O
narcisismo é uma personalidade complexa, difícil ser compreendida.
Apesar disso não deixa de ser mais um transtorno (de personalidade)
como outro qualquer e, como tal, se insere nos mesmos critérios de
interpretação, que os demais. Há ponderações à serem
relevadas, como a obsessão pela autoimagem, ser reconhecido,
admirado, persuasivo e temperamental, além do prazer em machucar
outras pessoas (quando estas o frustram de alguma forma). Seduz
para si suas companheiras, para depois deixar sua “assinatura”
peculiar.
Como
todo transtorno de personalidade é composto por crises, elas nada
mais são do que a representação do evento primário que gerou seu
transtorno e que geralmente, começam à se manifestar na
pré-adolescência, quando o evento em questão já deve ter sido
incorporado à sua personalidade. À partir daí, começam a
manifestar os sintomas, que são como dicas do que lhe ocorreu. Tais
dicas são como brincadeiras de “mímica”, tentando expressar
algo, mas sem nada poder dizer, apenas gesticular-se, cabendo ao
colega tentar interpretar.
Diverso
é o perfil narcisista, o que dificulta alguém descobrir se é, e do
que está à procura. Como a crise do transtorno, em geral está
sempre ligado à momentos de raiva ou desconforto emocional (também
diverso), a crise só acabará, quando dentro de si a raiva passar e
com ela, a motivação correspondente. Tal motivação pode estar
ligado à pessoas, situações, lugares, momentos, etc. Ligado à
crise está o “cenário” em que se deu o evento que gerou o
transtorno, como a própria casa, um cômodo, a rua, um parque, etc.
Pois
bem, o narcisista gesticula através de personalidade e persuasão,
bem como do seu temperamento (se tranquilo, tenso, agressivo, etc).
Muito se tem ouvido falar sobre perfil narcisista, porém pouco se
tem tirado proveito para que pudesse aprender um pouco mais sobre sua
realidade e personalidade, à fim de se prevenir sobre suas
articulações e pretensões, antes de machucar alguém. Uma das
características narcisista é não saber lidar com as frustrações,
de forma que é esperado uma reação mais intensa (ou menos normal),
quando frustrado.
Como
suas pretensões são inconscientes e (acredite) involuntárias, o
narcisista nunca se saciará do que procura, ora com uma pessoa, ora
com outra e, com cada pessoa ele aprende mais formas de persuadi-las,
para conseguir o que quer. Essas tentativas ininterruptas se dão,
porque o narciso está sendo influenciado mais, por um inconsciente
(ID), que é imaturo, inconsequente e também infantil (o que poderia
ajudar a identificar, se o mesmo tem ou não, personalidade narcisa).
Outra razão é que, o acervo do seu inconsciente racional (Ego),
além de não ter conteúdo propício para a intensidade de suas
frustrações infantis, ainda tem que lidar com o resultado
aritmético de todas suas experiências emocionais (sensações
vivenciadas quando ainda criança), que pelo visto não foram poucas,
em detrimento de uma formação mínima que o ajudasse à lidar com
as emoções.
Muito
provável que um narcisista tenha sua frustração de origem, na
figura paterna ou materna (e aqui entra o famoso complexo de édito,
ou seja, gêneros trocados) entre pais e filhos, o que explica o
narciso escolher um parceiro ou parceira hétero, para
relacionamento, salvo quando em conflitos com colegas de trabalho, no
trânsito ou qualquer outro lugar. Nada nessa vida é gratuita, nada
acontece por acaso e para tudo há uma explicação. Para cada
situação ou conflito existente, saiba que sempre haverá razões
pregressas que justifique as atitudes ou ocorrências envolvidas, as
quais não carece sofrer por não conseguir entender.
Em
referência ao título, o prazer do narcisista, pela forma que irá
machucar alguém, está diretamente ligado à forma com que foi
tratado na infância, bem como de quem o tratou que, como já
mencionado, está ligado à figura do gênero trocado, se paterno ou
materno, sendo sua possível vítima, um personagem da mãe (se
homem) e vice-versa. Como existe cada vez mais, relatos ligados à
personalidade narcisa, dá pra se ter uma ideia, de quanto anda as
relações familiares e, sendo cada vez piores, à medida que a
vantagem da condição financeira acaba sendo mais, um entrave, do
que um favorecimento.
Como
todo transtorno, a terapia acaba sendo o melhor refúgio, para os
narcisistas com alguma lucidez, que queiram sair do seu labirinto, o
qual entrou feito uma armadilha e que agora não consegue sair. Eles
não compraram a personalidade narcisa, nem herdaram geneticamente,
portanto são isentos de culpa direta pelo o que fazem (embora exista
a compulsão de fazer), não merecendo contudo, comparações com
psicopatas e outros adjetivos atribuídos sem nenhum questionamento à
respeito. Trata-se de um transtorno como outro qualquer e que carece
de tratamento similar, como terapêutico e psiquiátrico.
“O
segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar pelo
passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos
problemas, mas viver sabia e seriamente o presente.” Buda
Professor
Amadeu Epifânio – Psicanalista Cognitivo – PROJETO VIVA+