INGENUIDADE MACULADA E COMERCIALIZADA.
Eis um grande dilema
para a justiça, em como tratar um tema tão polêmico quanto bizarro, isto é, a
exploração da ingenuidade sexual infantil ?
Existem algumas questões à serem analisadas aqui. A perversão de quem
explora e de quem compra o material pornográfico e (não poderíamos deixar de
fora), a negligência da família na percepção da mudança de hábitos da criança
(considerando que o que ela passa, é um trauma silenciador).
Coloquei em vários
artigos, a faixa etária infantil para o risco de constituição de
transtornos. Na pedofilia a faixa etária
de estende um pouco mais, embora não seja tão fácil definir a idade limite,
porque envolve questão da ingenuidade, que pode estar numa extensa faixa etária,
em razão do modo de vida, convivência familiar e ambiente social.
O tipo de convivência
familiar que, quanto mais conflituoso, são maiores as chances da criança sair mais
cedo (do que seria o habitual), do seu quadro de ingenuidade, para um perfil
mais amadurecido, embora ainda esteja repleta de medos e questionamentos não
respondidos. A relação arredia dos pais
para com os filhos também afeta o perfil ingênuo da criança, podendo tender,
tanto para o isolamento quanto para a agressividade e rebeldia. Pais que
trabalham fora, podem perder o trato afetivo com os filhos, preocupando-se mais
aos estudos, alimentação, saúde, etc, também é fator agravante que à torna
vulnerável.
Tudo isso são fatores
que acabam corroborando para a proximidade de pessoas que objetivam o propósito
pedófilo, cuja promessa desses, vão de encontro com os anseios da criança em
sair ou fugir de um lugar tão conflituoso, para outro que o inconsciente dela,
acaba julgando como sendo mais “seguro”.
Ou seja, quanto maiores os problemas pelos quais passam as crianças,
maiores as chances de tornarem-se vulneráveis diante dos pedófilos, que tentam
se aproximar pelas formas mais diversas, como através de celulares, internet,
pessoalmente (através de promessas e presentes), etc.
Já o perfil pedófilo,
também está associado à problemas ligados à infância (que não justifica cometer
tais crimes), mas se valem da vulnerabilidade e ingenuidade infantil, com
objetivo de macular e comercializá-los.
Pedofilia não está ligado diretamente com o fato de ter sofrido abuso,
para agora manifestar seus traumas. Pode
estar ligado com a fase de prazer e erotismo, que (segundo Freud) mesmo não
conseguindo compreender o que significa, sentem alguma “coisa estranha”. Em cada idade existe sua fase erógena, à
começar pela boca, quando suga o leite materno. Quando sai do banho e o adulto o seca, ao passar pelas partes genitais,
a criança também sente o erotismo, embora não o compreenda. Em seguida vem a fase anal, em casos de
prisão de ventre, quando além da dor, vem a sensação de prazer, à qual também
não compreende seus sentidos.
Tudo isso é sentido em
diversos momentos da primeira infância, quando todos seus sentidos são suprimidos
e negligenciados e, cujo sentimento de frustração é colocado no reprimido, pelo
seu inconsciente imaturo (Id). Depois
de crescido, o corpo adulto é quase um poder adquirido, para satisfazer seus
prazeres reprimidos, usando outras crianças como personagens de si próprio
(quando pequeno), embora agindo sob influência do seu inconsciente
inconsequente. Muitas coisas, mesmo
considerados como bizarros, insanos ou libidinosos, são promovidos
involuntariamente por nosso inconsciente Id.
Esse processo de
erotismo se estende na fase juvenil e adolescente, embora com variações de
intensidade e prazer, elevado ou reprimido em diversos momentos, quando se
sente livre para manifestá-lo (pela masturbação ou sexo) ou coibido quando descoberto,
reprimindo forçosamente seu prazer, tornando-o ainda mais intenso e buscando
novas oportunidades para satisfazê-lo.
As variações de
intensidade pode atingir altos níveis que, combinado com a formação de vida e
valores que lhe foram passados (quando são), o jovem (agora já adolescente),
estabelece certos critérios e conceitos, os quais doravante, adotará, sem levar
em conta até mesmo os momentos bons em família, que por ventura possa vir à ter
e gozar, já sabendo que não se repetirão tão cedo. Quanto mais intenso são, seus desejos
reprimidos, menos criterioso suas escolhas de contato e influência externa.
Resumindo, assim como
acidentes aéreos ocorrem por causa de uma sequência de erros e falhas, também a
pedofilia (e sua comercialização), ocorrem também por uma sequência de
situações que combinadas, podem resultar em atos libidinosos. Inocentes por isso ? Evidente que não. Isso porque as mesmas informações e
conhecimentos, provenientes de um mesmo ambiente de convivência, estão
disponíveis tanto para pessoas boas, quanto para pessoas ruins, cuja formação
foi contaminada com uma série de fatos que, aritmeticamente falando,
converteram seus valores, banalizando todos os critérios éticos, afetivos e
morais.
Nada acontece por acaso, pelo fato de sermos influenciados por
nossos inconscientes (especialmente o inconsequente), que não pressente perigo
nem mede consequências, além de concorrer para o equilíbrio psíquico do corpo,
sempre dentro do seu modo de vida, corroborando no que puder para satisfazer
seus desejos, para não perder o controle sobre o corpo que o abriga. Existe o inconsciente Ego, que deveria nos
prover com respostas racionais porém, o mesmo também foi comprometido pelo
mesmo ambiente, contando agora com seus dois inconscientes, o ajudando em seus
crimes hediondos.
O que se faz agora com as crianças,
é o que elas farão depois com
a sociedade.
(Karl Mannheim – Sociólogo)
Professor Amadeu
Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Autodidata.
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