ACORDANDO PRA VIDA !

Temos vivido momentos difíceis
nestes últimos anos e, à medida que aumenta nossas dificuldades, dores e
adversidades, lamentavelmente diminui muito, nossa relação para com Deus e tudo
que acreditamos por religiosidade, não importando a crença. Sejamos francos: Não temos trabalhado muito, nossa ligação com Deus, que dirá nossa fé. Muitos
acreditam que religião, Fé e Deus, são como “souvernir”, os quais devem ser
procurados apenas, em momentos específicos e, independentemente do resultado
que obtenha (positivo ou não), o colocamos de volta na “prateleira”, até a
próxima utilização. Perdoe-me
o aparente excesso de realismo. É que
existem situações que não se deve ficar passando a mão sobre a cabeça, como se
tivéssemos premiando as pessoas por suas precipitadas concepções religiosas, as
quais, além não surtirem efeito prático, ainda os leva à descrença religiosa e
principalmente com Deus.
Nos momentos atuais, o mundo
tem propagado de maneira exacerbada, a banalização da vida e do discernimento,
apelando para o imediatismo prático, indiferente, agressivo, quando não
violento. Tem manifestado reações de
ódio e vingança, em diversas situações, como nos feminicídios, confrontos entre
a força policial e bandidos, quando não são os civis à pagarem a conta da
violência gratuita entre aqueles, que resvala em balas perdidas, em todas as
direções. A corrupção presente em
membros das coorporações policiais, acabam por promover e contribuir para o
aumento (não só da violência em si), mas no impulso psicológico que todo ser
humano tem, de causar dolo à outrem, em razão dos seus traumas sofridos quando
criança. Nossas instituições são “freios
motivacionais, psicológicos e morais”, os quais deveriam fazer com que, pensássemos
antes de agir. Mas ao invés disso, a
humanidade vai na regra do: “Porque ele fez, também posso fazer”.
A educação infantil também
tropeça em princípios e alicerces básicos.
Quando o certo deveria ser a formação moral, ética e familiar, que
contribui para uma estabilidade psicoemocional (à qual deveria capacitar
crianças, jovens e adolescentes, à lidarem com suas frustrações e
adversidades), a simples falta resulta em sentimentos de revolta e frustração
consigo mesmo, sentindo-se incapazes de enfrentar os próprios desafios,
impossibilitando-os de criarem perspectivas profissionais futuras de sucesso
ou, ao menos financeiramente estável.
Não dá mais pra ficarmos parados diante da vida, enquanto as
oportunidades passam por nossa janela, como uma brisa num calor escaldante (tal
como está a vida hoje), com centenas de milhares de pessoas inseguras, seguindo
qualquer corredeira, que os leve em qualquer direção, apenas para não se
sentirem sós (mesmo que a corredeira os afaste dos sonhos, que um dia
desejou alcançar).
Tudo isso limita nossa
criatividade na solução de problemas, tendendo resolver para o que for mais
prático e imediatista, para resolver o problema hoje e, deixar para depois, o
que empurramos pra frente. Eu já havia
dito em outros artigos que, vivemos sob diversas formas de estímulos, que
nos faz acreditar que vivemos integralmente, no controle da nossa
vontade. Não percebemos o quão escravos
ficamos de uma rotina estressante (até de prazeres), para compensar e atenuar
as pressões diárias, geradas à partir das dificuldades que temos, de controlar
compromissos, deveres e obrigações, como filhos, trabalho, relatórios, clientes
que não sabem esperar e chefes que não cansam de cobrar resultados. Definir prioridades e respectivo tempo para
cada um, é uma forma de se reorganizar e ter de volta a velha sensação
(prazerosa) de estar novamente, no controle.
Crianças, jovens e adolescentes,
se esmeram mais no que veem, do que ouvem, de forma que, de nada adianta querer
ensinar (ainda que o certo) no grito, porque eles verão que a atitude
anula o ensinamento e a oportunidade de aprender aquela certa lição, terá
passado em branco e desperdiçado. O
termômetro que nos mostra se, estamos fazendo do jeito certo, é vê-los
praticando o que ensinamos. Isso nos
mostra que estamos retomando o controle da situação (em vez dela sobre
nós).
Ninguém disse que seria fácil, mas
que não precisa ser impossível. Ficará
mais fácil quando estabelecermos um propósito, isto é, que tudo que fazemos
deve haver uma razão específica, para sabermos se estamos conseguindo cumprir o
“cronograma”. Vai parecer meio paranóico
no começo, mas depois pegamos o jeito e o hábito e (melhor), transferimos esse
hábito para os nossos filhos, diminuindo consideravelmente, a “carga” de
ensiná-los, deixando que aprendam sozinhos, à lidarem com seus desafios e
valorizar mais, as suas conquistas.
A vida difícil não é para nos
irritar, ela é difícil para provocar-nos à nos adaptar. Ela é como o chefe que grita para nos cobrar,
nos fazer acordar, porque o tempo urge e não espera e as providências e
decisões não podem esperar. Apenas
quando retomarmos o controle (de novo) da situação, é que poderemos escolher
quais problemas resolver e quais poderão esperar e como serão resolvidos. A melhor forma de não nos sentirmos sós e
ociosos, é treinar o controle sobre a nossa vida, perguntar-nos porque estamos
passando por tal problema e porque...e porque...e porque, até desfragmentar o
problema e resolvê-lo por partes, em vez de um “todo” enorme e difícil. Se não fizermos por vontade própria, a vida
virá como um tsunami e nos arrastará, dificultando cada vez mais, de assumirmos o
controle.
Está com você agora ! Mas se ficar difícil, lembre-se que Deus não
é souvernir de prateleira e, mais do que wi-fi de celular, Ele está sempre
conectado mas, para que possamos entrar nessa frequência com Deus, precisamos
ficar “debaixo da área de cobertura” e por 24 horas. Isso não é Ele que exige, é uma condição
mínima que precisamos estar, para merecermos tal ajuda.
Tenha por si, estabelecer um telefone vermelho com Deus (e mantenha). Isso nos obrigará à aceitar os problemas e até a
dor, como condição intrínseca, para o nosso amadurecimento espiritual (ou
religioso, se preferir). Com este canal
aberto, as coisas ficarão menos difíceis. Nossas preocupações serão
compartilhadas e a compreensão, mais aguçada. Só pra lembrar, não sofremos por ter os
problemas, mas por não entendê-los.
“Não estamos sós” (nunca estivemos), mas precisamos
fazer a nossa parte, para merecer essa a atenção de Deus.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.
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