RUMO À SUA PRÓPRIA INDEPENDÊNCIA !
Olá para todos. Conforme prometido, estou trazendo à vocês, um novo artigo sobre este tema, com
uma proposta nova que é a de inserir o autista no nosso mundo, ao invés de
entrarmos no mundo dele para resgatá-lo e trazê-lo de volta. Autista não é muito diferente de uma criança
normal, credite. O que precisamos fazer
é ajudá-lo na facilitação do seu contato conosco.
O autista tem uma
dificuldade mais resistente (e um pouco persistente) dada ao fato de não ter
inserido ainda, o necessário para corresponder, como por exemplo, não ter
aprendido o que é copo nem água, para quando tiver sede, ter como pedir. Sua limitação, aparentemente persistente, se
transfere à nós, causando-nos a mesma sensação de impotência diante de tal
desafio.
A dificuldade de
fala não está centrado apenas no fato de ser autista, mas também na falta de
construção de palavras e de imagens, em sua mente. Antes de mais nada é fundamental (quando em
idade física adiantada) determinar a idade mental, em que o autista se encontra
no momento, pois isso ajudará na identificação de abordagens mais apropriada ao
seu momento específico.
Se a fala está
momentaneamente incapaz de se manifestar, devemos então usar outros órgãos de
percepção, como a visão e audição, para ajudar-nos como ferramentas de
comunicação. Tanto o autista quanto uma
criança normal, muitas vezes faz as necessidades sem prévio aviso, simplesmente porque
ainda não aprendeu à se expressar, porque ainda não aprendeu o significado de
banheiro, vaso, xixi e cocô e pedir quando tiver vontade.
O uso de imagens
ajuda crianças e pessoas com certas limitações, à identificar expressões
correspondentes aos seus desejos, bastando que apenas aponte para o desenho
específico ao seu desejo momentâneo.
Não apenas o autista mas também os pais ou os respectivos cuidadores,
podem fazer uso do mesmo recurso, quando para pedir ao autista que os atenda em
determinado desejo, não apenas apontando para o desenho como também proferindo
seu significado de forma clara e verbal. Através dessa técnica, estaremos ajudando o
autista na sua construção da linguagem.
Para facilitar, pode-se fazer uso de um mural de fotos, com fotos
(impressas em computador), mesmo em preto em branco, desde que, com boa
qualidade de impressão, para imediata identificação. Pode também usar celulares e tablet's para isso.
Não é recomendável
encher o mural dezenas de fotos, com diversas atividades, pois que assim,
ficará difícil para o autista, localizar o desenho que deseja e, quando o
fizer, poderá ser tarde demais rsrs. Um
acervo de fotos deverá constar o necessário e depois sim, à medida que ele for
compreendendo o uso das imagens, podemos pensar (não em ampliar), mas
substituir as imagens que já não são necessárias (por já estar pedindo pra
fazer ou fazendo sozinho), por outras novas imagens, como fotos de parentes e
suas casas, sinalizando que deseja visitá-lo.
Faço aqui uma sugestão que necessidades (que não o xixi) sejam abordados
com a denominação “banheiro” (como nós adultos costumamos fazer), para que ele
não grite em alta voz o seu desejo, em público. rsr
Fora o trabalho de
formação inicial de linguagem, existe as demais tarefas de aprendizado, com as
atividades que já devem estar sendo feitas, com brinquedos e brincadeiras
instrutivas. Como índice de avaliação
de desempenho e progresso, também sugiro a utilização de metas, com o propósito
de sabermos o quanto estamos avançando ou qual parte precisa ser mais
trabalhada. A implementação de rotina,
feita com ajuda dos acompanhantes ou mesmo parentes, é necessária como
instrumento de inserção na rotina da família, participando das mesmas tarefas,
como banho, refeição, assistir TV, arrumar a casa, etc.
O quesito Obediência, implica no cumprimento, tanto à rotina quanto às demais
atividades, estando nesta fase, mais apto ao aprendizado da linguagem e
memorização das imagens. Ao chegar na
fase da Autonomia, algumas das principais imagens já poderão ser retiradas do
mural, visto que já poderá estar manifestando verbalmente, seus desejos e
preferências, estando cada vez mais apto à obter sua própria autonomia (ainda que
parcial).
A fase de cooperação
compreende a participação à rotina, de forma mais voluntária e estar mais apto à
aprender coisas novas. À essa altura
espera-se que a frequência de crises já tenham diminuindo de forma considerável.
As crises são procedentes do
inconsciente e ocorrem por falta de uma formação que o faça manter-se no lado
consciente e inibir a ação do inconsciente.
Para isso, estou incluindo este quadro de atividades para cada idade mental do autista, em razão da sua idade física.
Para isso, estou incluindo este quadro de atividades para cada idade mental do autista, em razão da sua idade física.
É recomendável também que se evitem
brigas, discussões acaloradas e barulhos excessivos, até que o autista tenha
atingido o estágio de cooperação, quando já deverá saber lidar com alguns
níveis de barulho sem se assustar com os mesmos. Na fase de “independência”, o autista já
deverá estar mais preparado para a fase de alfabetização.
Quanto mais o
autista sentir-se apto à desenvolver tarefas de forma autônoma, mais ele
buscará fazê-lo de forma frequente, dando forte impulso para a fase de
independência. Durante todas as fases é
recomendável ter sempre um diálogo tranquilo e acolhedor (ao invés de gritos),
para que ele se sinta sempre seguro no ambiente (condição que o fará tornar-se
sempre, mais participativo em todas as tarefas que desempenhar). Submetê-lo à fortes pressões, pode fazer
sofrer um recesso ou retrocesso, voltando à se fechar novamente, como um
mecanismo de defesa. Mas nada do que já tenha aprendido, ficará perdido, sendo portanto, menos difícil, um possível reinício
(caso seja necessário).
O autista tem sim,
algumas limitações, mas apenas por falta de formação em sua mente, tal como uma
criança normal ou como nós. Se nos
sentimos incapazes de realizar uma tarefa, não é porque somos incompetentes,
mas porque não aprendemos o suficiente para executá-la. Lembrando que, sempre que nos sentirmos
incapazes de realizar uma tarefa ou resolver um problema, natural que haja
mudanças em nosso humor, tornando-nos mais ásperos ou rudes. Devemos respeitar o momento do autista,
quando sentir-se incapaz de realizar uma tarefa, devendo tranquilizá-lo e não
obrigá-lo à fazer, ao menos naquele momento.
Essa proposta sugere
que o próprio autista vá correspondendo e tornando-se mais livre á cada dia,
contribuindo para o progresso do seu próprio desenvolvimento. Não devemos cobrar do tempo, que as fases se
deem da noite pro dia, pois o que mais importa é resultado e progresso, até que
o autista vá conseguindo tornar-se cada vez mais autônomo, até sua
independência. Vale aqui lembrar uma
frase do grande Pensador Fiódor Dostoiévisk, em uma de suas céleres frases:
“Se queres vencer o
mundo inteiro, vence-te a ti mesmo.”
Esse é o nosso maior propósito para com o autista, isto é, ajudá-lo à
vencer à si próprio, sempre relevando suas limitações. Essa proposta não sugere o impossível nem oferece esperanças vazias ou impossíveis, pelo contrário, sugere resultados e progressos, apenas enriquecendo ainda mais o processo de formação do autista, especialmente na sua construção da linguagem.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista
Tudo que manifestamos, tanto verbalmente quanto comportamentalmente, está atribuído ao que o cérebro já absorveu, como informação e referência, para momentos oportunamente apropriados. Se uma criança autista não segura direito um lápis nem garfo ou colher, provavelmente não fui induzida à fazê-lo (como um bebê que não é induzido à dizer papai nem mamãe, esperando que (do nada) ele aprenda.
ResponderExcluirQuando uma criança não tem autismo, nós à ensinamos, tanto à segurar as coisas, quanto à dizer as primeiras palavras porém, quando a criança é autista, já alimentamos a ideia de que ela tem limitações e por isso, não manifestamos o interesse de ensinar, mas o de fazer tudo por ela. Lembre-se que quando damos às crianças, respostas prontas, elas pouco aprendem.