O “ambiente” tanto gera quanto alimenta.
Um dos grandes vilões dos
transtornos psiquiátricos (praticamente todos) é o “ambiente”, ou seja, o mundo
que nos rodeia, a família que nos cerca e nos acolhe (pelo menos é assim que
deveria ser). Falar em ambiente é
praticamente se referir à tudo que é externo ao homem, isto é, qualquer coisa,
aqui, ali, aculá (menos eu). O ambiente
tanto pode gerar uma circunstância que me leva à constituir um transtorno, um
complexo psicológico, corroborar no desencadeamento de crises e também, fazer
prosperar nossos sintomas de depressão.
Ambiente, também está relacionado à
experiência emocional, vivida de forma dolorosa, tensa, alegre, feliz,
descontente, revoltante (mesmo que momentaneamente), durante um jantar, um
evento, aniversário, na escola, no futebol ou na companhia do papai, da mamãe e
outros. É no dia a dia de nossa vida que
o “ambiente propício” pode ser gerado e por conseguinte, seu sentimento
correspondente e por último a atribuição de um personagem (até então)
desconhecido, preocupado com nosso bem estar, vai guardar essas memórias
“azedas” como recordação, à fim de nos mostrar o álbum, se necessário, em
momento oportuno e futuro. Estou
referindo ao nosso inconsciente.
Só que ele nos exibirá apenas a
sensação e não o fato em si e isso deixará a pessoa bem estranha, perturbada,
por não conseguir entender a mudança involuntária e repentina de postura. Conforme o episódio vivenciado, sua
severidade, a idade que tinha, o ambiente, personagens presentes, cenários à
volta, é grande a chance de se constituir um transtorno, que pode ir desde uma
ansiedade, pânico, Bipolaridade, até transtornos pouco mais severos, como
Depressão, esquizofrenia e outros. E pensar
que poderia ter sido evitado.
Pedir aos pais, que hoje, deixem de
fazer coisas e criar hábitos compulsivos que sacrifiquem a convivência
familiar...é difícil. Tranquilidade é
algo que se pode emoldurar e pendurar na parede, tudo tem que ser correndo,
encima da hora, quase procrastinado, tanto pra sair de casa quanto o regresso,
da escola, do trabalho, da academia, da igreja, do banho, direto pra cama. Dizer boa noite é quase uma loteria.
Se a vida corrida dos pais não pode ter um
freio, alguns hábitos pode ser inseridos, para que num futuro próximo não surja
uma inédita preocupação com algum membro da família, com suposta suspeita de
ter algum tipo de transtorno (ou distúrbio psicológico) que, se confirmado,
poderá alterar a rotina da família. Para
que isso não ocorra, há um recurso nada difícil porém necessário. Fazer um diário da vida dos filhos, em
praticamente tudo que houver de experiências negativas, tristes, dolorosas,
frustrantes, decepcionante, sentimentos de perda (parentes e até animais de
estimação). Sustos, medo, pavor, em
decorrência de qualquer coisa. Pode
pedir ao(s) filho(s) que eles mesmos possa fazer isso. Pedir à eles pra contar como foi o dia deles,
na escola, na casa da vovó, na creche, também ajuda. Mantenha esse interesse, que eles manterão a
sinceridade em contá-los.
Porque isso ? porque quando crescem, esquecem muitas coisas
da infância, inclusive momentos tristes e dolorosos, mas que terão sido
gravados pelo inconsciente. O que temos
de fazer é a mesma coisa, por que o inconsciente lembrará apenas uma sensação
que vivenciou e não se sabe de quando, enquanto os pais registrarão as mesmas
coisas, que é pra quando (se ocorrer) de estarem revivendo memórias e, pelo
tipo que for, será mais fácil identificar a época e até o evento em si,
facilitando e muito a remissão do complexo psicológico, inclusive pelo
terapeuta.
Não sofremos por ter transtorno,
complexo ou distúrbio psicológico.
Sofremos por não entender o que está acontecendo conosco (nossas
“mudanças”). Uma forma de identificar
que alguma memória antiga esteja interferindo no comportamento, é verificar
mudança persistente do temperamento habitual.
É por onde começa a influência do passado.
Outra medida que pode ser adotada
para se evitar ou se abrandar os efeitos de um possível problema psicológico ou
a suspeita de um transtorno (mantendo a ideia inicial de gravar e guardar,
fatos da vida dos filhos pequenos) é, à cada 3 ou 6 meses, os pais podem
partilhar desses fatos com os filhos, pra que tomem ciência do que houve, para
que, sendo acometidos pela influência do inconsciente, não seja pegos de
surpresa e saibam quais sentimento foram decorrentes de qual fato. Fazê-los entender que nada é por acaso e que
possam discutir sobre essas coisas com toda espontaneidade. Nunca subestime a curiosidade de uma criança,
não brigue achando que eles não estão entendendo, mas o inconsciente deles
está.
Vale lembrar que a nossa forma de
ver as coisas é diferente de uma criança, pois ela enxerga com mais ingenuidade
e pureza ou também, possa alimentar algum ressentimento, sentimento de raiva ou
ciúme por conta de algo que ela não aceita.
Esses sentimentos ficam guardados e, quando interferir (quando adulto)
será quase insuportável lidar, porque será uma criança no controle. Por isso nada pode passar despercebido.
Não se trata apenas de transtorno,
pode ser que a criança (no inconsciente), que sofreu por algo que considerou
injusto, queira revidar (ainda não entende o termo vingar) e, por não conseguir
mais fazê-lo contra seu autor e algoz, escolha outra pessoa como “personagem”
(suporte), dele ou dela, que fará passar pelo que passou, só que como um disco
arranhado, de forma ininterrupta e sem saber, porque nem
desconfia que é outro que o está “manipulando” e usando seu corpo como
instrumento de dor.
Guardar a infância dos filhos, serve
para saber a origem desses comportamentos.
Conversar, mostrar esses momentos passados, ajudará a criança à entender
e não guardar mágoa nem raiva. Não é só
pela criança, mas por aqueles que poderão passar maus bocados por conta de seu
histórico pregresso.
O que muitos consideram uma “graça”,
ver os filhos bronquearem por algo, é subestimar o que estão sentindo naquele
momento e que poderá se converter em problemas psicológicos futuros. Basta acompanhar o crescimento e
desenvolvimento deles, estabelecendo padrões de comportamento para que, ao
sinal de mudanças, procurar investigar, conversar e faze-los entender que nem
tudo é perfeito e nada é 100 por cento, pra desejar que seja sempre do nosso
jeito. Delegue à eles a capacidade e
direito de tomar decisões, dentro do “quadro” que se apresenta, para que eles
vejam por si próprio que não é possível ser ou ter naquele
momento.
Se houver dois filhos (ou mais),
procure ser o mais imparcial possível, não defendendo um em detrimento do
outro, mas mostrar a necessidade de atenção que
um, requer num dado momento. Se
dois brigarem por algo, não banque o juíz querendo saber quem foi o
culpado. Suspenda ou retire a razão da
discórdia, prometendo reaver somente quando eles se entenderem. Quem revida perde a razão. Assim eles saberão que somente pela união se
consegue as coisas com “papai ou com a mamãe”. rsr
"UMA
TRIPULAÇÃO UNIDA É A CERTEZA DE UMA VIAGEM SEGURA".
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador / Psicanalista Auto-Didata
PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência Pregressa em Respostas Emocionais