Projeto VIVA +

sexta-feira, 15 de maio de 2015

DEPRESSÃO III


PORQUE MAL DO SÉCULO ?
Já não é de hoje que ouvimos falar no quanto a modernidade e os avanços da indústria e do consumismo, contribuiu para a inclusão maciça da mulher no mercado de trabalho, em quase praticamente todos os setores (que até então eram monopolizados apenas pelo sexo masculino). 
Já nos anos 40 e 50 não eram poucos os conflitos familiares, gerados por históricos de austeridade paterna com passividade maternal e que já eram frequentes nas famílias, gerando já, naquela época, alguns desvios de conduta dos filhos, porque os padrões familiares já eram comparados involuntariamente com os de outros amigos, o que sempre resultava em paradoxos “injustos” e sempre questionáveis e ocasionalmente contornados, levando os filhos rebeldes à atitudes de menor poder ofensivo (se comparados com os dias atuais), embora já questionáveis e repreensíveis para aquela época.
À medida que o tempo avançava, o paradigma familiar tentava à todo custo resistir às tentações atrativas desses avanços, mas era inútil, pois acabava cedendo espaço e se entregando às conveniências culturais, impostas por uma nova sociedade de hábitos mais consumista que o habitual (para aquela época).  Maridos e esposas já saíam para trabalhar fora, deixando os filhos na casa dos avós paternos e maternos, onde já começavam à sentir o afastamento afetivo dos pais, que resultava no sentimento de abandono, além do apavoramento que lhes causava a ausência de uma perspectiva, quanto à ter de volta a atenção, o afeto, o pôr na cama, o arrumar pra escola, etc., tendo agora que fazer sozinhos essas coisas, levando bronca ainda se demorasse.   Já estamos nas décadas de 70 e 80.
Até então, depressão não era algo tão disseminado, pelo contrário, eram casos isolados, isto porque as mudanças e a modernidade chegavam lentamente, modificando aos poucos a cultura das famílias, que ainda priorizavam a refeição na mesa e o passeio em família.  Mas foi nos anos entre 1990 e 2000 que a depressão começou à se disseminar, bem como boa parte dos transtornos psiquiátricos que hoje conhecemos (todos primos entre si), haja visto que de certa forma, todos se interligam de alguma forma.  A depressão é hoje, a senhora majestade entre todos os transtornos, pois reina tanto sozinha quanto ligada à outros transtornos.
A depressão sempre teve (e terá) razões e causas subjetivas para a sua manifestação.  Muitas vezes julgamos ser pelos fatores que acreditamos, que por sinal e coincidência também se justificam pelos efeitos semelhantes que causam, entre eles a desesperança, falta de perspectiva, desânimo, falta de prazer, entre outros.  Isso porque houve uma “quebra” nos planos de futuro, que ficaram presos no passado e alí ficou, porque os maridos começaram a deixar as famílias e também os filhos para trás, (sob a tutela das mães), porque criou-se uma concorrência de comando dentro de casa, deixando os filhos sem terem mais pra onde correr, pois que antes apanhavam dos pais e iam se consolar com as mães, depois o inverso e agora, leva bronca dos dois>porque ambos já estão sem paciência para lidar com os caprichos dos filhos mimados, necessitando sempre, serem contidos, com limitações, “nãos” e castigos diversos.  Sem contar o estigma negativo da vergonha social de virar mãe solteira.
Por isso a depressão é considerada o mal do século, por atingir uma infinidade de pessoas, de várias classes sociais (principalmente as mais elevadas, como média e alta>senão as mais ricas) onde se concentram as maiores expectativas e caprichos de desejos impossíveis, à espera de um dia poder verem acontecer ou satisfazer-se. As classes menos favorecidas não sofrem tanto de depressão, porque se conformam e se adaptam mais às condições de vida, sem precisarem fazer planos futuros, exceto o de poderem, ao menos, pagarem as faturas de cartão de crédito e parcelamentos de crediário. 
Todos queremos uma vida mais perfeita, completa e feliz possível, mas entre o querer e ter existe o poder, a capacidade, a dureza, a dificuldade, a vida difícil, a luta árdua, coisas que a classe média e alta não passa para os filhos, pelo contrário, acostuma-os à vida fácil e utopicamente perfeita, enquanto puderem gozar e tentar preencher seu vazio com seus caprichos, rebeldia ou revolta, por jamais ter aceitado a vida de uma outra maneira e ainda querer “moldá-la” à própria conveniência, cuja qual aplicado também ao fato de (para uma boa maioria) não só precipitar o auto diagnóstico depressivo, quanto culpá-lo de suas (ainda) tristezas momentâneas.                                       
Apontar todos esses fatores para se justificar a depressão pode nos parecer insuficientes, à princípio.   Mas data venha, não devemos nos esquecer que existe todo um caminho à ser percorrido, até que se chegue ao quadro depressivo, propriamente dito e que não é, portanto, da noite pro dia que ela se instalará.
Em seguida virá uma sequência longa de declínio da expectativa criada, em razão do desejo que começa à tardar em acontecer, que não levará diretamente à depressão, pois que antes disso, virá a ansiedade (em razão da demora), depois a frustração, o nervosismo, a irritabilidade, um pouco de revolta, a raiva (pela decepção com a frustração da certeza que o desejo se realizaria tão rápido quanto fácil).  Tudo isso com seus tempos correspondentes, condicionados à tolerância específica de cada pessoa, que anos atrás ainda eram mais elevados e que hoje, vive muito baixo, propiciando o aparecimento de novas doenças e outros transtornos. 
Mas ainda não acabou.  Depois vem a angústia e a tristeza, de leve à crônica (onde se conta mais algum tempo), para somente então começar à dar ares depressivos.  Se os fatores desencadeantes ocorrerem ainda na infância ou durante a puberdade, onde os desejos são mais ardentes e persistentes, todo esse caminho levará ainda mais tempo, ou seja, dos 5 a 7 anos, para aproximadamente 10 a 15, para se caracterizar o quadro depressivo propriamente dito.
Não devemos nos esquecer ainda que, enquanto que no quadro consciente, esperança e persistência correm por fora, por dentro do corpo, corre todo um processo orgânico, psicológico e neurológico, alterando todo um estado de normalidade, na mente frustrada e decepcionada daquele ser, até chegar no quadro depressivo, juntamente com a degradação da expectativa e do falecimento da esperança, caracterizando enfim, a depressão crônica, com características subjetivas, mais no seu estágio atual (ou terminal), por ser resultante mais de uma cultura do que uma patologia.  
Exercitar o autoconhecimento, aprendendo sempre a analisar os fatos, antes de julgá-lo como impossível ou inviável, ainda é a maior de todas as vacinas preventivas.  Se não aceitamos um fato é porque não compreendemos, por preguiça de estudá-lo, por total falta de discernimento.
Dar, hoje, um prognostico otimista de retrocesso do quadro social depressivo, seria até leviano da minha parte, haja vista (e conforme dito, que a depressão é hoje, mais uma cultura instalada do que uma patologia pontual).  Com o sempre e eterno despreparo (e porque não dizer, desinteresse), tanto da sociedade quanto familiares, de não só, não saber lidar como primeiramente saber aceitar no outro o quadro “psiquiátrico” depressivo e seus feitos adversamente estáticos, tal negligência contribui no mínimo para a sua dolorosa manutenção, quando não para o seu agravamento.
Como um “mal” subjetivo que se preze, tanto a abordagem quanto processo terapêutico devem seguir na mesma linha, ou seja, terapeuticamente “cirúrgico”, pois que é preciso tentar penetrar até o labirinto obscuro do inconsciente, encontrar o ponto de conflito e gerador da causa da depressão, fazê-lo conhecer, fazê-lo sentir, para que somente então contido, possa dar sossego ao lado consciente, eliminando por completo, toda influência perturbadora e com ela, a depressão.  Não desta forma, apenas os efeitos poderão ser trabalhados (ou nem sempre contidos), pois que a causa estará sempre presente, como o interior de vulcão sempre ativo durante anos.
Tudo que nos acontece nos surpreende.  Se não aceitamos nos causa indignação, se persistente, nos irrita; se nos atrapalha, nos aborrece; se nos impede, nos chateia; se persistente, nos angustia; se dói, nos entristece;  se não vai embora, é depressão; se não se resolve, é depressão crônica;  se acaba com a nossa vida, tentamos tomar essa atitude primeiro. 
Não deixe chegar neste ponto e comece logo a conversar com seu terapeuta e lembre-se: terapia é feito reforma que fazemos em nossa casa, não dá pra passar tanto tempo sem progresso e nem ficar botando tijolo de vento que não se sustenta.  Ou se trabalha direito ou se troca de “empreiteiro”.
Ninguém faz nada se não em razão de algo que o(a) motive.  (essa frase é minha rsr).  Portanto, nada é gratuito e sempre haverá de merecer o respeito dos que estão próximos.   Coloco-me como sempre à disposição para dirimir quais dúvidas que se fizerem oportunas ou necessárias.  Abraços e que Deus os abençoe.
         Prof. Amadeu Epifânio



Corrigindo Passos para um Caminho + Seguro.
                  
                            

2 comentários:

  1. Não se esqueça, que o cerebro funciona tambem como a exemplo do sistema imunologico, se recria e reestrutura para sobreviver. Alguns depressivos se tornam maniacos depressivos com o tempo. Alguns perfis, como dos goticos, são de "maniacos depressivos" inveterados. Bom assunto para desenvolver uma publicação amigo, Prof Amadeu. Exemplo de banda musical gotica.... https://www.youtube.com/watch?v=ijxk-fgcg7c

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  2. O Problema é um só, amigo, que se não resolvido, só tende à se agravar, por meios que a mente entenderá como oportuna para o momento. Remédio mesmo é voltar atrás, refazendo os mesmos passos, até encontrar aquela pedra onde tropeçamos e julgamos que ela não deveria estar alí, quando na verdade, ela estava lá (e sempre estará) para sabermos quanto podemos usar de nossas habilidades ou capacidades, para transpôr outras que surgirão ainda, pelo caminho. São as pedras que nos dizem o tamanho que somos.

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