanalista Autodidata.











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