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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

PSICOPATIA NÃO É GRIFF !



MAS É MUITO FÁCIL “VESTIR” !


Existe uma forte associação do termo psicopata com personagens cruéis de filmes ou com pessoas ruins que, vira e mexe cruzamos (ou convivemos) com elas.  Mas deixa eu lembrar-lhes de um fato curioso: Psicopata não é uma pessoa e sim, o estado em que ela se encontra e se manifesta (independente da idade que tenha).  Nem toda pessoa ruim é psicopata, tal como existem pessoas boas, que vez em quando, tem um acesso de raiva e fere alguém, tanto verbalmente, quanto fisicamente.

A Psicopatia é feito uma veste, que serve “sob medida” para alguns.  São pessoas que gostam de “perseguir” os outros, com sadismo, maldade ou crueldade. Toda postura doentia de um psicopata, não passa de uma “distração” para desviar o foco dos outros, para não perceberem o seu medo.  Sim, cada um de nós alimenta e protege os medos que carrega, sendo que alguns chegam ao extremo, para proteger seu medo e ainda usar sua maldade como prazer inconsciente, para conter o desprazer que carrega dentro de si.

Um Psicopata carrega seu medo, protegendo-o das mais variadas “formas”, enquanto que a sociedade à alimenta, apenas por existir.  Eu explico.  Quando uma pessoa sofre um trauma, isso acontece sob um cenário, que pode ser o quarto, área, um parque ou qualquer parte que reúna todo um cenário, como pessoas, objetos, vestes, monumentos, o jeito de uma pessoa se expressar, enfim, uma infinidade de opções, que irá gerar também, um leque inimaginável de “gatilhos psicológicos”, que sempre que uma parte deste cenário, surgir num momento presente, a sensação do trauma se desencadeará e com ele as lembranças, que apenas seu inconsciente conhece e que o corpo nem desconfia do que está ocorrendo ou, que não poderá controlar seus atos, enquanto a crise existir.

Uma atitude psicopata pode ser cometida por qualquer pessoa, desde que preencha todos os requisitos que o enquadre em tal condição (o que, cá pra nós, é bastante difícil).  Isso porque deve existir uma continuidade persistente, porque o problema do psicopata não são as pessoas (que por ventura tenha lhe causado algum mal), mas sim o que elas fizeram, o mal que fazem à outras pessoas, aos animais, à natureza, enfim, onde houver uma pessoa ruim e, se caso tenha por perto um psicopata, pode apostar que estará na mira deste.

Psicopatia é condição psicopatológica de um ser humano (e não ele em si).

Sanidade mental é algo que pode sofrer perturbações, alterando sua forma de ver o mundo ao seu redor, como uma forma inconsciente de se auto-proteger-se, até que este mesmo mundo, torne-se um lugar seguro e estável, que convença seu inconsciente à liberar o corpo à retomar a consciência racional, tendo como base, o restabelecimento do “seu mundo”.  Qualquer pessoa pode ter sua sanidade alterada se, for submetido à grandes pressões psicoemocionais, breve ou contínua, obrigando o inconsciente à protegê-lo.

Com relação à Psicopatia, esse processo não existe, exceto senão, o inverso, ou seja, a forma errada de ser é o prazer que contém o desprazer do trauma sofrido.  Caso se tornasse uma pessoa de bem, seus traumas o perturbariam de forma dolorosa, como uma forma de abstinência do perfil ruim.  O jeito ruim de uma pessoa (ou de um psicopata) consiste em dois propósitos, os quais nem os conhece.  O primeiro é o de prevenir que a vida não é um mar de rosas e que existem adversidades à superar.  O segundo propósito é que, qualquer filho pode tornar-se um ser ruim, se os pais continuarem sendo omisso e negligente com eles.

Os males do mundo não existem por si só, eles fazem parte do nosso processo de amadurecimento, crescimento e de evolução espiritual.  Pedras não são colocadas à nossa frente, para que tropecemos mas, para que saibamos contorná-las.  Se não soubermos o que fazer com a veste (nosso corpo) que recebemos para viver, crescer e evoluir, será como ter um carro sofisticado, o qual não conseguirás nem dirigi-lo, por não saber como ligá-lo.   E não espere que sempre haverá alguém para ensiná-lo porém, deve sempre aproveitar as chances para aprender, quando alguém surgir para ajudá-lo.

A Psicopatia é uma “veste”, como já disse.  Se tentar vesti-lo e “não conseguir”, ficarás irritado e descontarás nos outros (imagine então, se ela lhe cair bem).  Quem faz nossas escolhas é o inconsciente, mas podemos sugerir o “estilo”, da forma de vida, ambiente e conhecimento, cujas “medidas” servirão para traçar o que iremos vestir para exibir, servindo aos demais, para “gerar moda” e fazer da passarela da vida, um lugar mais humano e pacífico, sem lugar para vestes desiguais (gente ruim) que tentam mostrar o inverso do que realmente queremos “vestir”.

Existem graus de transtornos, mais ou menos severos.  Existem graus diferentes de maldade, mais ou menos severos.  A Psicopatia é um grau severo, em que quase nunca há remorso nem arrependimento, porque está sempre sob o comando de um inconsciente imaturo (o mesmo que nos ordena à agir de forma ofensiva em hora errada).  O que difere, no entanto, é o que tem guardado em seu reprimido que, por ser natureza forte, incisiva e tensa, quase não age de forma racional ou conscientemente equilibrado.  Pelo contrário, está sempre “maquinando” o próximo passo. 

Cuidado, como a sociedade tem o velho hábito de generalizar tudo, mesmo os gestos que não se enquadram na psicopatia, podem acabar merecendo a mesma fama.


Professor Amadeu Epifânio
Psicanalista Cognitivo.

               



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