Projeto VIVA +

terça-feira, 12 de novembro de 2019

DEPRESSÃO (E OUTROS TRANSTORNOS).



PORQUE SENTIMOS SENSAÇÕES FORTES E ESTRANHAS ?



A Psicanálise lida sempre com o passado, desde a formação fetal até os 3 ou 5 anos de idade (à depender do grau de entendimento da criança), para extrair traumas presos no reprimido (nossa caixa preta das experiências emocionais). Essas experiências, dependendo do tipo, intensidade e quantidade aritmética, influenciam em nossa vida e é dever do nosso inconsciente, nos ajudar à lidar com essas experiências, cujas quais não compreendemos e sofremos, não por termos o transtorno, mas por não o entendermos.

A depressão pode ser resultado de uma decepção com uma pessoa querida ou pela perda de um ente, cujo significado era imensurável.  Quando se trata de transtorno (qualquer um deles) estamos nos referindo à sofrimento infantil, que não precisa ser grande para ser grave.  Uma sombra na parede já pode assustar uma criança no meio da noite e sua sensação de medo (por não compreender), é  gravada e guardada pelo inconsciente, para mais tarde ser-nos relembrado, como quem diz: "Foi isso que te aconteceu lá atrás".  Mas como se trata apenas da sensação que a criança experimentou, fica difícil depois, como adultos, compreendermos.

A primeira coisa à fazer (para quem tem algum tipo de transtorno), como depressão por exemplo, é pensar que a sensação forte e estranha que sente, é procedente da sua infância, que teve uma experiência que gerou a sensação, que você sente agora. O corpo adulto amplifica essa sensação que, por não compreender, se transforma em dor.   Faça um retrospecto, sozinho ou pergunte à familiares, se houve algum fato na sua infância (de até 5 anos de idade), que tenha lhe causado dor, aborrecimento, irritação, frustração, decepção, medo, pavor, etc.  Não se preocupe se caso ninguém lembrar de nada.

Lembre-se que uma criança de até 3 anos, não sabe interpretar essas sensações. Este é o trabalho do Psicanalista, entender (não a nossa narrativa adulta), mas a da nossa criança, em forma de fantasia (que é o entendimento dela se expressar).  Ao Psicanalista cabe interpretar essas fantasias, até que chegue ao ponto do fato que realmente aconteceu. Por hora, pense que está revivendo a sensação de sua criança e que o que sente é de uma incapacidade, mais dela que sua, de entender e que, você está apenas reproduzindo essa sensação. Mais nada.

É bom que saiba que, assim como uma criança que faz uma arte, se esconde, é natural que tente abandonar o tratamento.  Mas isso será um desejo inconsciente do seu lado criança e não você.  O que significa que pode se estar chegando perto da causa da sua depressão.  O Psicanalista não pode obrigá-lo à manter-se no tratamento.  Você é quem deve decidir manter-se.

Para qualquer transtorno, o raciocínio é o mesmo, diferenciando-se da idade em que se deu o evento, o tipo, a intensidade e o ambiente de vivência (que pode “alimentar” ou aliviar os sintomas).  Quando sente os sintomas e crises, na verdade está revivendo o momento.   Veja, este evento ocorreu em um certo lugar, que vamos chamar de cenário.  Neste cenário, que pode ser sua casa, quarto, área de serviço, ou um parque e nele existem pessoas, seus vestuários, modo de falar, de se expressar, os objetos deste ambiente, se na rua os carros, pessoas, ônibus, charretes, etc.  O que quer que tenha ocorrido, foi no passado, portanto, existe um bom lapso de tempo, entre aquela idade e à de hoje.  A condição mínima para que se tenha um transtorno, é não ter a menor ideia do que houve, nem as circunstâncias (ou não seria transtorno).

Quando hoje, nos tempos presentes, seu inconsciente identifica algo que se assemelha à qualquer item do cenário passado, os sintomas emergem, que se transforma em crises.  Quanto mais distanciado são as crises, mais restrito é o lugar em que ocorreu o evento, como um cômodo dentro da casa.  Quanto mais curto são as crises, mais “aberto” é o cenário, como rua, uma festa infantil, o pátio da escola, etc.   É importante que se registre essas crises, que se anote num caderno ou diário, tudo que houver em volta, durante a crise de sintomas.  O local onde está, as pessoas com quem está, as roupas que você e elas estavam usando, o bairro, o tempo lá fora, enfim, o máximo de informações que puder coletar, será de grande valia.  Porque ?  Chegará uma hora que algumas dessas informações, começarão à se repetir, o que poderá indicar que o psicanalista está chegando perto do momento que gerou o transtorno.

Não esqueça que, no passado, estando com uma idade entre 3 a 5 anos (ou ainda no útero materno e formado), os fatores que podem perturbar uma criança, não precisam ser de natureza tão grave ou tão assustadora (exceto se não, para o pequeno entendimento de um bebê).  Isso significa que, as sensações que o perturbam hoje, provém da mente ingênua de uma criança, que fantasia tudo que vê.  Em tese, estamos sofrendo por causa da fantasia de uma criança.

São essas fantasias que o Psicanalista deverá interpretar, para descobrir o que de fato ocorreu.   Claro, não será da noite pro dia.  O Psicanalista não irá se basear no seu relato adulto, mas na versão de sua criança e na forma dela se expressar.  Como ele fará isso, depende da abordagem de cada profissional.  O importante é deixar a mente livre, sem escolher o que acha que deve dizer.  A gente não chega no médico dizendo o problema que tem.  A gente diz o que sente e o médico é quem diz o que temos rsrs.

Lembre-se que não sofremos pelos problemas que temos, mas por não entendê-los (ainda).  Quando começar a entender, a intensidade do que sente diminuirá progressivamente, até a sua extinção definitiva.  Até lá, compete ao psiquiatra, a prescrição da medicação, que deverá conter os sintomas e as crises.   Você tem uma ocupação, um trabalho, uma atividade, que lhe prende algumas horas do dia.  Diga para o psiquiatra programar a dosagem, para fazer efeito neste período de tempo.  Explique para ele, o que mais o(a) atrapalha em desenvolver as tarefas, se concentração, distração, medo, insegurança, foco, enfim, que o remédio deverá ajudar à neutralizar esses efeitos.  Tenha seu bem estar por meta, não se torne uma cobaia de laboratório, exija do psiquiatra uma medicação que funcione para o seu caso e o tempo necessário.

Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-didata.

               
   P.S.:  Não deixem de comentar, o debate enriquece o nosso trabalho.



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

PSICOPATIA NÃO É GRIFF !



MAS É MUITO FÁCIL “VESTIR” !


Existe uma forte associação do termo psicopata com personagens cruéis de filmes ou com pessoas ruins que, vira e mexe cruzamos (ou convivemos) com elas.  Mas deixa eu lembrar-lhes de um fato curioso: Psicopata não é uma pessoa e sim, o estado em que ela se encontra e se manifesta (independente da idade que tenha).  Nem toda pessoa ruim é psicopata, tal como existem pessoas boas, que vez em quando, tem um acesso de raiva e fere alguém, tanto verbalmente, quanto fisicamente.

A Psicopatia é feito uma veste, que serve “sob medida” para alguns.  São pessoas que gostam de “perseguir” os outros, com sadismo, maldade ou crueldade. Toda postura doentia de um psicopata, não passa de uma “distração” para desviar o foco dos outros, para não perceberem o seu medo.  Sim, cada um de nós alimenta e protege os medos que carrega, sendo que alguns chegam ao extremo, para proteger seu medo e ainda usar sua maldade como prazer inconsciente, para conter o desprazer que carrega dentro de si.

Um Psicopata carrega seu medo, protegendo-o das mais variadas “formas”, enquanto que a sociedade à alimenta, apenas por existir.  Eu explico.  Quando uma pessoa sofre um trauma, isso acontece sob um cenário, que pode ser o quarto, área, um parque ou qualquer parte que reúna todo um cenário, como pessoas, objetos, vestes, monumentos, o jeito de uma pessoa se expressar, enfim, uma infinidade de opções, que irá gerar também, um leque inimaginável de “gatilhos psicológicos”, que sempre que uma parte deste cenário, surgir num momento presente, a sensação do trauma se desencadeará e com ele as lembranças, que apenas seu inconsciente conhece e que o corpo nem desconfia do que está ocorrendo ou, que não poderá controlar seus atos, enquanto a crise existir.

Uma atitude psicopata pode ser cometida por qualquer pessoa, desde que preencha todos os requisitos que o enquadre em tal condição (o que, cá pra nós, é bastante difícil).  Isso porque deve existir uma continuidade persistente, porque o problema do psicopata não são as pessoas (que por ventura tenha lhe causado algum mal), mas sim o que elas fizeram, o mal que fazem à outras pessoas, aos animais, à natureza, enfim, onde houver uma pessoa ruim e, se caso tenha por perto um psicopata, pode apostar que estará na mira deste.

Psicopatia é condição psicopatológica de um ser humano (e não ele em si).

Sanidade mental é algo que pode sofrer perturbações, alterando sua forma de ver o mundo ao seu redor, como uma forma inconsciente de se auto-proteger-se, até que este mesmo mundo, torne-se um lugar seguro e estável, que convença seu inconsciente à liberar o corpo à retomar a consciência racional, tendo como base, o restabelecimento do “seu mundo”.  Qualquer pessoa pode ter sua sanidade alterada se, for submetido à grandes pressões psicoemocionais, breve ou contínua, obrigando o inconsciente à protegê-lo.

Com relação à Psicopatia, esse processo não existe, exceto senão, o inverso, ou seja, a forma errada de ser é o prazer que contém o desprazer do trauma sofrido.  Caso se tornasse uma pessoa de bem, seus traumas o perturbariam de forma dolorosa, como uma forma de abstinência do perfil ruim.  O jeito ruim de uma pessoa (ou de um psicopata) consiste em dois propósitos, os quais nem os conhece.  O primeiro é o de prevenir que a vida não é um mar de rosas e que existem adversidades à superar.  O segundo propósito é que, qualquer filho pode tornar-se um ser ruim, se os pais continuarem sendo omisso e negligente com eles.

Os males do mundo não existem por si só, eles fazem parte do nosso processo de amadurecimento, crescimento e de evolução espiritual.  Pedras não são colocadas à nossa frente, para que tropecemos mas, para que saibamos contorná-las.  Se não soubermos o que fazer com a veste (nosso corpo) que recebemos para viver, crescer e evoluir, será como ter um carro sofisticado, o qual não conseguirás nem dirigi-lo, por não saber como ligá-lo.   E não espere que sempre haverá alguém para ensiná-lo porém, deve sempre aproveitar as chances para aprender, quando alguém surgir para ajudá-lo.

A Psicopatia é uma “veste”, como já disse.  Se tentar vesti-lo e “não conseguir”, ficarás irritado e descontarás nos outros (imagine então, se ela lhe cair bem).  Quem faz nossas escolhas é o inconsciente, mas podemos sugerir o “estilo”, da forma de vida, ambiente e conhecimento, cujas “medidas” servirão para traçar o que iremos vestir para exibir, servindo aos demais, para “gerar moda” e fazer da passarela da vida, um lugar mais humano e pacífico, sem lugar para vestes desiguais (gente ruim) que tentam mostrar o inverso do que realmente queremos “vestir”.

Existem graus de transtornos, mais ou menos severos.  Existem graus diferentes de maldade, mais ou menos severos.  A Psicopatia é um grau severo, em que quase nunca há remorso nem arrependimento, porque está sempre sob o comando de um inconsciente imaturo (o mesmo que nos ordena à agir de forma ofensiva em hora errada).  O que difere, no entanto, é o que tem guardado em seu reprimido que, por ser natureza forte, incisiva e tensa, quase não age de forma racional ou conscientemente equilibrado.  Pelo contrário, está sempre “maquinando” o próximo passo. 

Cuidado, como a sociedade tem o velho hábito de generalizar tudo, mesmo os gestos que não se enquadram na psicopatia, podem acabar merecendo a mesma fama.


Professor Amadeu Epifânio
Psicanalista Cognitivo.

               



terça-feira, 29 de outubro de 2019

SE TUDO FOR FÁCIL...



... O QUE APRENDEMOS ?



Há duas maneiras de vivermos: sofrendo ou aprendendo.  Quando aprendemos, podemos até sofrer, mas com orgulho.  Para um aluno de quatorze anos, do ensino fundamental, toda prova é um sofrimento porém, quando consegue uma boa nota, é para ele razão de orgulho e alegria.  Do contrário, só sofrimento, por sentimento de ter falhado e ainda pela bronca que receberá dos pais.  O orgulho da conquista deve ser autônomo, não pode estar atrelado à quem quer que seja pois, se este morre, perde-se a motivação da conquista, por não ter mais, com quem partilhar.

Este mundo é uma grande escola, repleta de lições de toda sorte.  Ainda sim, não é dado à ninguém, fardo maior do que pode suportar.  O que os torna pesado é o fato de nunca estarmos preparados para lidar, de passarmos mais tempo sofrendo do que tirando proveito para aprender.  Só reconhecemos um objeto que achamos, se por acaso já o encontramos alguma vez e o identificamos.  Mas se ao contrário, desprezarmos, continuamos à sofrer, por sempre "chutar" as oportunidades de crescimento.  Ou seja, chutar sempre a mesma pedra.

Podemos exemplificar isso também pelo suicídio.  Se nunca na vida tivermos ouvido falar em tal atitude, por mais que soframos, jamais cometeremos tal semelhante ato.  Nossa mente não sai da cabeça para buscar respostas do lado de fora, apenas se vale do que já tiver absorvido (se, de fato o fez).  Tomemos a mente como uma imensa Biblioteca vazia, à espera de exemplares de conhecimento, sobre os mais variados temas, para que jamais fiquemos angustiados, por não termos as respostas tão necessárias ao nosso momento, principalmente de dor, de angústia, depressão ou mesmo para sanar uma simples dúvida.

Já dizia Sócrates:  “O verdadeiro conhecimento vem do erro”.

Portanto, quem espera vida fácil, pode até conseguir, mas não espere aprender grandes coisas.  Uma batalha perdida só trás decepção, se nenhum proveito for tirado da luta.  Das “feridas” sofridas, as cicatrizes das lições aprendidas.  Toda luta deve haver um propósito, uma razão, para que saibas o quanto ainda falta, para alcançar a vitória.  Não se luta apenas, por lutar.  Se luta para alcançar um objetivo, ou serás apenas mais um lutador sem méritos à compartilhar, além de só contar os membros que sobrou.

O primeiro grande feito é manter-se vivo, inteiro, íntegro e sereno, sem revoltas, para que não tomes decisões impulsivas, que o manterá sempre “de joelho”, na vida.  Estar de pé é a primeira grande vitória, preencher a mente com conhecimentos e aprendizados é preparar-se para as “provas” seguintes, para nunca ser pego de surpresa e estar sempre apto à qualquer adversidade.  Enquanto estivermos atentos, saberemos quando relaxar e até descansar, do contrário, ficaremos sempre vulneráveis e passivos, diante das provações.

Deveis saber o que quer, deveis saber escolher as batalhar certas, para que não pereças em lutas desnecessárias.  As vitórias devem ser contempladas apenas por si mesmo e, se for o caso, por outros que se congratulam com teus feitos.  Pode parecer solitário mas, sabeis que aqueles que não partilham hoje, de tuas vitórias, dificilmente conseguirão grandes feitos.  

Entramos no “ringue” da vida, com o único objetivo de vencer porém, com o propósito de permanecer vivo e inteiro.  Sabemos que vez em quando podemos ouvir soar o gongo e poder relaxar (mas jamais desistir).  Se o foco for apenas lutar, vai parecer uma eternidade porém, se soubermos o que for preciso para vencer, a luta será breve e os resultados permanentes (se não eternos).

Se estás à sofrer em demasia, é porque se concentra apenas na dor.  Concentre-se em valer-se da dor, para descobrir a causa e a origem.  Orgulhe-se das cicatrizes, pois não encontrarás muitos que à suportam  como você e poderás ajudá-los da mesma forma.  O velho jargão, de carregar o mundo nas costas, já rendeu.

“A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, 
uma vez possuído”.  (Confúcio)


Professor Amadeu Epifânio
Psicanalista Cognitivo
   
               



domingo, 20 de outubro de 2019

ALGUMAS DECISÕES SÃO DIFÍCEIS...



 PORQUE MUITAS COISAS INTERFEREM. 



Tomar decisões não é tão simples quanto pensávamos, pois envolve uma série de condições que, no fim, poderá nos fazer sentir tanto aliviados, quanto apreensivos, à depender do resultado do que foi decidido.  Mas de onde vem nossa capacidade de tomar as melhores decisões ?  E porque outras pessoas não desenvolve as mesmas habilidades ?    A resposta para isso, é que as respostas já tem que estar dentro de nós, isto é, já devemos ter adquirido de alguma forma, em algum momento da vida.  Não é a resposta que é absorvida mas, informação e conhecimento, que poderão servir para resolver problemas e demandas futuras.  O problema é quando há muita informação e pouca organização. Nessas horas a palavra foco, tem que entrar em cena.

A formação que recebemos desde o nosso nascimento, as experiências que vivenciamos desde a formação uterina e a vida que levamos, quando absorvidas, são armazenadas, catalogadas e processadas por nosso inconsciente e, separadas como conhecimento e experiências emocionais (boas e ruins).  Esses dois tipos de acervo, são nossas “caixas pretas” (semelhantes à de aeronaves).  Elas também são herméticas e só podem ser abertas de três formas:  Por terapia (ou análise), por compulsão alcoólica e pelas drogas, através da dependência química.  Fora isso, dependendo do conteúdo aritmético e intensidade, apenas interfere (sem se exaurir) nas decisões.  É o que compromete a concentração.

O conhecimento irá compôr o acervo disponível inconsciente, à ser utilizado para atender demandas, responder perguntas e atenuar sensações que advém da caixa preta das experiências.  Seu conteúdo pode alterar nossa percepção, ajustando nossos conceitos para padrões mais rígidos ou flexíveis de julgamento e conduta.  Aqui, uma decisão pode já, não surtir o efeito esperado, sendo mais difícil reverter o desfecho.  Em outras palavras, a vida nem sempre permite rascunho, por isso pense bem, antes de decidir.  Com os jovens, isso é sempre mais difícil, porque eles ainda não estabeleceram um propósito, para uso do que aprendem.

Outro fator que pode alterar a forma de decidirmos, está no temperamento que, por ventura tenhamos no momento de decisão.  Por melhor que seja uma decisão, uma simples mudança no tom de voz, pode por tudo à perder e, termos de passar horas tentando convencer à outrem, que não houve a intenção maldosa nas palavras, expressadas com tanto ardor ou maledicência.  Já dizia um velho ditado que não se deve decidir nada, sob o calor da emoção.  A fase adolescente aqui, é predominante.

Vejam, decidir fazer, não fazer, parar, continuar, ferir, agredir ou matar, não são decisões autônomas, elas vem carregadas de influência, muitas vezes desde a nossa infância.  Se acaso andamos nos “explodindo” demais, está mais do que na hora de organizar e controlar suas emoções, com terapia e medicação apropriada.  Enquanto não fizermos isso, decidir será muito fácil porém, não com os resultados que esperamos.  Tome uma grande decisão e procure ajuda e curta melhor a vida.

Calma, ainda não acabou.  Outro fator que altera nossa decisão (e que já venho comentando aqui no Blog), é o medo e, o quanto ele pode nos escravizar.  Medos são sempre constituídos na infância, provocados de várias maneiras e, na maioria das vezes, gera complexos, porque se dá numa idade, em que a criança não consegue ainda, discernir ou processar a sensação resultante.  Quando isto ocorre, o inconsciente grava essa sensação de medo ou de pavor, para lembrar mais tarde, como quem diz:  “foi isso que te aconteceu lá atrás”.  Na verdade o que é lembrado é somente a sensação. Isso faz gerar confusão dos sentimentos.

Qualquer pessoa que perceba o quão difícil é, decidir sobre momentos simples, complicados ou inesperados, é porque de alguma forma, pode estar presa(o) ao passado que o assustou e que precisa (através de terapia) fazer ressurgir o momento, descobrir o que lhe gerou o medo e livrar-se dele, definitivamente.  Outra alternativa é a terapia cognitiva, em que ela irá tratar dos sintomas consequentes do medo, como insegurança, timidez, isolamento e até temperamentos arredios, como auto-defesa (ou distração), para que as pessoas próximas não percebam seu medo.  A terceira opção é medicação, que se bem prescrita, vai ajudar muito.

 Não bastasse tudo isso, ainda corremos o risco de não decidirmos, o que nos está sendo cobrado.  Não que não sejamos capazes mas, pelo simples fato de ainda não termos assimilado o conhecimento apropriado. Para que tenhamos sempre, as respostas mais apropriadas e racionais em cada momento de nossa vida, mesmo em momentos trágicos ou sob tensão, cada minuto de vida deve ser convertido em aprendizado e referência e sua experiência aproveitada em demandas futuras.  Isto porque em tudo, há um propósito que nos leva à uma chance de crescer.  Quanto mais tirarmos proveito da vida, maiores as chances de sermos felizes ou (como costumamos dizer), de aliviar nossa cruz.

Pra finalizar, cada decisão tomada pode estar embasada (mesmo que não saibamos) em uma série de condições, que pode afetar o resultado final, seja da forma que queremos ou que nem imaginávamos.  Humor, medo, temperamento impulsivo, percepções, julgamentos, são alguns dos fatores que mais influenciam nossas decisões.  Para nos certificar de tomar as decisões mais acertadas, lembrem-se:   A imagem que passamos é consequência do que somos.  Muitas vezes a forma com que decidimos, impressiona mais do que é decidido.  Quanto mais  aprendermos, não precisaremos tanto, “gritar”, pra convencer, mandar ou decidir.  Domínio sobre a situação (sempre) e não, o inverso.

Em tempo:  Este texto pode ser aplicado à pessoas com síndrome de Burnout.  Ou seja, Burnout não é doença, mas uma condição que faz comprometer o foco e nossas energias, em razão de uma série de condições, que afetam nossas decisões, mesmo as profissionais.

Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-Didata.