...OS FILHOS NAUFRAGA.
Onde
foi que eu errei ?!
Esta
parece ser a pergunta que não cala, quando nos deparamos com algo que põe em
cheque (mate) tudo que acreditamos ter feito pelos nossos filhos, no que
concerne à educação de forma geral. Fazemos
sempre o que acreditamos ser o certo e acabamos por transferir este mesmo
raciocínio aos filhos, até que chega o triste dia da revelação, onde tudo
fizemos e acreditamos, estavam errados.
Pra
tentar responder à pergunta acima, devemos voltar no tempo, rever todos os
passos, desde a gestação, primeira infância, primeiros anos. O que fizemos pelos filhos, desde o começo,
quanto tínhamos a chance de ensiná-los ?
De que forma construirmos neles o seu discernimento ? Chegamos pelo menos à prestar atenção direito
neles, se eles não estavam em momento de dor ou sofrimento, por razões que nós
o subjugamos como pequenos, negligenciando seus sentimentos ? E achamos que tudo isso passa batido, que um
dia eles esquecem. Tal como em nós, não
é mesmo ?
Negligenciar
os filhos pode contribuir para a manutenção de um transtorno que ele ou ela
tenha adquirido, em razão de alguns fatores também negligenciados e que
passaram batidos, porém, para o inconsciente da criança, não, que grava e
guarda consigo o evento e que passará à cutucar o lado consciente a vida toda,
pelo resto da vida, enquanto não for descoberto o que lhe ocorreu e porque,
causando com isso uma série de transtornos na vida daquela criança, depois de
adulta. Mas o inconsciente dá sinais,
tenta avisar (ainda na infância) de que algo está errado, mas que não é levado
em consideração e, mais uma vês é subjugado e negligenciado.
Outro
fator importante é quando quebramos a confiança dos filhos em nós e, ao
contrário do que imaginamos, é muito difícil resgatar novamente essa confiança,
desde que assim o desejamos e, desde que nos conscientizamos de que fizemos
isso, do contrário estaremos alimentando nos filhos o sentimento frustrante de
decepção, que eles tiveram e alimentam por nós, iniciando um processo de apatia
silenciosa, que poderá culminar tanto em uma criança rebelde (quando não agressiva)
ou depressiva (por amar demais os que tanto à decepcionaram).
Para
muitos a regra que impera é o da disciplina rígida, da bronca, do castigo, da
imposição da vontade, da arbitrariedade, para mantê-los "na linha",
na marra. Ao oposto disso, a liberdade
exacerbada, sem regras, pelo contrário, quanto mais solto melhor, tendo tudo
que deseja. Existe ensinamento em
qualquer uma dessas formas ? Que
proveito uma criança pode tirar disso, sendo presa ou solta demais ? Fala-se também na imposição de limites (só
faltando minar certas partes da casa) pra elas fiquem apenas onde os pais
querem.
Crianças
se comportam feito Hulk's, porque os generais (seus próprios pais) assim às constrói,
considerando que desta forma estão mantendo o controle sobre elas e sobre as
vontades delas, quando o que estão fazendo na verdade é ferir o inconsciente,
que mais tarde será mais um algóz na vida delas, deixado por herança por outro
e pior, um algoz invisível, onde não se sabe de onde vem, de onde comanda e também
se estraga e se acaba com a vida de alguém, aos poucos.
E
quando a dor se torna insuportável, quem faz as escolhas dos prováveis
"remédios" é também o inconsciente, que fará uso do que tiver à mão,
para tentar reverter ou conter a dor.
Nesta lista estão recursos nada saudáveis, como as drogas, as
automutilações e até suicídios.
Mas
nossa mente não faz essas seleções de "remédios" de maneira tão
aleatória, ela antes procura dentro de nós, o que pode ser utilizado em nosso
favor, como discernimento, afetos, amor (vindo de pais, namorados ou
familiares), projetos importantes que estejam em andamento, valores e
concepções defendidos até o momento, etc.
Se a mente puder fazer uso destes "recursos" em benefício
próprio, muito provável que consiga atenuar sua dor (pra que não tenha de fazer
uso de recursos tão nocivos) ou ainda, muito provável que nem tivesse razões
para sofrer tanto.
O
texto abaixo (Cracolândias), retrata o reduto dos que não conseguiram suportar
suas dores emocionais e que ficaram à mercê das escolhas de seus inconscientes,
para encontrar "algo" que fosse ao mesmo tempo, de efeito rápido e
eficáz, simplesmente porque a mente deles não encontrou dentro de si, tudo
aquilo citado acima, que poderia ter evitado tanto sofrimento. Sofremos por nossa falta de conhecimento (principalmente
sobre nós mesmos), ao não relevar nossos próprios limites diante das
adversidades, nos pegando quase sempre de surpresa.
Reconheça
suas limitações e conheça suas capacidades.
Construa nos filhos um forte discernimento, ensine-os à lidar com o que
não aceitam, com o que acham injustos, trabalhem com a verdade, dê exemplos
concretos, mostre-lhes a face verdadeira da situação e não fique sempre,
tentando esconder ou do contrário eles entrarão na regra "você finge que
me engana e eu finjo que acredito", até que um dia a tolerância vai pro
espaço e com ele o futuro dos filhos.
Seus filhos são tripulantes da sua embarcação, se não quer que afunde, capitão
e comandante tem que saber se entender e comandar, ou vai tudo pro ralo. Ponham uma regra na cabeça e na vida de
vocês:
"Tripulação unida é a certeza
de uma viagem segura".
Professor Amadeu Epifânio - Psicanalista Cognitivo - Projeto VIVA+
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