ACEITANDO A SUA !
Já repararam como
vivemos negando um fato, o qual não nos cansamos de aceitar, em outras situações
? Nosso maior desafio é buscar entender
o que está acontecendo, quando uma ocorrência nos pega de surpresa e, em razão
disso, antes mesmo de aceitar, negamos veementemente sua existência e
relevância, buscando fugir, à tentar resolvê-lo.
Raciocina comigo, quantas
vezes somos obrigados à aceitar condições impostas por terceiros, ao comprarmos
um produto, à tentar saldar uma dívida, tendo que nos submeter às regras e
juros altos ? Quantas vezes o carro cisma de parar em lugar errado e aparece do
nada, aqueles mecânicos com seus reboques, cobrando absurdo ? Temos de pagar não é ?
Como algumas regras,
mais nos provocam do que nos “amarra”, a tendência do ser humano é usar do
jeitinho brasileiro para tentar esquivar-se de quase tudo, é ou não é ? e,
quando algo torna-se realmente impossível de fugir, é aí que nos desesperamos,
pois não treinamos a arte de racionar para resolver mas, de sempre buscar uma forma
de fugir de nossas “prisões psicológicas”.
É como não saber o que fará, quando enfim, se libertar.
Estamos presos à uma
sociedade cheias de regras.
Em meu
primeiro dia de aula, do curso de Direito, a primeira coisa que o professor de
introdução disse, foi citar uma frase (que até hoje desconheço o
autor), que foi a seguinte:
“Para vivermos em
sociedade, é preciso abrir mão da sua liberdade”. (autor desconhecido)
E olha que isso já faz
muito tempo, mas é curioso como ainda é oportuno. Vivemos uma busca desenfreada, por uma falsa liberdade
que, se conseguir, só o levará à outras prisões e cada vez mais difíceis de
sair, até se encontrar numa verdadeira sinuca.
Se por acaso já se sente assim, a primeira coisa que precisa fazer, é
parar de tentar fugir e começar à aceitar que já vivemos numa prisão, que é a
vida. Não por ela em si, mas por uma
série de pessoas que não respeitam regras que lhe são impostas, sem contar as
próprias regras que impõe à si mesmo ou para terceiros (como os filhos) e que
não às respeita para tornar-se um bom exemplo.
A segunda coisa é saber
onde está, porque está e de que forma foi parar nesta situação (sua suposta
prisão). É como estudar as dimensões da
cela em que está, pra saber como irá habitar, enquanto nela estiver, pois ela
será o seu lar, até que aceite o que está lhe acontecendo (não importando a dor
ou desconforto). Nossas prisões
psicológicas não são feitas de celas e camas, mas também não são difíceis
de sair. O problema é que a questão nem sempre está no
tamanho mas, na concepção de liberdade, que cada um faz, da sua prisão.
Liberdade, nem sempre
pode ser traduzida ao pé da letra. Ela
é, antes, um processo de adaptação, para que dela possamos absorver tudo que
pudermos, para que possamos (não ficar livres), mas ter a "chave" da prisão e sairmos apenas, para ajudar outros em condições semelhantes porém, sem ter ainda, o
entendimento que já adquirimos.
Ser livre, é saber
aceitar nossas prisões, algumas para nos disciplinar, outras, porque podemos
ter merecido. Ser livre, é saber que,
liberdade pode ser algo perigoso e, quando se tenta fugir, nos colocamos
vulneráveis à novas prisões e, quanto mais nos revoltarmos, mais difícil será
aceitar que vivemos presos, para podermos conviver. O grande segredo não é estar solto, mas poder
conseguir a chave de todas as prisões, pois somente assim, conseguiremos viver
num grande e complexo sistema prisional, que é a vida.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista
Contatos: contato_amadeu@yahoo.com
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