Projeto VIVA +

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

ESQUIZOFRENIA !


PERCEPÇÕES DE SOMBRAS NA PAREDE.


Primeiramente vamos descrever quais sintomas caracterizam o transtorno da esquizofrenia.

“O Transtorno de espectro da esquizofrenia compreende a esquizofrenia propriamente dita, assim como outros transtornos psicóticos e o transtorno esquizotípico de personalidade.  São definidos pela presença de sintomas como delírios, alucinações, transtorno do pensamento, conduta motora desorganizada, bem como pelos sintomas negativos.”  (Clínica Psiquiátrica de bolso – Ed. Manole – Orestes Vicente Forlenza e outros)

Não pretendo fazer desacreditar tal descrição mas, estamos atribuindo valor demais, ao que não se conhece, com demasiada profundidade.  Dizia o personagem “Doutor”,  no filme “De volta para o futuro 3”, ao seu amigo Marth MacFlay:  “Você não está pensando em quatro dimensões(...)”.  Significa que está se julgando apenas, o que se está vendo. Em outra referência temos a história “O Mito da Caverna”, de Platão.

“No texto, Platão fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância. Com as mãos amarradas em uma parede. Eles podem avistar somente as sombras que são projetadas na parede situada à frente. Aquela parede da caverna, aquelas sombras, reproduziam o mundo restrito dos prisioneiros.”

Ou seja, estamos idealizando uma realidade feita de ilusões e alucinações, tendo como consequência, Transtornos de pensamento e conduta motora desorganizada.  Pensemos por um minuto, em qual circunstância (em qual idade) viveríamos tais sintomas, sem que pudéssemos chamá-los de doença mas, de comportamento normal visto por uma pessoa que ainda não dispõe do controle do próprio corpo, ou seja, praticamente sem nenhuma coordenação motora, exceto se não, pelo o que esta mesma pessoa (o feto) acredita ter.

Quem, na verdade, está dentro desta caverna (de Platão), vendo sombras e fazendo especulações sobre elas ?  Quando vemos uma pessoa com esquizofrenia e observamos seus hábitos e movimentos, imediatamente imaginamos que ela tenha algum tipo de problema, o qual não lhe permite ter seu auto controle.  Agora pensemos (como no filme “De Volta para o Futuro III”, não estamos pensando em quatro dimensões.  Ou seja, não passa pela nossa cabeça que, aqueles são movimentos de uma pessoa sim mas, em uma idade, cujo o controle dos movimentos ainda não tem e, ilusões e conjecturas que lhe sobram, em razão do pequeno mundo em que vive (útero materno) já formado.

Naturalmente não traríamos para a fase adulta, alterações de pensamento e sensações, que por ventura o pequeno ser tenha experimentado em decorrência de algum tipo de evento.  Evento cuja intensidade tenha ultrapassado sua pequenina capacidade de tolerância.  Entendimento também não se aplica.  Imaginemos que sua mãe (gestante), experimente situações tensas, como discussões e brigas, com expressões de baixo calão e ameaças diversas.  Não é difícil supor que o feto dentro dela, não esteja tendo as mesmas sensações e ouvindo tudo e da forma que foi dita.  A criança (física) pode não entender as palavras e ofensas proferidas, muito menos compreendê-la porém, seu inconsciente (nascido em conjunto com sua formação), pode.  Já afirmei em outros artigos neste mesmo blog que, os inconscientes EGO e ID, tem ambos, o propósito de proteger o corpo que os abriga. 

Toda experiência e tensão, da discussão, vivenciada pela gestante é transferida ao feto e gravada em seu reprimido (uma espécie de HD de computador, com uma quantidade inimaginável de armazenamento).  Teoricamente, essas experiências traumáticas podem ser nocivas para o pequeno corpo e, passado um tempo, até que o feto nasça e se desenvolva, até pelo menos à sua puberdade, aqueles traumas tornam-se latentes, com o objetivo que o corpo tome conhecimento e entenda, fazendo com que seja extinto.

Contudo, o que lhe é lembrado é apenas a sensação vivenciada (em vez do relato em si).  Então, vem à lembrança e consciência, vozes e (supostas) alucinações (decorrentes do que o feto pode ter tentado imaginar, o que estivesse acontecendo “lá fora”, para que o transtornasse tanto.  Como não há referência para comparar, o céu é o limite na imaginação de uma criança (de feto aos 3 anos de idade).  A imaginação de uma criança, se compara as conjecturas dos prisioneiros da caverna, em relação às sombras que eram criadas pelo fogo, elevando ou minimizando o impacto das criações assustadoras, formuladas pelas formações das sombras.

Temos vivido nossas vidas de adulto, negligenciando a idade, infantilidade e ingenuidade dos pequenos (em suas cavernas), que é o ambiente não compartilhado pelos adultos, isto é, sem o desejo ou intenção destes, em buscar entender a visão de sua ingênua narrativa dos fatos.  Nesse contexto, criamos simultaneamente, dois mundos distintos e duas gerações que se distanciam, que mal conseguem se comunicar, embora sempre prevaleça o lado adulto, permitindo que os pequenos “inflamem” ainda mais, seus conceitos negativos, de que estão sozinhos em suas “cavernas” (seu próprio mundo).  Um mundo em que eles não tem voz nem decide, apenas acatam as decisões de gentes grandes e insensíveis.  Isso favorece a criação de outros tipos de transtorno.
A esquizofrenia é uma combinação de conjecturas, dos que vivem fora da caverna, em relação aos que vivem dentro, submetendo-os à circunstâncias (tratamento), que mal sabem porque e para quê, estão se submetendo, tendo apenas que aceitar.  Se os psiquiatras fizessem a abordagem apropriada, talvez não fosse tão necessário, a prescrição de remédios tão fortes, para diagnósticos tão severos, criados à partir de uma “sombra vista na parede”.

“Sem um diagnóstico psicopatológico  aprofundado, não se pode nem compreender adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem escolher o tipo de estratégia terapêutica apropriado”. (Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais – 2ª Edição – Paulo Dalgalarrondo).

O mesmo princípio se aplica aos demais transtornos existentes.  Ou seja, experimentam reações específicas, quando criança e, guardam dentro de si, apenas por não compreendê-los.  Agora, mesmo quando adultos (ou jovens), ainda estão presos à aquelas experiências, tentando explicar, na forma inocente de ver, os fatos que partilharam e as sensações que tiveram.  Só porque são “sombras” grandes, não implica dizer que são de natureza grave ou severa (exceto senão, na visão inocente de uma criança pequena).  Não se trata de doença, apenas estamos sendo lembrados “das sombras”, para que sejam extinto de nossas mentes.


Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Autodidata.









Nenhum comentário:

Postar um comentário