QUAL SERIA O TRATAMENTO IDEAL PARA O DEPENDENTE QUÍMICO ?
Dependência química (da experiência ao consumo compulsivo) dá-se de
forma involuntária (acredite). Como ?
Estamos nos esquecendo de um detalhe de grande importância, que faz uma
enorme diferença na nossa vida cotidiana. Somos duas metades de uma mesma
laranja, isto é, nosso lado consciente e nosso lado inconsciente. Ambos travam (ininterruptamente) uma batalha invisível pelo controle do
nosso corpo e da nossa vontade, sendo que, somos em cada momento o resultado
parcial desta batalha.
Pois bem, enquanto sob controle do lado consciente (assegurado por nosso
nível estável de tolerância), nossa mente (cujo qual tem o propósito de
promover nosso bem estar e equilíbrio psíquico), está em constante campanha,
buscando entre toda infinidade de nosso acervo, em outras palavras, tudo que
assimilamos, sempre até o presente momento em que uma demanda lhe é solicitada,
seja para solucionar uma dúvida ou buscar algo significativo e específico, para
lhe atenuar um desconforto emocional.
Existe ainda um outro personagem, conhecido como "impulsos
emocionais", de natureza também inconsciente, cujo qual tem o mesmo dever,
ou seja, o de nos atender em nossas demandas conscientes. Esse "carinha" se diferencia do seu "colega
de trabalho" por uma postura não muito adequada, para que seu trabalho
pudesse nos traduzir em manifestações seguras ou saudáveis, quando não de
natureza arriscada, quanto à nos causar alguma forma de risco, emocional,
psicológico, de vida ou à terceiros.
Como foi dito acima em parênteses "assegurado por nosso nível
estável de tolerância", é esta característica que basicamente nos
condiciona ao comando dos lados tanto consciente quanto inconsciente ou, mais
para um deles do que para o outro (raro são as pessoas que conduzem os dois de
forma equilibrada).
Pois bem, enquanto os níveis de tolerância nos permitir estar no
controle do nosso estado consciente, nossa mente está tendo todo tempo do mundo
para encontrar em nosso "palheiro" (acervo), a "agulha" do tamanho específico,
cuja qual lhe foi designada à procurar, o que irá demandar certo tempo para
achar, concordam ? Porém, como somos todos, seres dotados de enorme paciência
(como bons baianos rsrs), não caberia nos incomodar com o tempo que levaria
nossa mente para encontrar o objeto da sua busca, não é verdade ?
Mas... como na verdade não somos assim e estamos "chutando o
balde" cada vez mais cedo, automaticamente, isto é, sem nossa própria
anuência e autorização, transferimos e outorgamos a tarefa de encontrar
nossa demanda (quase sempre emocional e elevada) agora, aos nossos impulsos
emocionais, que não mais terá a mesma paciência e ofício (do seu colega de trabalho) de buscar respostas em
nosso acervo. Em oposto à isso, ele nos atenderá em nossa demanda com o
que puder valer-se, ou seja, do que "estiver à mão" (justificando aqui o que
quis dizer quanto à nos colocar em condição de risco, que podemos definir
citando as principais posturas nossas, de naturezas involuntárias e
incompreensíveis na grande maioria das vezes.
* A experimentação de uma cocaína (que por ventura lhe esteja ao alcance
nesse momento);
* O sacar de uma arma ou uma faca contra a companheira que não lhe quis
mais;
* A ofensa verbal contra uma pessoa que muito amamos;
* Uma atitude estúpida e repentina na estrada, causando acidente grave;
* Vale-se de um porrete para agredir uma pessoa no trânsito;
* Vale-se da própria condição física ou de arte marcial para agredir
pessoas que nem conhece;
* Intolerância racial, homofóbica e prática de Bullying estão nesta
lista;
* Voltar à consumir drogas, pois a abstinência o fez ver-se impotente
diante dela;
* Idem para o alcoolismo, mas por razões distintas em relação à drogas;
* Perder o controle da razão diante de situações repentinas, difíceis e
inaceitáveis;
* Manifestação de crises de raiva, choro ou crises de transtornos
psiquiátricos;
* Está nesta lista também as ideações (e consumações) suicidas, todas de
natureza involuntária e inconsciente que, por não saber, associa a causa à um
fato presente ou possível;
Somente quando o emocional inconsciente atender-nos de forma completa
(não apenas agindo mas aguardando o resultado do feito), é que voltaremos ao
nosso estado consciente.
Portanto, respondendo à pergunta, sobre qual seria o tratamento ideal
para o dependente químico, eu responderia da seguinte forma:
1) Fazer conhecer os fatores que o levaram às drogas e à dependência
compulsiva;
2) Fazê-lo conhecer que o prazer gerado, da primeira experiência (ou
primeiro consumo) ficou gravado no inconsciente, que à partir de então fará uso
desta lembrança, sempre que seu estado emocional extrapolar os limites do seu
nível de tolerância (agora em níveis muito baixos);
3) Fazê-lo entender que à partir de agora ele, o dependente, é resultado
vencido (momentaneamente), da batalha entre o consciente e inconsciente;
4) Fazê-lo entender que vencer essa batalha não é eliminar esse
"oponente", mas sim, trazê-lo para o seu lado, fazendo com que,
gradativamente, ele vá substituindo a lembrança do prazer negativo da droga,
por novas informações úteis, saudáveis e positivas, através do resgate de tudo
que tinha ou de novas conquistas que obterá à partir de agora.
5) Fazê-lo entender que o tratamento não se resume apenas em se
desintoxicar das drogas, mas o de construir dentro de si, novos propósitos,
cujo os quais deverá perseguir, para manter-se sempre no controle do estado
consciente, da sua razão e dos níveis de tolerância (elevando principalmente
sua capacidade de resiliência, que não lhe evita cair mas, levantar-se mais
rápido).
6) A família tem participação ativa, direta e indireta na inserção às
drogas, de forma que agora ela precisa ser "pilar" essencial na hora
do filho erguer-se novamente.
7) Fazer os pais entender que a inclusão do filho às drogas não foi uma
atitude voluntária, mas de um processo e resultado aritmético da convivência em
família, com os pais (ou com um deles) e que, portando, não cabe agora nenhuma
soberba ou jogo de culpa nem prepotência ou arrogância, de achar que o filho
não tenha valorizado tudo que fez por ele (talvez até demais).
8) Fazer entender aos pais que, em se tratando de filhos, estaremos
sempre em débito com eles, pois sempre haverá algo que deixamos de dizer, fazer
ou...de ser.
9) Por último, dizer ao ex-dependente que, por estar saindo de uma
guerra, natural que todos vão perceber e falar e comentar, que ele deve estar
preparado, tanto em saber lidar quanto para não relevar. Mas como a
melhor defesa é sempre o ataque, é a sua nova postura de vencedor que irá
discipliná-los.
10) A imagem acima, em referência ao filme duro de matar (de Bruce
Willis), é para servir de motivação, que é
na dureza que se vence uma batalha e não importa como saímos dela, desde que,
vencedores.
BOM SERIA CRIARMOS A CAMPANHA DO "USUÁRIO ZERO", COM OBJETIVO DE NÃO HAVER NOVOS DEPENDENTES, EM QUALQUER PARTE DO PLANETA.
Mas acho que isso é pedir demais pra essas famílias que estão aí.
ProfAmadeu Epifânio
Nenhum comentário:
Postar um comentário