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terça-feira, 6 de setembro de 2016

DEPRESSÃO III

O QUE NOS FAZ SOFRER ?



Um dos conselhos que um depressivo mais ouve é que ele goste mais de si mesmo.

Não se amar, não gostar de si (ao menos como está) é tornar-se já invisível diante dos outros), de forma que, aquele sentimento de querer sumir vez ou outra (ou pra sempre), na verdade o depressivo já está fazendo isso, porque as pessoas já não o vêem mais, como era antes (por isso fazem tantas cobranças). 

Tornar-se invisível é duas vezes prejudicial para o depressivo, por que ? Primeiro porque a depressão é em si já é uma doença invisível (por não podermos ver, tatear ou sair num exame de Raios x).   Em segundo lugar, por gostar-se menos de você mesmo(a), o que já o torna invisível.

Não podemos tratar o que não podemos ver e mesmo a sensação angustiante de ter alguma coisa, mas não saber definir ao certo o que é, não ajuda em nada, médicos nem terapeutas.   Se quisermos nos curar da depressão (e acredito sinceramente que ninguém queira estar depressivo), é preciso torná-lo visível, palpável, tátil, para que possamos então, mensurá-lo e à partir daí, ser mais fácil estabelecer o tipo de tratamento que será feito.  Um diário escrito e detalhado pelo depressivo, por um tempo que seja proporcional aos sintomas do transtorno que possui, já será de grande ajuda.

Uma outra questão é que a cura não vem de bandeja trazida por um garçom, precisamos ir buscá-la, tomar parte do processo de tratamento e juntos, paciente e médico (e terapeuta), resgatar a auto estima, através dos pontos que foram trazidos à tona, que tanto bloqueavam a vontade de viver e fazer as coisas. É como se tivéssemos tirado de dentro de nós, as pilhas que nos faz "funcionar" e que sem elas, ficamos literalmente sem força nem vontade pra nada.

Das duas uma, ou trocamos as pilhas (com novos conceitos) ou colocamos as mesmas, tiradas por achar que já não funciona (porque acreditamos e alimentamos falsas verdades, criadas em torno de expectativas que alimentamos ardentemente, mas que nunca se consumaram. Quando à criamos, estávamos felizes e confiantes (e nosso inconsciente percebeu e gravou isso).  Mesmo não acontecendo e mesmo querendo desistir do desejo, o inconsciente ainda acredita que é possível e vai ser persistente em acreditar, que você só será feliz se conseguir o que tanto um dia desejou.

Pronto, criou-se a raiz da depressão (mas não já instalada). É nos altos e baixos da vida que, dependendo da prevalência dos sentimentos decorrentes, que a depressão se consolidará...ou não.  Quero dizer que é possível que você ainda não esteja com ela já instalada por completo e o que está sentindo (sem crítica) é fruto de uma cultura que cultua a doença para justificar-se de um estado de tristeza profunda. Prova disso está em medicações que não funcionam, não dão certo e, ao invés de promover melhora, acaba só piorando o que já estava ruim.  Isso é muito comum.

Alimente desde já a idéia que não esteja (patologicamente) depressivo(a), que pode ser apenas um dos "baixos" (dos altos) das oscilações normais da vida. Não estou dizendo que está mentindo, acredito quando diz que está sofrendo, porém, essa "doença" é uma porta que ainda não se fechou (se concretizou) e portanto pode estar sofrendo, mais pela idéia do que pelo nome depressão.

Pela depressão sofremos de duas maneira, em silêncio ou embasado em justificativa que, ainda que tátil, não representa a causa real da depressão (escondida no inconsciente). Descobri-la está a cargo do terapeuta. Achar uma resposta em poucas seções é praticamente impossível mas, que não precise levar uma vida inteira, ou seja, anos de terapia sem resultado.  Terapia é feito reforma que fazemos em casa, não dá pra ficar meses sem progresso. 

Quando conseguir descobrir (pela terapia) o que lhe fazia sofrer, ficará surpreso(a).


Professor Amadeu Epifânio
Psicanalista / Pesquisador

              

                  Corrigindo Passos para um Caminho + Seguro.

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