Uma idéia presa querendo sair.
O Transtorno Borderline pode ser resultado de uma ferida emocional
grave, durante o período compreendido entre as primeiras semanas de vida até o
primeiro ano aproximadamente. Porque esse período ? Por uma razão simples: quanto menor a idade
(tempo de vida), menos compreensão do que acontece à sua volta, submetendo-se
apenas à absorver fatos, porém sem entendê-los e, se caso de natureza mais
grave (também em parte repito, pela carência de entendimento), o evento é
gravado e guardado e também suspenso pelo inconsciente, dentro do nosso
reprimido. Suspenso porque o evento não se extinguirá com o tempo, pelo
contrário, continuará e manterá inclusive as sensações desagradáveis que aquela
criança teve. Porquê ?
Esses eventos serão cobrados por nosso inconsciente para serem
relembrados, tomado ciência, compreendido e anulado (por psicanalista, em
análise). Quem fará recordar esse evento é o inconsciente, mas não de forma
clara (para que seja de pronto entendido). Não. O inconsciente faz isso de
forma simbólica, isto é, através da manifestação das sensações que a criança
vivenciou, como se tivesse ocorrido no dia anterior. Isso porque (segundo
Freud), no inconsciente o tempo não existe e as "marcas" lá dentro,
estão vivas e doloridas. Isso explica a intensidade das crises como sendo
agudas e intensas.
O que chamamos de surto psicótico pode ter também uma explicação.
Vejam, primeiramente, o que caracteriza um problema psicológico como
psiquiátrico é o fato de não termos a mínima certeza que seja, do fato gerador,
fase da criança ou sua severidade. O que pude deduzir em meus estudos é que
cada tipo de transtorno reproduz suas condições específicas, tais como:
a) Idade ou tempo de vida da criança;
b) Tipo de evento gerador ocorrido;
c) Grau de severidade sofrido pela
criança;
d) Tipo de ambiente que ela está
inserida.
A combinação desses fatores é que
determinará o tipo de transtorno que um ser humano "poderá" (ou não)
adquirir.
Faço lembrar
dois fatos importantes: Transtorno não nasce pronto, ele é constituído no
decorrer do crescimento e desenvolvimento da criança. Quanto à fatores
genéticos, acredito que o que se herda não é o transtorno e sim,
características comportamentais que poderão (ou não) favorecer ou impedir que
um transtorno se constitua ou se desenvolva.
O Recomendável (para os que possui o
Transtorno Borderline), é que busque fazer análise, mas não apenas para
retroceder até o evento chave que gerou o transtorno, mas também para ir
corrigindo tudo que o transtorno foi mudando, perdendo força, como conceitos,
expectativas, sonhos, perspectivas, esperanças, futuro, presente, etc. Se o profissional ajudá-los à corrigir tudo isso,
pouco importará o evento gerador, porque só restará ele mas, sem mais nenhuma
influência perturbadora. Podendo chegar no evento, tanto melhor, mas acredite:
chegará lá de uma forma bem mais branda.
Existe a suspeita de que Borderline seja
decorrente de abuso sofrido na infância. Mas veja, isso pode ser apenas
especulação, uma vez que até na hora do banho do bebê, pode-se exagerar um
pouco em enxugar as partes genitais, tanto deles quanto delas e este
desconforto (se não, dor), por não ser compreendido, é que pode até acabar
gerando o transtorno. Por essa razão, não se pode levar uma suspeita à ferro e
fogo, pois acabamos por jogar mais "gasolina" numa brasa que já arde
no coração de quem sofre.
Por hora, encarem o transtorno (seja qual
for), como uma "pendência" infantil não revelada, não sendo
necessariamente grave, mas incomoda porque está preso no inconsciente, querendo
sair. Se chegarem à se convencer disso
(repetindo a idéia várias vezes), já ajudará muito, acredite. Mais uma coisa: Monitorem bem a medicação que
estão tomando, a hora, tempo de duração, se corresponde com período do dia que
mais precisaria do efeito (isso pode ser programado com a ajuda do psiquiatra).
Não se escondam do transtorno, conviva com ele, viva dele, conheça-o,
entenda-o.
Não podemos "alugar" nosso imóvel (corpo) para um "inquilino" que não conhecemos, podemos ? Então. rsr
Não podemos "alugar" nosso imóvel (corpo) para um "inquilino" que não conhecemos, podemos ? Então. rsr
Prof. Amadeu Epifânio - Psicanalista
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