É PRECISO QUEBRAR A SEQUÊNCIA.
Antes de mais nada,
quero esclarecer que não sou eu o personagem (fictício) retratado no texto. O
texto retrata a tentativa de suicídio, os tipos e significados, para cada tipo
de dor ou sofrimento. Meu último artigo
falou sobre prazer e desprazer. Pois
bem, em momentos como este, quando o corpo está prestes ao “prazer” de se matar
(por causa do desprazer da dor), torna-se muito criterioso no ouvir, como se as
palavras fossem uma senha, em determinada ordem.
Este artigo tenta
reforçar o respeito às pessoas que tentam se matar, consumando ou não, seu ato. Espiritualmente, pagam um “preço” muito alto,
de perder junto, as chances de resgatar o passado e “voltar pra casa” de cabeça
erguida. Se deixamos esta vida ainda no “vermelho” (antes do tempo),
precisaremos voltar para resgatar, para avançar. É preciso quebrar essa sequência. Protagonista somos de nossa vida e achamos
que os holofotes estão sempre virado pra nós e, em razão disso, estamos cada
dia mais individualistas e, quando se precisa de alguém, cadê ?
O suicídio é um triste sentimento de
prazer, para o desprazer da dor. Mas quando se pensa em se matar, ao escolher entre as mil
formas, terá de ser aquela que esteja mais ligada ao sofrimento. As formas de tirar a vida, refletem a razão
que se pretende fazê-la. Por exemplo, o uso da corda (para enforcamento),
significa que sua dor era sufocante. O
uso de uma arma de fogo (não apenas o tiro mas) o local do corpo também importa. Como cabeça, na têmpora, representa que a dor
surgiu de algo repentino, uma notícia súbita ou desprezo de uma pessoa muito
querida.
Um fato súbito inesperado
também pode levar ao suicídio. No peito,
a decepção (a punhalada). Mortes lentas,
dores persistentes, como a dor de frustrar-se com uma pessoa querida. Atirar-se de uma ponte ou de altura bem
elevada, significa que era grande a esperança, que tinha na pessoa que a(o)
decepcionou.
A morte tem relação com
a dor e, tem relação ainda maior com o que o inconsciente irá valer-se para
conter esta dor, que deverá estar no mesmo patamar de desesperança do corpo. Uma decisão difícil para o inconsciente (Id),
porque ele precisa do corpo e inteiro e, psico-emocionalmente apto à seguir sua
vontade porém, com o corpo em estado tão debilitado, com a consciência
comprometida, torna-se um instrumento de locomoção obsoleto, sem condições para
comandar e levá-lo onde quiser. Daí vem
a decisão inconsciente de “matá-lo”. Ele tentará, porque o inconsciente Id é inconsequente.
Passamos nossa vida
inteira, sendo práticos e buscando respostas pra ontem, porque não praticamos o
exercício da tolerância, do saber esperar, do raciocinar. Pelo contrário, somo intolerantes e agimos
conforme o primeiro impulso. A idade de um suicida não é relevante, os mais
jovens potencializam sua dor.
O suicida quer viver,
mas o momento é confuso para ele, pois está numa situação que não queria, ao
mesmo tempo quer aproveitar a chance. Se
no momento em que está prestes à se matar, ele se rejeitar, que não vale à pena viver,
está transferindo à si próprio a culpa da condição e do momento em que
está. Alguém é responsável por isso, mas
o suicida transfere a culpa para para si próprio, como não ter sido capaz de
manter um relacionamento, de ser culpado(a) pelo rompimento, seja namorado ou
da relação com os pais.
Para quem está disposto
à cometer suicídio, é criterioso no ouvir, porque talvez tenha ouvido
justamente, algo que o está sendo levado à fazê-lo. Por isso, conversas (ou
palavras) erradas podem servir como uma bomba relógio e “detonar” à qualquer
momento. Tem que fazê-lo(a) falar, dizer
a razão, para que saibamos por onde distraí-lo(a). Uma distração ajuda, pode mudar sua decisão e
desistir do suicídio. Um suicida quer
poder recordar alegrias, coisas boas, mas elas estão sufocadas pela tristeza e
pela angústia. Precisa de ajuda pra recordar.
Nem todo suicida tem
medo da morte, depende muito de sua condição emocional e da razão que alega ser
o motivo. É uma decisão que não parte
dele, mas de seu inconsciente. Não somos
dono de nós mesmos e tolos são, os que acreditam ser, de si, de algo ou de
alguém. Mas quando a dor bate à porta e
não tiver aprendido o bastante, passarás pela mesma tentação, entre deixar se
levar pelo desejo de um inconsciente inconsequente ou pedir ajuda (a parte mais
difícil).
Na espiritualidade, quem
comete suicídio numa de suas vidas, vai cometer em outras, até que passe uma
encarnação inteira sem cometer. É preciso parar este ciclo, pra fazer essa
“agulha quebrada” parar de pular. É
preciso aprender com a vida, com a dor, o sofrimento, com a doutrina espírita e
tudo que lhe acontece.
Ninguém disse que a
vida seria fácil, mas que não precisa ser sempre difícil. Viemos e nascemos por uma razão. Morrer em vão, jamais. Não temos a intenção de nos matar, pelas
razões que acreditamos, porque a motivação é inconsciente. Ninguém quer matar à si mesmo, mas a dor. Aceitá-la para estudá-la, para entendê-la,
parece ser o melhor terapia que existe.
A melhor maneira de
matar a dor, é manter-se vivo,
para entendê-la e
eliminá-la.
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