PORQUE AINDA PRESENTE E PERVERSO ?
Eis uma pergunta que nos leva à duas
reflexões, qual seja, o da persistência desta forma de perseguição e também do
porque de tanta severidade ao abordar pessoas escolhidas à dedo, para servir de
bode expiatório em seus conflitos, quase sempre, familiar. E vem a pergunta que não quer calar: Porque maltratar com tanta maldade, alguém
que mal se conhece direito, que não fez qualquer tipo de provocação e que
apenas compartilha da mesma sala de aula ?
O modo pacato (de sua vítima) já seria,
para o agressor, uma provocação. Porque ? O jeito quieto, pacato, quase indiferente, irrita porque reproduz,
provavelmente, o modo de como pode estar sendo tratado pelos pais ou um deles,
isto é, de forma omissa ou negligente ou indiferente, à vida dele e dos problemas
que pode estar passando, o que causa no agressor, muita decepção, raiva e a
concepção negativa que ele alimentará, pela constância do comportamento dos
pais, repetida mais de uma vês.
Como ele não pode agir em represália
contra os pais e a raiva fica e ferve dentro de si, ele segue sua rotina na
tentativa ou de esquecer ou de buscar uma forma de dar o troco. Mas no colégio ele não pensa nem numa coisa
nem em outra, até que ele percebe, num determinado colega da sua classe (ou de
outra), um comportamento que muito se assemelha ao do pai ou da mãe (não
importa o sexo) e que muito o decepcionou e machucou.
Até aqui, o nosso jovem problemático
está se sentindo decepcionado e rejeitado, sentindo muita raiva de quem o
machucou e, ao se deparar com alguém com o mesmo perfil do seu algóz, ele parte
pra cima, primeiro com deboches e ofensas verbais, com o objetivo de ferir
moralmente os pais, representado aqui pelo colega e vítima. Como vê que o colega não reage e não se
defende, isso só faz aumentar a sua ira como forma de provocação, passando ele
à reagir e revidar o comportamento indiferente do colega, de forma ainda mais
dura.
Este sentimento de rejeição pode vir
também, de um tempo passado e que já vem sendo mantido e alimentado, muitas
vezes sem os pais se dar conta do que estava acontecendo, principalmente no
aspecto interno, ou seja, com o emocional ferido e machucado do filho, que por
não ter expectativas de curto prazo, quanto à ver resolvido seu conflito e por
ter pouca idade, desenvolve mecanismos inconscientes de defesa como instinto de
sobrevivência e, de forma autônoma, machuca aquele colega como se fosse os
próprios pais, por traços iguais de comportamento.
Há de ressaltar que o Bullying não é uma
atitude totalmente consciente de quem agride (não importando muito o modo da
agressão) e sim uma reação inconsciente da mente, com atitude involuntária
proporcional ao nível de formação e de convivência familiar até o momento da
sua mudança de comportamento. Eu já
havia dito em outros artigos que o nosso emocional tem uma idade proporcional à
de uma criança de 3 (três) anos, que são os nossos impulsos, aquele que quando
ardentemente desejamos algo, não pensamos se irá nos prejudicar ou nos machucar,
muito menos, aos outros. Simplesmente
queremos e pronto.
Agora imagine um impulso emocional de
três anos num corpo de uma criança ou de um jovem. Uma mistura perigosa, não
acham ? A persistência no Bullying se dá
porque, quem toma a atitude de agredir é este emocional interior e infantil. Mas o que ele quer, não é apenas agredir e
sim, machucar muito, como seus pais o machucaram em dado momento e esta vítima
está representando os pais, na concepção “interior”.
A perseguição é apenas a forma para se
chegar ao objetivo. Quando o objetivo é
alcançado, isto é, quando sua vítima encontra-se num estágio traumático e quase
depressivo, seu emocional dá-se por satisfeito, encerando suas ações contra
aquela pessoa, o que não significa ele partir para uma nova vítima com o mesmo
objetivo ou quem sabe, “sossegar” um pouco, o que vai depender do seu
relacionamento em casa com seus “algozes”.
Quem pratica Bullying precisa tanto de
ajuda quanto sua vítima. Quem pratica
Bullying carece ser assistido psicologicamente ou com psicanálise. Isso significa tratar o problema na fonte e
não ficar remediando com campanhas para criminalizar o Bullying, assim como
quem o pratica. Seria como pôr uma arma
na mão de uma pessoa em estado de fúria.
Não é difícil imaginar o desfecho. Outra coisa que não devemos confundir é Bullying com preconceitos de naturezas diversas. São duas coisas diferentes, embora em ambas, quem pratica necessita de ajuda.
Vamos tratar o problema como ele deve
ser tratado. Todos saem ganhando.
Amadeu Epifânio
Projeto Conscientizar – Viver bem é
Possível !
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