Projeto VIVA +

segunda-feira, 25 de março de 2019

LIBERTE-SE DA PRISÕES...



ACEITANDO A SUA !


Já repararam como vivemos negando um fato, o qual não nos cansamos de aceitar, em outras situações ?   Nosso maior desafio é buscar entender o que está acontecendo, quando uma ocorrência nos pega de surpresa e, em razão disso, antes mesmo de aceitar, negamos veementemente sua existência e relevância, buscando fugir, à tentar resolvê-lo.

Raciocina comigo, quantas vezes somos obrigados à aceitar condições impostas por terceiros, ao comprarmos um produto, à tentar saldar uma dívida, tendo que nos submeter às regras e juros altos ? Quantas vezes o carro cisma de parar em lugar errado e aparece do nada, aqueles mecânicos com seus reboques, cobrando absurdo ?  Temos de pagar não é ?

Como algumas regras, mais nos provocam do que nos “amarra”, a tendência do ser humano é usar do jeitinho brasileiro para tentar esquivar-se de quase tudo, é ou não é ? e, quando algo torna-se realmente impossível de fugir, é aí que nos desesperamos, pois não treinamos a arte de racionar para resolver mas, de sempre buscar uma forma de fugir de nossas “prisões psicológicas”.  É como não saber o que fará, quando enfim, se libertar.

Estamos presos à uma sociedade cheias de regras.  
Em meu primeiro dia de aula, do curso de Direito, a primeira coisa que o professor de introdução disse, foi citar uma frase (que até hoje desconheço o autor), que foi a seguinte:

“Para vivermos em sociedade, é preciso abrir mão da sua liberdade”.  (autor desconhecido)

E olha que isso já faz muito tempo, mas é curioso como ainda é oportuno.  Vivemos uma busca desenfreada, por uma falsa liberdade que, se conseguir, só o levará à outras prisões e cada vez mais difíceis de sair, até se encontrar numa verdadeira sinuca.  

Se por acaso já se sente assim, a primeira coisa que precisa fazer, é parar de tentar fugir e começar à aceitar que já vivemos numa prisão, que é a vida.  Não por ela em si, mas por uma série de pessoas que não respeitam regras que lhe são impostas, sem contar as próprias regras que impõe à si mesmo ou para terceiros (como os filhos) e que não às respeita para tornar-se um bom exemplo.

A segunda coisa é saber onde está, porque está e de que forma foi parar nesta situação (sua suposta prisão).  É como estudar as dimensões da cela em que está, pra saber como irá habitar, enquanto nela estiver, pois ela será o seu lar, até que aceite o que está lhe acontecendo (não importando a dor ou desconforto).  Nossas prisões psicológicas não são feitas de celas e camas, mas também não são difíceis de sair. O problema é que a questão nem sempre está no tamanho mas, na concepção de liberdade, que cada um faz, da sua prisão.

Liberdade, nem sempre pode ser traduzida ao pé da letra.  Ela é, antes, um processo de adaptação, para que dela possamos absorver tudo que pudermos, para que possamos (não ficar livres), mas ter a "chave" da prisão e sairmos apenas, para ajudar outros em condições semelhantes porém, sem ter ainda, o entendimento que já adquirimos.

Ser livre, é saber aceitar nossas prisões, algumas para nos disciplinar, outras, porque podemos ter merecido.  Ser livre, é saber que, liberdade pode ser algo perigoso e, quando se tenta fugir, nos colocamos vulneráveis à novas prisões e, quanto mais nos revoltarmos, mais difícil será aceitar que vivemos presos, para podermos conviver.  O grande segredo não é estar solto, mas poder conseguir a chave de todas as prisões, pois somente assim, conseguiremos viver num grande e complexo sistema prisional, que é a vida.

Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista


Contatos: contato_amadeu@yahoo.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário