Projeto VIVA +

quarta-feira, 28 de março de 2018

AUTO-MUTILAÇÃO !



POR QUE NOS CORTAMOS ?



O ato de cortar-se é um mecanismo de defesa inconsciente, para conter uma dor (de angústia) com outra dor e, para que tenha efeito, precisa ser de igual intensidade. Mas entendam, não sofremos por ter transtorno ou problemas, mas por não entendê-los. Se nos voltarmos para tentar entende-los, os sintomas serão menos intensos, progressivamente, até a sua extinção. A auto-mutilação infelizmente, é um recurso inconsciente, mas apenas por não termos melhor resposta para o nosso momento.   Ela jamais, será a única e última resposta.

A primeira coisa que é preciso fazer é conhecer o seu transtorno pessoal, pois mesmo duas ou dez pessoas com mesmo transtorno, ainda sim serão específicos para cada um, pois que, para cada pessoa, seu transtorno se constituiu de forma diferente.   

Como ficamos sempre focados na dor, além de sofrer pelo o que já temos, ainda "compramos" mais sofrimentos, ou seja, tudo que nos acontece é imediatamente associado ao transtorno, tornando uma enorme bola de neve. É preciso começar à separar a "chave do cadeado" e refletir mais sobre tudo que acontece e aprender à separar, pois somente assim se conseguirá reduzir essa bola de neve (que só é grande na nossa cabeça, pois que, na verdade, ela nem existe).

Outra coisa é definir corretamente qual o seu transtorno. Se costuma também fazer leilão de transtorno nessa hora, pensando ter adquirido várias comorbidades e isso não existe.  Tem que se determinar qual é o seu único transtorno, para que se tome a medicação apropriada ao mesmo e não à vários.   Se estão sofrendo é porque, ou a medicação ou dosagem está inadequada ou se está tomando remédio para o transtorno errado ou pra vários.  Nesses casos a medicação agirá sobre o correto e causará efeitos colaterais para o errado, andando em círculos, sem nenhum efeito prático.

Transtorno é tudo psicológico e a classificação de CID-10 ou DSM são apenas nomes, associados com o relato do paciente para com o médico. Portando, saiba relatar bem, com precisão, tudo que sente, quando sente, quantas vezes (a frequência), quais os sintomas e em quais momentos. Se chegar no médico dizendo que acha que tem esse ou aquele transtorno, o médico será capaz de comprar  a ideia errada (se não for o transtorno certo).

Não importa qual seja o transtorno, precisam desprezar a dor por alguns momentos para ajudar o "estudioso" do psiquiatra, à definir o que realmente você tem.  Precisam fazer mais por si mesmos, se quiserem parar de sofrer.   Não existe fórmula mágica pra isso, sem a nossa participação direta.  Os psiquiatras estão deixando muito à desejar e são orgulhosos demais para pedir ajuda do paciente, pra saber pedir que relatem com precisão tudo que sentem. Se desejamos um milagre, ele só virá de nós mesmos e com ajuda de Deus.  Mas não do médico.

Psiquiatras estudam quase dez anos para atingir sua pós graduação e nem assim conseguem promover o bem estar à queles à quem se propôs e jurou ajudar (Juramento de Hipócrates).  Portanto, está mais do que na hora de cobrar dos mesmos, mais competência e menos cumplicidade com a indústria farmacêutica, que vivem usando os médicos para empurrar novas drogas aos seus pacientes, como cobaias.  Tem que se receitar o que for para ajudar o paciente à controlar seus sintomas e não pra testá-los.

Como vêem, para tudo é necessário a presença e participação direta e assídua do paciente.  Não dá mais tempo nem pra sofrer, pois precisamos estar sempre ativos na busca nosso bem estar e da forma mais prolongada possível.



Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista

               



sexta-feira, 16 de março de 2018

AUTISTA.



RUMO À SUA PRÓPRIA INDEPENDÊNCIA !


Olá para todos. Conforme prometido, estou trazendo à vocês, um novo artigo sobre este tema, com uma proposta nova que é a de inserir o autista no nosso mundo, ao invés de entrarmos no mundo dele para resgatá-lo e trazê-lo de volta.  Autista não é muito diferente de uma criança normal, credite.  O que precisamos fazer é ajudá-lo na facilitação do seu contato conosco.

O autista tem uma dificuldade mais resistente (e um pouco persistente) dada ao fato de não ter inserido ainda, o necessário para corresponder, como por exemplo, não ter aprendido o que é copo nem água, para quando tiver sede, ter como pedir.  Sua limitação, aparentemente persistente, se transfere à nós, causando-nos a mesma sensação de impotência diante de tal desafio.

A dificuldade de fala não está centrado apenas no fato de ser autista, mas também na falta de construção de palavras e de imagens, em sua mente.   Antes de mais nada é fundamental (quando em idade física adiantada) determinar a idade mental, em que o autista se encontra no momento, pois isso ajudará na identificação de abordagens mais apropriada ao seu momento específico.

Se a fala está momentaneamente incapaz de se manifestar, devemos então usar outros órgãos de percepção, como a visão e audição, para ajudar-nos como ferramentas de comunicação.   Tanto o autista quanto uma criança normal, muitas vezes faz as necessidades sem prévio aviso, simplesmente porque ainda não aprendeu à se expressar, porque ainda não aprendeu o significado de banheiro, vaso, xixi e cocô e pedir quando tiver vontade.


O uso de imagens ajuda crianças e pessoas com certas limitações, à identificar expressões correspondentes aos seus desejos, bastando que apenas aponte para o desenho específico ao seu desejo momentâneo.   Não apenas o autista mas também os pais ou os respectivos cuidadores, podem fazer uso do mesmo recurso, quando para pedir ao autista que os atenda em determinado desejo, não apenas apontando para o desenho como também proferindo seu significado de forma clara e verbal.   Através dessa técnica, estaremos ajudando o autista na sua construção da linguagem.  Para facilitar, pode-se fazer uso de um mural de fotos, com fotos (impressas em computador), mesmo em preto em branco, desde que, com boa qualidade de impressão, para imediata identificação.  Pode também usar celulares e tablet's para isso.


Não é recomendável encher o mural dezenas de fotos, com diversas atividades, pois que assim, ficará difícil para o autista, localizar o desenho que deseja e, quando o fizer, poderá ser tarde demais rsrs.  Um acervo de fotos deverá constar o necessário e depois sim, à medida que ele for compreendendo o uso das imagens, podemos pensar (não em ampliar), mas substituir as imagens que já não são necessárias (por já estar pedindo pra fazer ou fazendo sozinho), por outras novas imagens, como fotos de parentes e suas casas, sinalizando que deseja visitá-lo.   Faço aqui uma sugestão que necessidades (que não o xixi) sejam abordados com a denominação “banheiro” (como nós adultos costumamos fazer), para que ele não grite em alta voz o seu desejo, em público. rsr

Fora o trabalho de formação inicial de linguagem, existe as demais tarefas de aprendizado, com as atividades que já devem estar sendo feitas, com brinquedos e brincadeiras instrutivas.   Como índice de avaliação de desempenho e progresso, também sugiro a utilização de metas, com o propósito de sabermos o quanto estamos avançando ou qual parte precisa ser mais trabalhada.   A implementação de rotina, feita com ajuda dos acompanhantes ou mesmo parentes, é necessária como instrumento de inserção na rotina da família, participando das mesmas tarefas, como banho, refeição, assistir TV, arrumar a casa, etc.

O quesito Obediência, implica no cumprimento, tanto à rotina quanto às demais atividades, estando nesta fase, mais apto ao aprendizado da linguagem e memorização das imagens.  Ao chegar na fase da Autonomia, algumas das principais imagens já poderão ser retiradas do mural, visto que já poderá estar manifestando verbalmente, seus desejos e preferências, estando cada vez mais apto à obter sua própria autonomia (ainda que parcial).


A fase de cooperação compreende a participação à rotina, de forma mais voluntária e estar mais apto à aprender coisas novas.  À essa altura espera-se que a frequência de crises já tenham diminuindo de forma considerável.  As crises são procedentes do inconsciente e ocorrem por falta de uma formação que o faça manter-se no lado consciente e inibir a ação do inconsciente.  

Para isso, estou incluindo este quadro de atividades para cada idade mental do autista, em razão da sua idade física.


É recomendável também que se evitem brigas, discussões acaloradas e barulhos excessivos, até que o autista tenha atingido o estágio de cooperação, quando já deverá saber lidar com alguns níveis de barulho sem se assustar com os mesmos.  Na fase de “independência”, o autista já deverá estar mais preparado para a fase de alfabetização. 

Quanto mais o autista sentir-se apto à desenvolver tarefas de forma autônoma, mais ele buscará fazê-lo de forma frequente, dando forte impulso para a fase de independência.   Durante todas as fases é recomendável ter sempre um diálogo tranquilo e acolhedor (ao invés de gritos), para que ele se sinta sempre seguro no ambiente (condição que o fará tornar-se sempre, mais participativo em todas as tarefas que desempenhar).  Submetê-lo à fortes pressões, pode fazer sofrer um recesso ou retrocesso, voltando à se fechar novamente, como um mecanismo de defesa.  Mas nada do que já tenha aprendido, ficará perdido, sendo portanto, menos difícil, um possível reinício (caso seja necessário).

O autista tem sim, algumas limitações, mas apenas por falta de formação em sua mente, tal como uma criança normal ou como nós.   Se nos sentimos incapazes de realizar uma tarefa, não é porque somos incompetentes, mas porque não aprendemos o suficiente para executá-la.   Lembrando que, sempre que nos sentirmos incapazes de realizar uma tarefa ou resolver um problema, natural que haja mudanças em nosso humor, tornando-nos mais ásperos ou rudes.  Devemos respeitar o momento do autista, quando sentir-se incapaz de realizar uma tarefa, devendo tranquilizá-lo e não obrigá-lo à fazer, ao menos naquele momento.

Essa proposta sugere que o próprio autista vá correspondendo e tornando-se mais livre á cada dia, contribuindo para o progresso do seu próprio desenvolvimento.  Não devemos cobrar do tempo, que as fases se deem da noite pro dia, pois o que mais importa é resultado e progresso, até que o autista vá conseguindo tornar-se cada vez mais autônomo, até sua independência.  Vale aqui lembrar uma frase do grande Pensador Fiódor Dostoiévisk, em uma de suas céleres frases:

“Se queres vencer o mundo inteiro, vence-te a ti mesmo.”   

Esse é o nosso maior propósito para com o autista, isto é, ajudá-lo à vencer à si próprio, sempre relevando suas limitações.   Essa proposta não sugere o impossível nem oferece esperanças vazias ou impossíveis, pelo contrário, sugere resultados e progressos, apenas enriquecendo ainda mais o processo de formação do autista, especialmente na sua construção da linguagem.


Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista

              


quarta-feira, 7 de março de 2018

DESPERSONALIZAÇÃO



O que estou sentindo e porque ?



Pessoal, todo transtorno é de natureza psicológica, retratando eventos que ocorreram em algum momento entre a gestação (formada) até os 3 anos de idade.   Para melhor compreender o sintoma de despersonalização, devemos nos focar na fase infantil e decifrá-lo. Outra característica do transtorno é que não tenhamos a menor noção ou lembrança do que ocorreu pois, se tivéssemos tal lembrança, por certo não teríamos um transtorno.

Despersonalização retrata momentos de ausência de lucidez ou de auto controle sobre si mesmo (bem como do corpo ou de alguns membros). Uma das fases onde essa sensação é mais provável ter ocorrido, seria durante a gestação. É possível que algum tipo de medicação mais forte ou doses diferentes do habitual, possa causar no feto, algumas sensações diferentes ou estranhas do seu habitual. Algum tipo de droga, como morfina, usada para atenuar uma dor forte, também é possível, poder gerar essa sensação no feto.  Outras drogas também não estão descartadas.

Uma coisa crucial é pensar no feto, como feto e não tentar entendê-lo na visão de adulto. Considerando-o na sua fragilidade e também, vulnerabilidade, qualquer circunstância, que ultrapassa suas condições normais de tolerância, pode lhe causar desconfortos de qualquer natureza ou até sofrimento, conforme o caso. 

Crises são somatório de circunstâncias que geraram o transtorno.  Mas também são mensagens criptografadas, que nos obriga à entendê-lo, ao invés de somente sofrê-los.  Crises são como sonhos desejando serem interpretados (pois essa é a principal razão de sua existência).  

Todo portador passa à ter duas opções, no momento em que descobre que tem um transtorno, ou trata e faz de tudo para que o tratamento o favoreça com o bem estar desejado ou, que se ocupe do transtorno para estudá-lo à fundo e descobrir formas de com ele poder conviver, até conseguir desprezar os sintomas, depois as crises e por fim, fazer extinguir automaticamente o seu transtorno.

Em qualquer das opções exigirá uma coisa chamada determinação e só não será mais necessário, quando conseguir atingir um dos objetivos, uma das duas opções.  Pode tentar primeiro, a primeira opção, para usá-la de degrau para ir para a segunda opção.   Se optar apenas pela primeira, terá de saber cobrar do médico e terapeuta, a competência que ambos juraram defender e praticar na colação de grau, com todo seu entendimento. (que aprenderam durante anos).

Lembrem-se, nada acontece por acaso, crises e sintomas não acontece sem nenhuma razão, eles se comunicam conosco, avisando que existe uma pendência psicoemocional que ficou parada no tempo, à espera de solução. Apenas pensando nisso, já é uma forma de não sofrer por nada e sim, de buscar sua condição psicoemocional presente, sabendo que há uma razão pra existir e, é justamente aí que está o trampolim para conseguir o objetivo da segunda opção.

Tudo é possível para Deus, somos imagem é semelhança Dele, o que implica dizer que temos o mesmo poder para operar em nós o milagre necessário. Não duvide.


Professor Amadeu Epiânio
Pesquisador/Psicanalista