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quarta-feira, 17 de abril de 2013



INACEITÁVEL PARADOXO.


Quem nunca entrou numa rua, na certeza de que havia do outro lado a continuidade, mas que, após longo trecho percebeu que era uma rua sem saída ?   Quantos já se perderam no trânsito, indo parar em local totalmente aposto ao destino desejado ?  Quantos acreditaram, de que o toillet do shopping ficava depois da escada rolante e chegando lá, se viram no sacrifício de ter de voltar tudo outravês ?  Quantas vezes, depois disso tudo, não esperamos de alguém uma forma de consolo pela nossa imprudência, ao invés de deboches e sarros pela “mancada” ou “deslize”.  Quantas vezes um estranho, nessas horas, não nos serve de terapeuta, à esperar dele alguma palavra que nos faça sentir melhor, mesmo diante de uma gafe,  às vezes leve, mas que nos deixa com um enorme sentimento de raiva de nós mesmos, é ou não é ?

O pior de tudo é que isso ocorre com frequência e com a mesma frequência continuamos à nos socorrer, com pessoas, amigos, parentes, estranhos e quem mais puder nos ouvir em momentos de raiva, frustração, decepção, angústia ou desespêro.  Estão achando tudo isso um exagero ?  Então não queiram fazer parte do grupo de pessoas que, involuntariamente, se socorreram no crack ou na cocaína ou em qualquer outra droga de dependência instantânea.

Não.  Não estou viciado.  Não estou porque sei como as drogas poderiam chegar até mim e me fazer cair nessa estranha areia movediça, que puxa as pessoas cada vês mais para baixo e agarra pelos pés, para que nunca ou tão cedo, tenhamos a chance de subir novamente.  Deve ser como viver no umbral ou no vale dos suicidas, num plano espiritual, onde as almas que lá estão, esperam um dia (tal como aqui na terra) ter a oportunidade de sentir a luz.

Vocês não leram errado.  Eu disse sentir a luz, porque é a luz da solidariedade, do respeito e do acolhimento, para com essas pessoas que estão vivendo momentaneamente, no calvário da escuridão e da solidão.  O calvário do preconceito é a luz mais negra que pode existir, o escuro absoluto.  Talvez esteja este em condição ainda pior do que os dependentes, porque estes, em razão das drogas, não podem mais fazer escolhas, ao contrário dos que não são, mas que são próximos por algum laço e mesmo tendo opção, mostram-se mais cego que a própria justiça, cuja venda nos olhos já não representa mais a imparcialidade, mas sim, o descaso.

Ninguém escolhe por livre vontade, tornar-se escravo de tal algóz químico. Não de forma tão voluntária e consciente, porque simplesmente vai contra à principal primícia da mente, que é à de preservar o corpo que o abriga, ou seja, conservar a própria vida.  Inaceitável paradoxo.    Se tal descarrilamento se deu, é porque algo grave, recente ou antigo, foi determinante em transformar conceitos e valores que defendia, à ponto de não defendê-los mais, considerando que fossem estes, seu centro de referência e equilíbrio, até então inabaláveis.

Não mostrar para um dependente uma luz que possa guiá-lo de volta em segurança, para ele, qualquer ação, no sentido de resgatá-lo, será mera demagogia.  Ou se faz um trabalho completo, (oferecendo-lhes ocupação e trabalho após o tratamento) ou não precisa nem começar, pois do contrário, o retrocesso é iminente, pois a desintoxicação se dá apenas no corpo, porque a droga ainda é “inquilina” na mente e cujo despejo, se dará com o tempo e determinação.

A falta de afeto, diálogo, compreensão, respeito e discernimento, para ajudá-los à entender o que não compreendiam, foi responsável por “empurrá-los” para o abismo das drogas.  Agora, tudo que faltou deve ser trabalhado, para trazê-los de volta, com determinação e dignidade.  Para pular das drogas para as nossas mãos, não será um seis por meia dúzia, mas por uma dúzia, pois deverão sentir-se seguros, para, de antemão, poder terem a certeza, de que não voltarão mais para o inferno.  Somos pelo o que somos, mas também pelo o que causamos... por preconceito.

                                                                                       Amadeu Epifânio

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