INACEITÁVEL PARADOXO.
Quem nunca entrou numa rua, na certeza de que havia
do outro lado a continuidade, mas que, após longo trecho percebeu que era uma
rua sem saída ? Quantos já se perderam
no trânsito, indo parar em local totalmente aposto ao destino desejado ? Quantos acreditaram, de que o toillet do
shopping ficava depois da escada rolante e chegando lá, se viram no sacrifício
de ter de voltar tudo outravês ? Quantas
vezes, depois disso tudo, não esperamos de alguém uma forma de consolo pela
nossa imprudência, ao invés de deboches e sarros pela “mancada” ou
“deslize”. Quantas vezes um estranho,
nessas horas, não nos serve de terapeuta, à esperar dele alguma palavra que nos
faça sentir melhor, mesmo diante de uma gafe,
às vezes leve, mas que nos deixa com um enorme sentimento de raiva de
nós mesmos, é ou não é ?
O pior de tudo é que isso ocorre com frequência e
com a mesma frequência continuamos à nos socorrer, com pessoas, amigos,
parentes, estranhos e quem mais puder nos ouvir em momentos de raiva,
frustração, decepção, angústia ou desespêro.
Estão achando tudo isso um exagero ?
Então não queiram fazer parte do grupo de pessoas que, involuntariamente,
se socorreram no crack ou na cocaína ou em qualquer outra droga de dependência
instantânea.
Não. Não estou
viciado. Não estou porque sei como as
drogas poderiam chegar até mim e me fazer cair nessa estranha areia movediça,
que puxa as pessoas cada vês mais para baixo e agarra pelos pés, para que nunca
ou tão cedo, tenhamos a chance de subir novamente. Deve ser como viver no umbral ou no vale dos
suicidas, num plano espiritual, onde as almas que lá estão, esperam um dia (tal
como aqui na terra) ter a oportunidade de sentir a luz.
Vocês não leram errado. Eu disse sentir a luz, porque é a luz da
solidariedade, do respeito e do acolhimento, para com essas pessoas que estão
vivendo momentaneamente, no calvário da escuridão e da solidão. O calvário do preconceito é a luz mais negra
que pode existir, o escuro absoluto. Talvez
esteja este em condição ainda pior do que os dependentes, porque estes, em razão
das drogas, não podem mais fazer escolhas, ao contrário dos que não são, mas
que são próximos por algum laço e mesmo tendo opção, mostram-se mais cego que a
própria justiça, cuja venda nos olhos já não representa mais a imparcialidade,
mas sim, o descaso.
Ninguém escolhe por livre vontade, tornar-se escravo
de tal algóz químico. Não de forma tão voluntária e consciente, porque
simplesmente vai contra à principal primícia da mente, que é à de preservar o
corpo que o abriga, ou seja, conservar a própria vida. Inaceitável paradoxo. Se tal descarrilamento se deu, é porque
algo grave, recente ou antigo, foi determinante em transformar conceitos e
valores que defendia, à ponto de não defendê-los mais, considerando que fossem
estes, seu centro de referência e equilíbrio, até então inabaláveis.
Não mostrar para um dependente uma luz que possa
guiá-lo de volta em segurança, para ele, qualquer ação, no sentido de
resgatá-lo, será mera demagogia. Ou se
faz um trabalho completo, (oferecendo-lhes ocupação e trabalho após o
tratamento) ou não precisa nem começar, pois do contrário, o retrocesso é
iminente, pois a desintoxicação se dá apenas no corpo, porque a droga ainda é
“inquilina” na mente e cujo despejo, se dará com o tempo e determinação.
A falta de afeto, diálogo, compreensão, respeito e
discernimento, para ajudá-los à entender o que não compreendiam, foi
responsável por “empurrá-los” para o abismo das drogas. Agora, tudo que faltou deve ser trabalhado,
para trazê-los de volta, com determinação e dignidade. Para pular das drogas para as nossas mãos,
não será um seis por meia dúzia, mas por uma dúzia, pois deverão sentir-se
seguros, para, de antemão, poder terem a certeza, de que não voltarão mais para
o inferno. Somos pelo o que somos, mas
também pelo o que causamos... por preconceito.
Amadeu Epifânio
Projeto
Conscientizar – Viver bem é Possível !
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E-mail: epifaniodg@hotmail.com Somos
pelo o que somos.
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