Como ele se manifesta ?
O medo nada mais é do
que um alerta, assim como nossas dores de cabeças nos alerta quanto à algum
problema no organismo. O medo é, via de
regra, resultado de eventos que se transcorreram à algum tempo e sobre os quais
não estávamos preparados para lidar (assim como acontece em nosso
cotidiano). Sentimos medo sempre que um
fator inédito nos pega de surpresa, contudo, não implica dizer que o nosso medo
decorra deste fato e sim, por uma insegurança pregressa já instalada.
Para efeito psicológico,
o medo é um instrumento de dominação em três níveis, à saber: 1) Pode ser auto dominador, sem necessidade
de interferência de qualquer outra pessoa para nos impor o medo. O medo é produto de uma experiência vivida à
tempos atrás e, por não termos tido a compreensão, tal sensação ficou presa em
nosso reprimido (na mente), influenciando conforme conteúdo e intensidade do
mesmo. Pode ser disparado através de um gatilho
específico ou mais abrangente, que o faça acessar a memória e manifestar a
sensação (de medo), que pode ser específico ou genérico. Muitas pessoas, por medo de não saberem que
estão sentindo um medo interior (embora sintam a sensação), fazem de tudo para
escondê-los, mesmo que para isso tenham que adotar posturas e comportamentos,
fora dos padrões habituais.
2) O medo pode transformar-se em instrumento de
dominação. Sempre disse, em alguns
artigos que, vivemos para alimentar e proteger nossos medos (ou vice-versa).
Quando tentamos proteger um medo, nós o alimentamos como um câncer e a
tendência é que ele se torne cada vez maior, ficando cada vez mais difícil
controlá-lo. Como mecanismo de defesa,
algumas pessoas escolhem outras (mais indefesas), para perseguir, achando que
está desviando o foco do próprio medo, quando na verdade o alimenta. O grande problema é esta pessoa
conscientizar-se deste fato, para buscar ajuda, tratar-se e deixar em paz
aquele que persegue.
3) Outro instrumento de
dominação, é quando o medo é usado contra nós, como chantagem, de fazer ou não
fazer ou dizer (ou não), coisas específicas, mantendo-as no seu “cabresto”,
enquanto o objeto da chantagem (que é o medo da vítima), continuar à existir e,
sendo, neste caso, involuntariamente alimentado. Algumas pessoas que carregam consigo uma
forma de medo, acreditam que seja proveniente de algo que acreditam (o que faz
reforçar ainda mais, o laço de chantagem que o mantém preso). O que na verdade, pode ocorrer, é um fator
psicológico que o faz sentir medo, sendo este, nada mais do que uma sensação
consequente, da verdadeira razão. Por
exemplo, ficar preso num ambinete fechado, por punição (como o próprio quarto)
quando criança, pode fazer um adulto ter pavor de lugares fechados, como
elevadores por exemplo. Ou seja, não é o espaço em si que conta, mas o pavor de
ficar enclausurado e sozinho. Jamais
pense ser do nada o que sente e sempre há uma razão e deve ser investigada.
Apesa de tudo isso, o
medo não tem caráter punitivo e sim, preventivo, advertindo que, certas
circunstâncias, lugares e convívios, já foram, um dia, objetos de experiências
traumáticas e cujo os quais, devem ser investigados e tratados terapeuticamente,
para que não venham sofrer alguma forma de dominação, seja por si só, como de
terceiros ou, não ter que escravizar alguém, para alimentar seus medos
interiores, por medo de expô-los ou ter de enfrentá-los.
Enfrentar um adversário
“invisível” é sempre apavorante, por não saber que tipo de abordagem utilizar e
quando saber se, de fato nos livramos dele. O medo
sempre irá existir, como um inquilino em nossa vida, devendo nós (em vez de
enfrentá-lo, que só desgasta), buscar forma de conhecê-los, fazendo uma auto
análise de si próprio, de forma retroativa, à fim de encontrar suas raízes (ação
esta que pode ser feito sozinho ou com ajuda de pessoas especializadas).
É preciso conquistar o equilíbrio de forças, como Emocional x Psicológico
x Espiritual, para podermos controlar o corpo, suas vontades e até a influência
dos medos. Por conveniência, temos nos
dedicado apenas ao trabalho e à prazeres, nos esquecendo de buscar conhecimento
específico, para sabermos lidar com nossos infortúnios, adversiades e desafios
diversos. A vida não consiste apenas no
querer, mas poder fazer, levando em conta o que é benéfico, saudável, útil e
produtivo, mesmo que tenhamos de usar o medo, à vezes, em nosso favor, como um
freio.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista
Auto-didata.
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