DEPÓSITOS DE FILHOS DESCARTADOS.
P.S.: VEJAM TAMBÉM O COMENTÁRIO POSTADO. GRATO.
Engana-se quem diz que a cracolândia é
terra de ninguém.
Elas são de todos, dos que já freqüentam
e dos que ainda virão, de vários pontos da cidade, de várias classes sociais e
de várias faixa etária. As cracolândias
são as latas de lixo das famílias, onde os filhos que elas rejeitaram estão
todos aqui ou vindo pra cá. Todos os
dias centenas de filhos descartados chegam à esses depósitos humanos, um vale
de leprosos onde muitos nem chegam perto e onde a polícia, quando vem, já vem
baixando o cacete, tratando-os como resíduos (não mais recicláveis).
A concepção de importância num
casamento, numa família, mudou. Mudou e
de forma radical, pois que os filhos não são mais a parte mais importante e que
sobre eles deveriam cair toda preocupação, zelo, afeto, orientação e preparação
para o mundo lá fora. No entanto, algo
aconteceu. Os que saíram para trazer o
sustento, não voltaram da mesma forma, mudaram seus paradigmas, personificaram
seu trabalho e sua profissão (quando não a sua vida de forma mais autônoma que
o normal). E essa mudança foi tão
radical que as mulheres, esposas e mães, que até então ficavam em casa, também
foram ver o que estava acontecendo, saberem o porque das mudanças com os
maridos e... acabaram também ficando da mesma forma.
Resumindo, a corda arrebentou do lado
mais fraco. A mudança de paradigma fez
os pais acreditarem que os filhos poderiam se automatizar mais e tornarem-se
bem mais independente, se virarem melhor sozinhos, para que desta forma possa
ganhar mais tempo para alimentar suas novas concepções e paradigmas, onde neles
os filhos não entra, pelo contrário,
permanecem do lado de fora. E é tão
marcante isso que poucos sobrevivem e conseguem levar suas vidas adiante, sem
tanto depender das ligações afetivas dos pais.
Porém, uma grande maioria não, não
resistem à quebra dos laços, não entende esse abandono frio e às vezes tão
radical. Estou exagerando ? Vai visitar uma cracolândia. Ali todos são iguais, tal como na morte, não
existindo mais o que os diferenciava, tornando-os todos diferentes agora, não
apenas na aparência, mas à parte, como filhos de uma sociedade única e
desprezada, onde nem o poder público sabe o que fazer com eles. Lixos humanos,
afetos descartados, ligações desprezadas.
Abandonados.
Nos dias de hoje só há duas escolhas,
ou se dá a sorte de se dar bem, apesar de tudo ou se mistura com um mundo
perverso, onde o que impera é uma idéia destrutiva, de valores e ligações
afetivas e familiares, habitados por jovens que já perdem os seus pais, física
e afetivamente. Os que entrarem para o
clube é para não se lembrarem mais do que significa família, sendo agora cada
um por si e cada si por todos.
O grande mistério (e que ninguém ainda
entendeu) é que essas escolhas nunca foram voluntárias,
jamais conscientes.
Foram escolhas feitas pelo inconsciente,
quando o papel do consciente, nessas horas, não foi mais que marionete. Tal como se portaram os pais ao começarem à
deixar seus filhos para trás, quando adotaram novos padrões e novos paradigmas
familiares, substituindo diálogos por castigos e disciplinas severas, vendo os
filhos se distanciarem afetivamente dos seus pais e sem entender direito o
porque. Tudo porque essas mudanças não se deram de
forma gradual, pelo contrário, foi mais rápido do que poderiam compreender, ou
seja, pouco tempo hábil para se adaptar às mudanças.
Hoje, no mundo, os freqüentadores dos
lixões públicos de jovens, espalhados pelo mundo, totalizavam até alguns anos
atrás, a cifra de 240.000.000 (DUZENTOS E QUARENTA MULHÕES) de dependentes
químicos. E o mundo ainda acredita que
fazem isso por vontade própria, como se os pais (que os jogaram lá) merecessem
tamanho crédito por tão grande incoerência.
Não importa no que acreditem, pais
serão sempre responsáveis, direta ou indiretamente, por terem seus filhos na
cracolândia, não cabendo-lhes a arrogância de acharem que fizeram tudo por
eles, pra que não lhes caísse este duro e cruel destino.
Não existem vida automatizada nem
educação automática, não vivemos nós, no paraíso. À cada dia precisamos construir o chão que
iremos pisar amanhã e cada vês mais seguro do que ontem, porque os bons valores
estão se deteriorando cada vês mais rápido.
Portanto, o que precisa ficar não são palavras
(porque elas sozinhas não mais se sustentam). É preciso gestos, atitudes,
ligações afetivas mais fortes e determinantes, para que sobrevivam aos tempos
difíceis e aos padrões destorcidos, porém adotados por muitos, por serem mais
convenientes e comprometer menos a vida profissional.
Se não querem ver seus filhos caírem
nos lixões públicos das cracolândias, façam o que é preciso antes que tudo desmorone. Põem na cabeça a idéia de que pelo menos
"meu filho" não fará parte daquele cenário e que ele será feliz aqui,
comigo. Se for capaz de manter e sustentar
esse novo paradigma, seus filhos estarão salvos. O tempo é curto e fazer escolhas erradas,
esta sim, está cada vês mais fácil, porque elas são produto de um lado nosso
que nem fazíamos idéia que existia, mas que pode nos levar + rápido, à ruína.
Agora é com vocês.
Amadeu Epifânio
OLÁ, NÃO SE ASSUSTEM COM O TÍTULO, SE PARAREM PARA OBSERVAR MELHOR, VERÃO QUE A GRANDE MAIORIA DOS FREQUENTADORES DAS CRACOLÂNDIAS, SÃO REMANESCENTES DE FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS OU, MESMO NÃO SENDO, NUNCA PARARAM PRA PERGUNTAR AOS FILHOS SE ESTAVAM REALMENTE BEM, SE ESTAVAM COM ALGUM TIPO DE PROBLEMA, SE QUERIAM CONVERSAR SOBRE ALGUMA COISA OU ESTAVAM PRECISANDO SE CONFORTAR OU QUERENDO PELO MENOS, UM ABRAÇO (QUE OLHA, MUITAS VEZES VALE MAIS QUE 1000 PALAVRAS). A VIDA, A INTERNET, OS CELULARES, COMPROMISSOS DITOS INADIÁVEIS (PROFISSIONAIS E ATÉ RELIGIOSOS) ROUBAM DOS FILHOS SEUS PRÓPRIOS PAIS E TUDO QUE PUDESSEM REPRESENTAR PRA ELES, PRINCIPALMENTE EM MOMENTOS TÃO DIFÍCEIS. POR ISSO NÃO ESTRANHEM O TÍTULO, PORQUE ELE TRADUZ BEM A REALIDADE DAS FAMÍLIAS DE HOJE, BEM COMO OS RISCOS QUE OS FILHOS CORREM, COMO CANDIDATOS À SEREM FUTUROS DEPENDENTES QUÍMICOS, ALCOÓLICOS, DELINQUENTES E PRATICANDO RACHAS COMO QUEM QUER FUGIR DO QUE NÃO ACEITAM, TANTO CONSCIENTE QUANTO INVOLUNTARIAMENTE. PÁREM O QUE ESTÃO FAZENDO !!! E FECHEM PRA BALANÇO, ANTES QUE AS PERDAS SEJAM BEM MAIORES DO QUE IMAGINAM. QUE DEUS NOS AJUDE.
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