DOIS FATOS PARA SEREM ANALISADOS
SEPARADAMENTE.
A Bulimia nervosa são duas situações que (embora sequenciais) devem ser
separadamente analisadas, porque ?
Porque envolve duas reações distintas, sendo a primeira positiva e a
segunda, de natureza negativa. A
primeira ação (comer de forma compulsiva), envolve não somente a ação de comer,
como também e associado, o fato de comer rápido, como se algo dependesse disso. Vamos primeiramente, nos reportar à idade em
que ocorreu a primeira vez, tendo a criança uma faixa etária entre 8 e 12 anos,
pois a ação que ela tomará, não pode ser tomada por uma criança de idade muito
pequena.
Vamos simular uma situação, à qual irá retratar a criação da
Bulimia. Uma criança (na faixa supra
citada), que deseja descer ao PlayGround para brincar com o s amigos, no
momento em que a refeição está posta na mesa, houve do pai ou da mãe a
condição, de que só poderá descer, tão logo termine sua refeição. A criança, mesmo frustrada e com uma única
escolha, resolve então, acabar com a refeição em poucos minutos, objetivando
alcançar a recompensa prometida porém, ao terminar a refeição e pedir
autorização para descer, toma um balde de água fria ao ser negado pelos pais.
Embora rogando o fato de que sua parte fora cumprida, a palavra em torno
da promessa, não. Sem mais nada poder
fazer ele vai para o quarto porém, tomado por sua indignação, se dirige ao
banheiro, tranca a porta, provoca o estômago à por pra fora toda a janta, em
sinal de repulsa e rejeição ao comportamento dos pais. Um outro fator que também pode gerar a Bulimia
nervosa, é quando uma criança, de gênero masculino, vê no pai um concorrente
aos afagos da mãe, trata de jantar de forma rápida, à fim de poder gozar
privativamente da mãe, antes da chegada do pai do trabalho, fato que acabará
por alugar a mãe, na atenção sobre ele.
De forma afoita, termina o jantar (uma vez que a mãe diria à ela a mesma
coisa, na citação anterior, colocando o término da refeição como condição
primária para obter o prêmio tão sonhado.
Mas tão logo termina sua refeição, eis que chega o pai do trabalho e com
ele (e por água abaixo), toda sua desejosa esperança de ter, por alguns minutos
a atenção da mãe. É um fato que acaba
lhe causando enorme frustração e também raiva do pai, por sua concorrência e
interferência, na disputa pelos afagos maternos. Da mesma forma, vendo seu esforço ir para o “ralo”,
ele vai ao banheiro e repete a mesma ação que o primeiro, desfazendo-se do seu
esforço.
Sei que pode vos
parecer pequena a ação, para justiicar um problema sério como a Bulimia porém,
tem essa observação, uma justificativa bastante fundada, no fato de que não
estamos pensando sob a perspectiva da criança (ou do jovem ou adolescente,
praticante ainda do problema), na idade em que a mesma está. Mantemos o velho hábito de querer entender
dos filhos pequenos e suas percepções, na visão apenas de adulto, o que
dificilmente conseguiremos grandes resultados ou, simplesmente nenhum. Para os adultos, a criança passará apenas por
uma breve sensação de frustração, mas que logo acabará e esquecerá. DOCE ILUSÃO.
Em nossas caixas
pretas, especialmente das experiências emocionais, este episódio jamais se
apagará, podendo agora somente, ser “sufocado” por bons momento se, for este o desejo
dos pais. Do contrário a dupla atitude
(comer e vomitar), se repetirá por gatilhos emocionais acessíveis, bastando
apenas olhar para os pais, para comer rápido sua refeição, para em seguida,
regogitá-la como repulsa. Obviamente, para a pessoa (jovem ou adolescente),
tais atitudes são involuntárias e, portanto, sem o respectivo controle,
adotando fantasiosos argumentos, como preocupações com peso, vestuários, auto-imagem,
etc, para tentar justificar sua atitude, aparentemente inexplicável.
Somente um
psicanalista para ajudar à livrar-se desse pesadelo. Até então, qualquer tipo de censura, bronca
ou lição de moral, será totalmente desnecessário, uma vez que a Bulimia é
inconsciente e involuntária, presa no reprimido, na idade em que se deu a
primeira experiência. Sem contar que os
pais podem ter influência direta ou indireta sobre o problema e consequências
decorrentes do transtorno, que não são poucas, muito menos saudáveis.
Ambas as situações,
o comer rápido e desfazer-se do que comeu, são duas ações distintas, não
cabendo que sejam tratadas juntamente. É
recomendável que apenas a primeira parte seja tratada, para que a seguinte se resolva
“automaticamente”. Por não levarmos em
conta as perspectivas dos filhos, em suas respectivas idades, muita coisa passa
batido, muitas broncas, indiferenças, castigos injustos e outras punições, podem,
à depender de fatores diversos, causar problemas na vida adulta dos
filhos. Nada acontece por acaso ou só
para irritar os pais, melhor que puxe uma conversa, à fim de descobrir o que de
fato está ocorrendo, do que fazer com que nossa reputação piore.
Ninguém é igual a
ninguém.
Todo o ser humano é um estranho ímpar.
(Carlos Drummond de Andrade)
Professor Amadeu Epifânio - Pesquisador/Psicanalista Autodidata.
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