Projeto VIVA +

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

IDEAÇÃO SUICIDA !



É PRECISO QUEBRAR A SEQUÊNCIA.



Antes de mais nada, quero esclarecer que não sou eu o personagem (fictício) retratado no texto. O texto retrata a tentativa de suicídio, os tipos e significados, para cada tipo de dor ou sofrimento.  Meu último artigo falou sobre prazer e desprazer.  Pois bem, em momentos como este, quando o corpo está prestes ao “prazer” de se matar (por causa do desprazer da dor), torna-se muito criterioso no ouvir, como se as palavras fossem uma senha, em determinada ordem. 
 
Este artigo tenta reforçar o respeito às pessoas que tentam se matar,  consumando ou não, seu ato.  Espiritualmente, pagam um “preço” muito alto, de perder junto, as chances de resgatar o passado e “voltar pra casa” de cabeça erguida. Se deixamos esta vida ainda no “vermelho” (antes do tempo), precisaremos voltar para resgatar, para avançar.  É preciso quebrar essa sequência.  Protagonista somos de nossa vida e achamos que os holofotes estão sempre virado pra nós e, em razão disso, estamos cada dia mais individualistas e, quando se precisa de alguém, cadê ?

O suicídio é um triste sentimento de prazer, para o desprazer da dor.  Mas quando se pensa em se matar, ao escolher entre as mil formas, terá de ser aquela que esteja mais ligada ao sofrimento.   As formas de tirar a vida, refletem a razão que se pretende fazê-la. Por exemplo, o uso da corda (para enforcamento), significa que sua dor era sufocante.  O uso de uma arma de fogo (não apenas o tiro mas) o local do corpo também importa.  Como cabeça, na têmpora, representa que a dor surgiu de algo repentino, uma notícia súbita ou desprezo de uma pessoa muito querida.  

Um fato súbito inesperado também pode levar ao suicídio.  No peito, a decepção (a punhalada).  Mortes lentas, dores persistentes, como a dor de frustrar-se com uma pessoa querida.  Atirar-se de uma ponte ou de altura bem elevada, significa que era grande a esperança, que tinha na pessoa que a(o) decepcionou. 

A morte tem relação com a dor e, tem relação ainda maior com o que o inconsciente irá valer-se para conter esta dor, que deverá estar no mesmo patamar de desesperança do corpo.  Uma decisão difícil para o inconsciente (Id), porque ele precisa do corpo e inteiro e, psico-emocionalmente apto à seguir sua vontade porém, com o corpo em estado tão debilitado, com a consciência comprometida, torna-se um instrumento de locomoção obsoleto, sem condições para comandar e levá-lo onde quiser.  Daí vem a decisão inconsciente de “matá-lo”.  Ele tentará, porque o inconsciente Id é inconsequente.

Passamos nossa vida inteira, sendo práticos e buscando respostas pra ontem, porque não praticamos o exercício da tolerância, do saber esperar, do raciocinar.  Pelo contrário, somo intolerantes e agimos conforme o primeiro impulso. A idade de um suicida não é relevante, os mais jovens potencializam sua dor.

O suicida quer viver, mas o momento é confuso para ele, pois está numa situação que não queria, ao mesmo tempo quer aproveitar a chance.  Se no momento em que está prestes à se matar, ele se rejeitar, que não vale à pena viver, está transferindo à si próprio a culpa da condição e do momento em que está.  Alguém é responsável por isso, mas o suicida transfere a culpa para para si próprio, como não ter sido capaz de manter um relacionamento, de ser culpado(a) pelo rompimento, seja namorado ou da relação com os pais.

Para quem está disposto à cometer suicídio, é criterioso no ouvir, porque talvez tenha ouvido justamente, algo que o está sendo levado à fazê-lo. Por isso, conversas (ou palavras) erradas podem servir como uma bomba relógio e “detonar” à qualquer momento.  Tem que fazê-lo(a) falar, dizer a razão, para que saibamos por onde distraí-lo(a).  Uma distração ajuda, pode mudar sua decisão e desistir do suicídio.  Um suicida quer poder recordar alegrias, coisas boas, mas elas estão sufocadas pela tristeza e pela angústia. Precisa de ajuda pra recordar.

Nem todo suicida tem medo da morte, depende muito de sua condição emocional e da razão que alega ser o motivo.  É uma decisão que não parte dele, mas de seu inconsciente.  Não somos dono de nós mesmos e tolos são, os que acreditam ser, de si, de algo ou de alguém.  Mas quando a dor bate à porta e não tiver aprendido o bastante, passarás pela mesma tentação, entre deixar se levar pelo desejo de um inconsciente inconsequente ou pedir ajuda (a parte mais difícil). 

Na espiritualidade, quem comete suicídio numa de suas vidas, vai cometer em outras, até que passe uma encarnação inteira sem cometer. É preciso parar este ciclo, pra fazer essa “agulha quebrada” parar de pular.  É preciso aprender com a vida, com a dor, o sofrimento, com a doutrina espírita e tudo que lhe acontece.

Ninguém disse que a vida seria fácil, mas que não precisa ser sempre difícil.  Viemos e nascemos por uma razão.  Morrer em vão, jamais.   Não temos a intenção de nos matar, pelas razões que acreditamos, porque a motivação é inconsciente.  Ninguém quer matar à si mesmo, mas a dor.  Aceitá-la para estudá-la, para entendê-la, parece ser o melhor terapia que existe. 

A melhor maneira de matar a dor, é manter-se vivo,
para entendê-la e eliminá-la.

  Professor Amadeu Epifânio

  Pesquisador/Psicanalista Auto-didata






     



segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

PRAZER X DESPRAZER !



Uma batalha árdua e inconsciente.




Um dos momentos mais difíceis para os nossos inconscientes, é quando precisa compensar um desparazer (na sua respecriva intensidade), com alguma forma de prazer. Dependendo à qual dos dois inconscientes caberá este ofício, o prazer pode ser algo muito variável, de natureza positiva ou negativa (quando não destrutivo).  Mesmo os desprazeres também são variados e, na maioria das vezes, intenso, obrigando os inconscientes à ”se virar” na mesma medida, podendo vir à causar maiores danos ao corpo, tanto físico, quanto emocional, quanto psicológico.

Sentimos desprazer, com muita mais frequência hoje, que em poucos anos atrás, obrigando-nos à gerar prazer, cada vez de forma mais apelativa, para atrair nossa atenção e causar o efeito desejado, que é conter o desprazer, tanto repentino quanto persistente.  O desprazer que sentimos, pode vir tanto do ambiente quanto de nossas experiências emocionais, guardadas desde a gestação até os dias atuais. Nada fica no esquecimento.  

O corpo é administrado por dois inconscientes (Ego e Id). O primeiro é racional, faz uso da formação que recebemos inicialmente dos pais, que irá gerar prazer oportuno. O segundo, o Id, terá a mesma tarefa, mas irá se valer do que tiver à mão, para cumprir o mesmo propósito porém, sem se preocupar com o dia seguinte, pois este não mede consequências, nem pressente perigo, para nos proporcionar o prazer, na intensidade exigida.  Na Psicanálise, o Id é um personagem que só pede pra fazer algo, enquanto ao Ego, compete o ofício de recusar ou ceder.  Mas o Id também tem a função de ajudar o corpo em seus conflitos e demandas, tendo a intensidade como termômetro do tipo de “auxílio” que usará como prazer, sem se importar com consequências futuras.

Quando pequenos (da gestação aos primeiros meses), dispomos de pouca (ou nenhuma) formação.  Automaticamente dispensamos o inconsciente Ego de trabalhar, já que não dispomos de recursos pra isso.  Resta-nos o “co-piloto” ID, para cuidar do corpo, da forma eu puder. Em suas ações, pode fazer o pequeno corpo chorar, gritar, quando algo o incomoda ou o desejo de ficar perto da mãe ou quando está com fome (seus maiores prazeres nesta idade rsr).

Ao crescermos, a formação, orientação, ensinamentos, cresce, tirando o Ego das férias para trabalhar e alternando com o Id, o compromisso de promover prazer, sempre que algo nos tira do sério, nos faz achar injusto ou nos deixa com muita raiva (limite máximo de sentimento de uma criança de 5 anos).   Se não estimularmos as crianças ao raciocínio e à reflexão, diante dos conflitos que se depara, o desprazer será contínuo e o tipo de prazer pra conter, será cada vez mais escasso e mais apelativo, conforme a intensidade do seu desconforto.  O melhor prazer para quem sofre Bulliyng, é um doce consolo ou diálogo dos pais (quando percebem que algo está errado com o filho).

Nossa vida gira sempre em torno dessa alternância entre desprazer e prazer. Desprazer, nem sempre são fatos negativos.  Se acumularmos bons momentos e dispusermos de capacidade de reflexão, menos intensos serão nossos desprazeres e menos apelativos deverão ser os prazeres correspondentes.  Chamamos de apelativos, o hábito de fumar, de beber, brigar, usar cocaína, fazer rachas, praticar Bulliyng, praticar sexo promíscuo, depredação, violência, agressividade, etc.

Ter bons momentos, amigos, família harmoniosa, alegrias, gargalhadas, afetividade, boa convivência, tudo isso pode ser de grande auxílio, em momentos de tristeza, raiva ou frustração, pois eles nos serão lembrados como prazer, à fim de conter a tristeza. A crença em Deus também é auxiliadora, desde que mantivermos o pensamento nEle.  Cada dia mais, o descontrole emocional do ser humano só faz aumentar a violência e a desarmonia é uma prova de que está havendo excesso de desprazer e escassez de subsídios, para que possa ser gerador um prazer que esteja à altura do grau de intensidade momentânea.

O prazer pode se refletir em respostas, ações e reações, supostamente sempre positivas (à depender do ambiente e vivência da pessoa).  Um Psicopata provavelmente pode estar com ambos os inconscientes “contaminados” com peso e conceitos negativos, à respeito de tudo que lhe ronda, à começar pela família.  Por isso quase nunca existirá algum remorço ou arrependimento, porque não aprendeu à ter valores morais e ainda os despreza. 

Jovens rebeldes, drogados, alcoolizados, agressivos, violentos, membros de facções criminosas, menor infrator, sempre os julgamos como o lado negro da sociedade, os que não tem mais volta, os não podem mais se ressocializar (não porque não há justiça nesse país), mas porque a sociedade já os setenciou e os condenou e não esperam mais que a justiça os prenda e os mantenha distante de nós.  Não há diferença entre eles e o filho rebelde que pega um carro, faz racha, atropela alguém e não socorre, fugindo do local, pelo mesmo medo que fez muitos outros jovens entrarem na vida errada que estão hoje.  Culpa deles ?  Não ! Culpa dos pais, da família, que não os ensinou, não os educou, apenas criou e alimentou, como fazemos com um animal de estimação. E olha que estes também precisam ser educados, para não agredir à outros ou fazer as necessidades em lugar errado.

Um desprazer pode ser a falta que sentimos, das pessoas que amamos, enquanto estas, não conseguem manifestar o prazer de estarem conosco.

O desprazer é o “prato” mais pesado dessa balança, não tendo muito para equilibrar esse peso.  Como resultado, temos um mundo cada vez mais hostil, com pessoas sentindo prazer de matar, enquanto outros acumulam o desprazer da dor de sepultar seus entes, sem prazer à altura, para confortá-los.  Quando não se pensa no que faz, qualquer desprazer vira prazer e o que ter para reverter essa situação ?  O que temos para nos sentirmos bem, em situações que a dor parece ser a maior de todas ?  Se não tiver resposta, cria, ou acabará do mesmo jeito.


Professor Amadeu Epifânio

Pesquisador / Psicanalista Auto-didata.

               


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

CATARSE



NOSSA “FAXINA” INTERIOR.


Olá pessoal.  Catarse (segundo a psicanálise)  é uma limpeza interior, de coisas que nos deixa como o “freio-de-mão” puxado, não nos deixando fazer o que realmente queremos ou precisamos.  Sempre disse também (e está mais do que relacionado ao tema) que não sofremos por ter nossos problemas, mas por não compreendê-los, não sondar sua causa.  Só descobrir isso, já estaríamos dando enorme passo, no que concerne à nossa “limpeza interior”.

Em geral, muitos precisam de um terapeuta, para ajudar nesse processo (o que, em muito, concordo com a ideia).  Mas existem outros tipos de transtornos que tira nossa paz interior ou nossa concentração nas tarefas que precisamos realizar.  Catarse também é "expurgar", isto é, extrair, tirar de dentro de nós, o que nos perturba, entristece, aborrece.  Deixemos de lado (um pouco) as questões psicológicas e pensemos na parte prática da palavra, ou seja, nosso trabalho, cotidiano, problemas, parentes, patrão, síndico, vizinhos, enfim, tudo e qualquer coisa que tira nossa paz. Antes de qualquer coisa, é preciso primar pela sua serenidade, porque, sem ela, nada se pode fazer em qualquer direção.

Um problema (não importando sua origem) tem sua dimensão, proporcional à forma como o enxergamos e, partindo daí, esta visão está diretamente ligada à conceitos que temos já à algum tempo, cujo qual alimentamos até hoje. Conceitos radicais, pessimistas, otimista, de passividade, etc, que pode tanto facilitar quanto dificultar, na compreensão e solução de problemas.  Precisamos rever esses conceitos, para libertar-nos e resolver o que é preciso.  Mais um ano termina e vamos querer ficar reprovados (quando muito, em recuperação em alguma "disciplina").

Fora isso ainda existe outro fator de extrema relevância (não necessariamente grave), que já foi discutido em outro artigo passado, que são os medos que temos e que protegemos e alimentamos sem saber, cujo os quais também provém de origem pregressa, provavelmente da fase infantil, quando ainda não compreendíamos os fatos.

Muitos são norteados por seus medos, enquanto outros os usa como forma de prudência em seus passos (pra não pôr a carroça na frente dos bois).  Estabelecer prioridades nos ajuda à controlar esses desconfortos, causados pelo medo que nutrimos. Saber o que queremos, definir nosso azimute (expressão que define, numa bússola, o destino que traçamos).  Através desse azimute, determinamos o que precisamos fazer ou o caminho que precisamos seguir.  Também encontramos pessoas que nos atrasa e passamos à evitá-las.  O que não dá pra evitar, pode-se “negociar”, encontrar soluções que satisfaça à todos, principalmente você.  Nem tudo são flores e nem sempre é possível vencer.  Aceitar isso é uma dádiva, considerando que a maioria se revolta, achando injusto, seus problemas.

O objetivo maior é a limpeza interior, para podermos respirar melhor, dormir melhor, conviver melhor.  Quantos tem medo de ofender à outro e em razão disso, concorda com tudo e fica “preso” à esta pessoa (extremamente carregada de pessimismo), necessitando de alguém para ajudá-la em sua própria catarse.  São pessoas com pouca ou nenhuma capacidade para resolver seus conflitos.  Precisam de um terapeuta, alguém com habilidade para ajudá-la(o) nesse processo ou, continuará acumulando problemas. 
  
Nem sempre, amigos e parentes são os melhores “psicólogos” nessas questões e, além de não poder ajudar, ainda podem se sobrecarregar com o mesmo pessimismo.  Lembremos que, quando se trata de pessoas que conhecemos, é sempre mais fácil dizer não, não dá, não consigo, não vai dar certo, fica comigo e, ambos vivem andando em círculos, sem solução. 

A melhor maneira de ajudar, é indicar um profissional terapêutico.  Algumas pessoas são mais resistivas em ceder, falar, se abrir para o terapeuta.  Mas uma hora terá de fazê-lo, se não quiser viver nessa “areia movediça”, que é a continuidade de seus problemas “eternos”. Vamos começar à pensar nessa palavra catarse e procurar nos "limpar" ou tratar (se necessário), para pôr pra fora, administrar, saber conviver, lidar, mandar, dizer “não” quando preciso e “sim”, quando quiser ou, quando perceber que o(a) ajudará de alguma forma.

Todos (se pudéssemos), gostaríamos de expurgar (pôr pra fora), nossos sofrimentos e provações, contudo, no mundo espiritual, o que podemos por para fora, é o nosso entendimento, de que existe um resgate à ser pago e um grau de evolução como prêmio.  Trazemos conosco, ao reencarnar, uma lista de compromissos à cumprir(como um script, um roteiro à ser seguido).  Podemos "improvisar" ?  Sim, mas sem deixar de lado (ou para trás), o compromisso assumido. E qual é ?  Enquanto mantivermos frequência com nosso lado espiritual, todo questionamento será respondido, ao seu tempo.  Catarse, aqui, nunca deixa de existir.  Voltamos (deste ou do outro lado), sempre mais “leves”.

Nos demais artigos deste Blog, existem temas bem variados, que poderão ajudá-los nesse processo de limpeza interior, sabendo como agir nas mais variadas situações.  Mais de 100.000 pessoas já passaram por aqui, deixaram seus comentários e todos (sem exceção) foram respondidos.  O blog não tem moderação e todos são bem vindos e também livres, para indicar aos seus amigos, colegas de trabalho, familiares e também nas redes sociais.  Agradeço sempre aos que frequentam o Blog e à todos que já o divulgaram.  

Que Deus Abençoe à todos.

Professor Amadeu Epifânio

Pesquisador/Psicanalista Auto-didata











   





sexta-feira, 22 de novembro de 2019

BIRRAS E REBELDIA NÃO SÃO GRATUITAS !



SÃO CONSTITUÍDAS PELO ORGULHO.



Não importa a idade que os filhos tenham.  Sempre serão nossas crianças. E justamente por essa razão, o zelo pelo psicoemocional deles, faz-se necessário, desde a notícia da gravidez, pois que o estado psíquico, físico e emocional da gestante, é muito importante e também relevante, para o bom desenvolvimento do feto, em qualquer momento da gravidez.  Também na fase uterina (pós-formado), é grande a possibilidade do feto vir à constituir transtornos, como ansiedade, esquizofrenia, autismo (entre outros), caso não seja relevado a condição e fragilidade do feto, na sua primeira fase de vida.

Para que se tenha um crescimento salutar (também no discernimento), é mister contribuir para que a criança já vá treinando exercer o raciocínio, à cerca do que acontece à sua volta pois que, criança está sempre irritada, não por estar sendo provocada de alguma forma mas, por apenas absorver e não compreender a razão e o que se passa.   Crianças idealizam (para elas) um mundo perfeito e qualquer situação que saia do “contexto”, gera uma enorme frustração, cuja a sensação resultante ficará gravado em seu inconsciente, podendo (ou não) vir à influenciar suas ações, à depender do seu ambiente e vivência, principalmente nos primeiros 3 anos de vida.

Toda nossa história de vida (desde a gestação), está inserido dentro de nós, como num HD, com uma enorme quantidade de memórias e informações.  Quando uma criança volta à brincar, depois de ter brigado, recebido uma bronca ou ser posta de castigo, não significa dizer que ela esqueceu o ocorrido, nem tão pouco a causa. Tais memórias estão “armazenadas” e local específico da mente (nossas caixas pretas, lembram-se ?), podendo se tornar latentes ou “enterradas” para o resto da vida.  Se as mesmas vierem à interferir, muito provavelmente será em momentos de elevado consumo de álcool ou por adicção de drogas, como cocaína por exemplo.  Nesses casos, a memória traumática influencia e a pessoa procura o álcool ou a droga para esquecê-la. É este o processo que move a dependência de ambos.

Mas drogas e álcool, não são os únicos fatores à causar problemas, na relação entre pais e filhos.   A falta de entrosamento e de afetividade são, também, fatores que afastam à ambos e que, a falta de jogo de cintura ou de humildade (em admitir os erros), cujo os quais poderiam colocar a relação nos eixos de novo, simplesmente não existe, seja por orgulho, seja pela cultura de sua árvore genealógica, cujos princípios se baseiam em austeridade como forma de manter a disciplina (mas não a relação afetiva).  Nos anos 60 ou 50, isso ainda era admissível, porque era comum à muitas famílias. 

Nas gerações presentes, onde o tipo de relação que se tem com os pais, é inconscientemente e involuntariamente comparado com os de outras famílias, essa forma arcaica de disciplina é posta em cheque (e mate, diga-se de passagem).  Obrigatoriamente, o diálogo é o recurso que devia substituir tal postura.  O problema é que também não foi muito trabalhado nas últimas gerações, para que agora pudesse ser uma alternativa comum, para tratos e reconciliações.  Diálogo não significa apenas sentar e fumar um cachimbo da paz e ficar tudo bem.  Dialogar significa perceber no outro, as razões que colocaram em cheque, a relação entre pais e os filhos, pois somente desta forma, é que ambos poderão descobrir, o que o orgulho consumiu de ambos, à ponto de mal se falarem ou nem se virem, se caso se cruzarem, ainda que dentro da própria casa.  E pensar que ainda tem os que se conformam.

E Pensar também que o orgulho pode ainda, estar mantendo muitos filhos em cracolândias, tendo de recorrer à “veneno” para tentar esquecer (por poucos minutos), da falta que lhe faz os pais e que, por estupidez, o mantém em um Umbral (visão espírita) só que terreno e visível. E olha que não é da noite pro dia, pra que isso ocorra.  É preciso uma insistência de posturas erradas, inadequadas e inapropriadas, para que aconteça e, depois de feito (de se estar vivendo de drogas), mais parece que não há mais o que fazer.

O grande problema da dependência (tanto química quanto alcoólica), é que se pensa apenas na desintoxicação, para acreditar que está curado.  Se desintoxicar é apenas a primeira fase desse processo pois, que é preciso ainda, expurgar a causa que o tornou dependente, que só se resolverá com terapia.  Se isso não for feito, mesmo após anos sem consumir à ambos, um simples contato pode fazer ressurgir o pesadelo, tudo outra vez.  Fazendo terapia, esse risco se extingue se, a terapia for bem sucedida.

Não são só as drogas que estragam uma relação familiar. Individualidade, omissão, negligência, indiferença, podem causar estragos que, se não forem sanados em tempo hábil, mais difícil ainda será, repor o casamento e os filhos, nos trilhos outra vez.  Não existe vida perfeita, sabemos disso.  O que existe é a perfeição que cada família cria para si e mesmo assim, dificultam em mantê-la.  É nesta instabilidade que habita a insegurança emocional dos filhos, que já questionam seu “amanhã”.  

À depender da idade e do seu entendimento, cada idade reagirá à esta instabilidade, de uma forma específica e, dependerá mais ainda dos pais, ter o jogo de cintura necessário, para entender que a birra infantil e rebeldia juvenil, tem a mesma causa e se, não for tratado com o diálogo que merece, as consequências também não ficarão muito distante, daqueles que já passaram por isso e ainda aguardam por uma definição, perambulando pelas madrugadas ou numa cracolândia ou em delinquências.

Claro que para isso ocorrer, deve haver um caráter progressivo. Tudo começa com uma bola pequena, que vai aumentando à medida que o orgulho, o machismo ou autoridade materna se mantém (ou piora), na medida que os filhos pioram.  Uma queda de braço em que todos perdem, não há vencedores nem vitórias, apenas membros (da família) abatidos, ainda que não admitam e lavam as mãos sem remorso.  

Aqui, se o “leite se derrama”, não se vive com o leite derramado, se tenta recolhê-lo e acolhê-lo.  A Partilha familiar é uma coisa sagrada. Antes de serem pais, são tutores (espirituais), protegendo e tutelando os que ainda estão iniciando em sua jornada, devendo ensiná-los à entender a razão da vida e suas adversidades.

Quando se perde como pai (ou mãe), se perde ainda mais como tutor, sendo uma lição que deverá se repetir (reencarnar), até que adquira a arte de ensinar e a missão de preparar os que se iniciam.

Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista