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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

PRAZER X DESPRAZER !



Uma batalha árdua e inconsciente.




Um dos momentos mais difíceis para os nossos inconscientes, é quando precisa compensar um desparazer (na sua respecriva intensidade), com alguma forma de prazer. Dependendo à qual dos dois inconscientes caberá este ofício, o prazer pode ser algo muito variável, de natureza positiva ou negativa (quando não destrutivo).  Mesmo os desprazeres também são variados e, na maioria das vezes, intenso, obrigando os inconscientes à ”se virar” na mesma medida, podendo vir à causar maiores danos ao corpo, tanto físico, quanto emocional, quanto psicológico.

Sentimos desprazer, com muita mais frequência hoje, que em poucos anos atrás, obrigando-nos à gerar prazer, cada vez de forma mais apelativa, para atrair nossa atenção e causar o efeito desejado, que é conter o desprazer, tanto repentino quanto persistente.  O desprazer que sentimos, pode vir tanto do ambiente quanto de nossas experiências emocionais, guardadas desde a gestação até os dias atuais. Nada fica no esquecimento.  

O corpo é administrado por dois inconscientes (Ego e Id). O primeiro é racional, faz uso da formação que recebemos inicialmente dos pais, que irá gerar prazer oportuno. O segundo, o Id, terá a mesma tarefa, mas irá se valer do que tiver à mão, para cumprir o mesmo propósito porém, sem se preocupar com o dia seguinte, pois este não mede consequências, nem pressente perigo, para nos proporcionar o prazer, na intensidade exigida.  Na Psicanálise, o Id é um personagem que só pede pra fazer algo, enquanto ao Ego, compete o ofício de recusar ou ceder.  Mas o Id também tem a função de ajudar o corpo em seus conflitos e demandas, tendo a intensidade como termômetro do tipo de “auxílio” que usará como prazer, sem se importar com consequências futuras.

Quando pequenos (da gestação aos primeiros meses), dispomos de pouca (ou nenhuma) formação.  Automaticamente dispensamos o inconsciente Ego de trabalhar, já que não dispomos de recursos pra isso.  Resta-nos o “co-piloto” ID, para cuidar do corpo, da forma eu puder. Em suas ações, pode fazer o pequeno corpo chorar, gritar, quando algo o incomoda ou o desejo de ficar perto da mãe ou quando está com fome (seus maiores prazeres nesta idade rsr).

Ao crescermos, a formação, orientação, ensinamentos, cresce, tirando o Ego das férias para trabalhar e alternando com o Id, o compromisso de promover prazer, sempre que algo nos tira do sério, nos faz achar injusto ou nos deixa com muita raiva (limite máximo de sentimento de uma criança de 5 anos).   Se não estimularmos as crianças ao raciocínio e à reflexão, diante dos conflitos que se depara, o desprazer será contínuo e o tipo de prazer pra conter, será cada vez mais escasso e mais apelativo, conforme a intensidade do seu desconforto.  O melhor prazer para quem sofre Bulliyng, é um doce consolo ou diálogo dos pais (quando percebem que algo está errado com o filho).

Nossa vida gira sempre em torno dessa alternância entre desprazer e prazer. Desprazer, nem sempre são fatos negativos.  Se acumularmos bons momentos e dispusermos de capacidade de reflexão, menos intensos serão nossos desprazeres e menos apelativos deverão ser os prazeres correspondentes.  Chamamos de apelativos, o hábito de fumar, de beber, brigar, usar cocaína, fazer rachas, praticar Bulliyng, praticar sexo promíscuo, depredação, violência, agressividade, etc.

Ter bons momentos, amigos, família harmoniosa, alegrias, gargalhadas, afetividade, boa convivência, tudo isso pode ser de grande auxílio, em momentos de tristeza, raiva ou frustração, pois eles nos serão lembrados como prazer, à fim de conter a tristeza. A crença em Deus também é auxiliadora, desde que mantivermos o pensamento nEle.  Cada dia mais, o descontrole emocional do ser humano só faz aumentar a violência e a desarmonia é uma prova de que está havendo excesso de desprazer e escassez de subsídios, para que possa ser gerador um prazer que esteja à altura do grau de intensidade momentânea.

O prazer pode se refletir em respostas, ações e reações, supostamente sempre positivas (à depender do ambiente e vivência da pessoa).  Um Psicopata provavelmente pode estar com ambos os inconscientes “contaminados” com peso e conceitos negativos, à respeito de tudo que lhe ronda, à começar pela família.  Por isso quase nunca existirá algum remorço ou arrependimento, porque não aprendeu à ter valores morais e ainda os despreza. 

Jovens rebeldes, drogados, alcoolizados, agressivos, violentos, membros de facções criminosas, menor infrator, sempre os julgamos como o lado negro da sociedade, os que não tem mais volta, os não podem mais se ressocializar (não porque não há justiça nesse país), mas porque a sociedade já os setenciou e os condenou e não esperam mais que a justiça os prenda e os mantenha distante de nós.  Não há diferença entre eles e o filho rebelde que pega um carro, faz racha, atropela alguém e não socorre, fugindo do local, pelo mesmo medo que fez muitos outros jovens entrarem na vida errada que estão hoje.  Culpa deles ?  Não ! Culpa dos pais, da família, que não os ensinou, não os educou, apenas criou e alimentou, como fazemos com um animal de estimação. E olha que estes também precisam ser educados, para não agredir à outros ou fazer as necessidades em lugar errado.

Um desprazer pode ser a falta que sentimos, das pessoas que amamos, enquanto estas, não conseguem manifestar o prazer de estarem conosco.

O desprazer é o “prato” mais pesado dessa balança, não tendo muito para equilibrar esse peso.  Como resultado, temos um mundo cada vez mais hostil, com pessoas sentindo prazer de matar, enquanto outros acumulam o desprazer da dor de sepultar seus entes, sem prazer à altura, para confortá-los.  Quando não se pensa no que faz, qualquer desprazer vira prazer e o que ter para reverter essa situação ?  O que temos para nos sentirmos bem, em situações que a dor parece ser a maior de todas ?  Se não tiver resposta, cria, ou acabará do mesmo jeito.


Professor Amadeu Epifânio

Pesquisador / Psicanalista Auto-didata.

               


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