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domingo, 21 de maio de 2017

EM DEPRESSÃO...

Uma mina plantada dentro do próprio lar.


A analogia parece ser um tanto drástica (admito), porém, não está muito longe de sua real expressividade. Eu vou mostrar.

O que acontece com um depressivo na fase adulta (a partir da sua adolescência) é produto da influência de seu inconsciente machucado, em algum momento de sua infância precoce, ou seja, entre os 3 e 6 anos de idade, aproximadamente.

Mas porque essa idade ? Por ser um momento delicado e sensível na vida de uma criança, quando a inocência ainda à impede de compreender certos momentos da sua vida, restando apenas absorver e obrigatoriamente aceitar, mesmo que lhe cause tamanha dor.

Quando um sentimento ultrapassa o limite de suportar (em razão, repito, da ausência significativa de entendimento), o mesmo é gravado em seu inconsciente, em local específico e destinado às nossas experiências emocionais), em condição suspensa enquanto não é de alguma forma cobrada.

O momento fatídico à que me refiro consiste na ofensa feita à criança, de caráter depreciativo. Coisas do tipo: “Você nunca faz nada direito” ou “Nunca vai ser nada na vida” ou “Você não leva jeito pra nada”, etc. Essas frases (bem como outras de mesma natureza), por si só não causaria tanto estrago, não fosse também pelo fato de quem às dissesse.

Isso mesmo, o que causa estrago não são bem as palavras. Quando me refiro à faixa etária precoce, além da inocência existe também o fato de que toda criança (salvo exceções), tem verdadeira idolatria aos seus genitores e outros parentes e, quando é um deles (em geral os pais) que dirige aos filhos certas palavras de forma ofensiva e depreciativa (ainda que em momentos de breve irritação), causa impacto semelhante ao soldado que pisa numa mina e perde uma perna, ou seja, é algo que fica marcado para sempre, porque fica gravado em seu inconsciente como uma cicatriz que nunca se fecha.

Mas, claro, todas as famílias passam por isso e nem todas tem em seus membros, pessoas com depressão. Sem dúvida. Contudo, o que faz diferenciar entre si, essas famílias, está justamente na sua convivência, sendo esta, o fator que poderá (ou não) fazer desenvolver na criança, sua depressão.   Como assim ?

A partir do momento que um trauma é desencadeado numa criança, ele funciona como um “marco zero”, ou seja, estabelece o ponto de partida para certificar-se se foi só uma vez ou ocorrerão outras vezes. O fato de haver num ambiente a frequência de conflitos em família, denota ausência de maturidade afetiva, levando o inconsciente daquela criança (machucada emocionalmente) a sustentar a prerrogativa de que a ofensa recebida não foi um acidente.

Para o inconsciente (como administrador emocional), isso representa um risco à estabilidade psíquica do corpo onde “reside”, de forma que não deverá ficar com essa ofensa gravada por muito tempo, devendo fazer com que seja o quanto antes, eliminado.

O inconsciente espera então, que o corpo adquira idade e maturidade para conhecer e entender o que se passou, do contrário acredita que o corpo ficará com seu psicoemocional comprometido. Via de regra o inconsciente espera que o corpo chegue à idade juvenil para fazer lembrar-lhe do ocorrido porém, não de forma clara como gostaríamos. O que ele faz é fazer lembrar apenas a emoção sentida por ocasião da ofensa. O teor da emoção está diretamente ligado à idade em que se começa os primeiros sintomas, que até pode ser (o que eu chamo de) a pré-puberdade, ou seja, entre 8 à 12 anos. Não sendo o trauma tão expressivo, essa idade pode chegar entre 14/16 anos (ou mais tarde, conforme o caso). Existe depressão de graus diferentes.

A partir do momento que se inicia os sintomas, a pessoa acaba sendo submetida à um ciclo, onde a própria lembrança acaba desencadeando outros sintomas, de forma ininterrupta.

O que se sugere como tratamento são duas frentes de abordagem, ou seja, de um lado uma medicação que lhe promova a retomada do seu auto controle (como inibidor da influência inconsciente e para corresponder melhor ao tratamento). A segunda forma é a terapia, mais especificamente uma regressão, até o momento em que lhe ocorreu o fator gerador da depressão, para fazer conhecer o trauma e pôr fim a influência perturbadora.

A regressão, nesses casos é indicada porque o depressivo, por sua condição limítrofe, não conseguiria se manter ao tratamento tradicional de sessões prolongadas, vindo a desistir antes de obter os primeiros resultados.

Não carece ficar tentando lembrar do que pode ter lhe ocorrido, porque a lembrança é bloqueada e protegida, até que possa ser extraída por terapia regressiva. Cabe aos pais agora, apenas o apoio, para que o calvário seja logo extinto ou no mínimo, atenuado.

FATOR COMUM

Algo que é muito comum em depressivos é a baixa autoestima, em virtude de sua condição atual, da falta de entendimento dos que lhe são próximos, da falta de expectativa de melhora. É difícil dar dicas quando as mesmas depende de outros fatores, como cooperação por exemplo, de familiares, em fazer direito a “lição de casa”, sob pena de queimar de vez, novas tentativas.

Uma sugestão que faço é fazer uma lista de anseios, desejos e conquistas do depressivo, de quando antes de manifestar os primeiros sintomas. Os itens dessa lista deverá ser relembrado de forma alternativa (nunca junto de uma só vez), acrescido de um pedido da pessoa de quem ela mais estimava (antes da depressão), sob alegação de fazer junto, estimular repetir o mesmo feito, etc. Não significa dizer que não gostava dos demais, mas é comum, nessas horas, termos uma ligação mais próxima de alguém.

É preciso muito pouco para destruir uma pessoa, mas onde haja amor, não é necessário que se leve a vida inteira para reconstruir a sua vida.


Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador / Psicanalista

PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência Pregressa em Respostas Emocionais


             

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